Sarney e Renan tentam evitar posse de Cunha Lima no Senado
O PMDB está montando uma trincheira no Senado para evitar a posse do paraibano Cássio Cunha Lima, do PSDB. Então governador da Paraíba, ele foi cassado no início de 2009 sob a acusação de ter usado a máquina pública na eleição estadual realizada três anos antes. Ficha suja, ele não pode assumir por causa da Lei da Ficha Limpa. Há duas semanas, porém, o Supremo Tribunal Federal lhe devolveu o mandato, por julgar que essa legislação não vigorou no pleito de 2010. Cunha Lima deveria tomar posse no lugar do peemedebista Wilson Santiago. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o líder do partido na Casa, Renan Calheiros (AL), o presidente da legenda, Valdir Raupp (RO), e o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RO), decidiram, porém, apelar para medidas protelatórias para manter Cunha Lima fora da casa. Não é uma reação ao tucano paraibano, mas uma defesa da hegemonia desse grupo no Senado. Se perder Santiago, o grupo de Sarney e Renan perderá também a maioria que tem na bancada do PMDB, pode deflagrar um processo de sucessão interna que comprometará a sucessão de Sarney por Renan em 2013.
Cássio promete reagir
A respeito de manobras políticas que possam vir a existir no Congresso para procrastinar ainda mais sua posse, Cássio Cunha Lima foi objetivo e explicou que em Brasília o embate a ser enfrentado é político e quanto a isso, ele garantiu que a bancada do PSDB e outras bancadas irão reagir. “Haverá uma reação à altura por parte do PSDB e outros partidos, caso haja algum tipo de manobra para permitir uma sobrevida de um mandato ilegítimo”, pontuou.
Cássio fez questão de lembrar que são quase nove meses que o ex-senador Wilson Santiago (PMDB-PB) exerce um mandato ilegítimo. “A Paraíba não outorgou esse mandato para ele, portanto não creio que ele ainda vá resistir, além do que já resistiu. Não quero crer que Wilson Santiago vá ficar tentando resistir, porque não tem mais para onde ir. A decisão é da Suprema Corte do Brasil”, ponderou. Cássio Cunha Lima assume a vaga do senador Wilson Santiago (PMDB-PB), terceiro mais votado nas eleições de outubro de 2010.
Santiago é o segundo vice-presidente do Senado e com sua saída haverá uma nova eleição para o cargo. Por conta de um acordo entre as bancadas no início da atual legislatura, em fevereiro, a vaga pertence ao PMDB, que deverá indicar o nome a ser votado pelo plenário.
Cunha Lima foi barrado inicialmente pela Lei da Ficha Limpa, que não tem validade para as eleições passadas, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal. Espera também assumir o mandato de senador, o ex-governador do Pará, Jader Barbalho (PMDB), e o ex-governador do Amapá, João Capiberibe (PSB). Ambos também tiveram problemas com a Lei da Ficha Limpa. O ex-governador do Tocantins, Gilberto Miranda, não assumirá o mandato porque seu caso difere do de Capiberibe e Barbalho. (Com informações de Felipe Patury na Época)
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