Sarney mostra força com permanência de Kátia Bogéa
Geddel Vieira Lima teria dito ao ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que, se fosse o caso, iria pedir a “cabeça” da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa ao presidente Michel Temer (PMDB).
Só que quem perdeu a queda de braço foi Geddel, que foi obrigado a pedir sua exoneração da Secretaria de Governo.
Em jogo também estava a força do ex-presidente José Sarney (PMDB). Ele é padrinho política de Kátia Bogéa.
Kátia não está no cargo por acaso ou nem caiu de paraquedas na cadeira de presidente do Iphan. Claro que envolveu uma articulação política onde José Sarney teve importante participação, já que ela ocupou o cargo de Superintendente do Iphan no Maranhão no período de 2003 a 2015 e sempre manteve excelente relação com a família Sarney.
O escândalo
O jornal Folha de S.Paulo revelou que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero prestou depoimento na Polícia Federal informando que o presidente Michel Temer o teria “enquadrado” para encontrar uma saída para as divergências com Geddel Vieira Lima, o que o presidente nega. Após pedir demissão na última sexta-feira (18), Calero deu entrevista alegando que foi pressionado por Geddel para liberar a construção de um edifício de alto padrão em Salvador. O empreendimento foi embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por estar localizado em área tombada como Patrimônio Cultural da União.
No centro do furacão a presidente do Iphan, Kátia Bógea, afilhada do ex-presidente José Sarney, que impediu o desejo de Geddel.
Em mensagem interna para servidores do Iphan, Kátia defendeu a decisão do órgão de barrar a construção do empreendimento La Vue, em Salvador. O Iphan está no centro de uma crise deflagrada na semana passada, quando o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero acusou o titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de pressioná-lo para contrariar parecer do órgão a respeito do prédio, onde tem um apartamento avaliado em R$ 2,5 milhões.
“O episódio que envolve a construção de edifício em altura impactando bens tombados não é o primeiro que se apresenta ao Iphan”, afirmou Bogéa, na mensagem. “Tampouco, não será a última vez que argumentos que, em nome da crise e da criação de empregos, serão utilizados para acobertar os reais interesses por trás de empreendimentos do tipo. Trata-se de, para tentar fragilizar a atuação do Iphan, mais uma vez, levantar a falsa e velha dicotomia entre ‘desenvolvimento’ e ‘preservação’.”
Usando a hashtag “#somostodosiphan”, a mensagem afirma que “no bairro da Barra [onde se localizará o La Vue], ao Iphan cabe preservar o forte e farol de Santo Antônio, o forte de Santa Maria, o conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Outeiro de Santo Antônio (que inclui o forte de São Diogo), além da própria Igreja de Santo Antônio”.
Com a permanência de Kátia no comando do Iphan, José Sarney mostra força junto ao presidente Michel Temer. Outra indicação de Sarney no governo do PMDB é o do seu filho, Sarney Filho, ministro de Meio Ambiente.
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