“São Luís precisa de prefeito experiente. Vou emprestar minha juventude”, diz Neto
Quando João Castelo foi governador do Maranhão, há trinta anos, Neto Evangelista ainda nem era nascido. Deputado estadual de primeiro mandato, o jovem parlamentar, de 24 anos, é o candidato a vice-prefeito na chapa de Castelo e tem surpreendido os meios políticos pela desenvoltura com que se movimenta desde a convenção que homologou a chapa.
Longe de se intimidar com as críticas sobre a falta de experiência, Neto Evangelista tem aproveitado, justamente, o apelo da juventude para atrair o eleitorado. E já surge como a grande novidade deste início de campanha. Bastou o seu nome ser homologado na chapa para atrair uma militância jovem aguerrida para as ruas. Nos atos públicos o candidato a vice se mostra muito à vontade e, em pouco tempo, já demonstrou estar em total sintonia com Castelo. Aos que estranharam a dobradinha, Neto Evangelista se revelou uma grata surpresa.
Sobre o papel de vice-prefeito ele é pragmático. “Não quero ser um vice de gabinete. Nós temos que contribuir para dar uma dinâmica ainda maior à administração municipal. Administrar uma cidade como São Luís prescinde de um gestor experiente como o prefeito João Castelo. A juventude que eu represento quer colaborar dessa forma com a gestão, conversando com a população. Para auxiliá-lo nessa gestão eu coloco a minha garra e juventude à disposição”, enfatiza.
Intimidade com a vida pública ele tem de sobra apesar da pouca idade. Filho do ex-deputado João Evangelista, já nasceu no meio de uma campanha. Era 1988, ano em que o pai se elegeria vereador de São Luís. Após consecutivos mandatos até chegar a presidência da Câmara Municipal, Evangelista, o pai, já deputado estadual, se tornaria presidente da Assembléia Legislativa, cargo no qual ocuparia, interinamente, o Governo do Estado. Neto, o filho, cresceu nesse meio, respirando política.
Ainda estudante de Direito, pensou em disputar o mandato de vereador nas eleições de 2008. “O nosso grupo político achou que era hora de eu me lançar candidato. Meu pai preferia que eu terminasse meus estudos e não concordou”, conta. Já acometido de um câncer que o tirou a vida em maio de 2010, João Evangelista preparava o filho para sucedê-lo na política. “O meu pai faleceu nos meus braços e da minha mãe. Naquele momento o meu mundo caiu. Deu vontade de largar tudo, de jogar tudo fora”. A promessa que havia feito ao pai, já debilitado pela doença, de concorrer mesmo na sua ausência o fez seguir em frente.
Eleito deputado estadual em 2010, Neto Evangelista diz que já entrou com o pé direito, ajudando a mudar a história da Assembléia nas eleições para a mesa diretora. O episódio que culminou com a eleição de Arnaldo Melo para presidente da Casa, teve como é de conhecimento geral, para a perplexidade de todos, a participação decisiva dos jovens deputados de primeiro mandato.
Em um ano e meio de exercício parlamentar, Neto Evangelista já figura entre os mais atuantes deputados da atual legislatura. Dentre as ações que desenvolve no parlamento, faz da luta de classe o seu foco principal. Partiu dele, por exemplo, a iniciativa de reunir, pela primeira vez em audiência pública, profissionais de fisioterapia e terapia ocupacional para discutir a categoria no Maranhão. O resultado pôde ser visto na prática. “O deputado Carlos Brandão (PSDB) já encaminhou ao Congresso Nacional, atendendo a solicitação dos profissionais da classe, um projeto de Lei para que os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais sejam incluídos no simples nacional. É gratificante ver que a coisa não ficou só no debate”, comemora.
Para Evangelista nada se compara, no entanto, como fato mais marcante do seu mandato, ao turbulento capítulo vivido pela Assembleia Legislativa durante a ocupação do prédio pelos policiais militares e bombeiros em greve. “Fiquei nove dias junto com a categoria, não para bater de frente, mas para buscar resolver o problema. Aquilo tudo era muito novo pra mim. O apoio de um grupo de parlamentares aos grevistas para solucionar o impasse, diante da intransigência da governadora que teimava em não dialogar, foi fundamental para que o movimento tivesse êxito”, avalia.
Pai de Maria Fernanda, cinco anos, e João Gabriel, um ano, Neto Evangelista é casado com Tayane Jorge, filha da prefeita Maura Jorge, de Lago da Pedra. Atleta de voleibol nos tempos de colegial, parece ter levado para o palanque a mesma energia com que partia para o ataque contra os adversários nas quadras. Para quem está estreando em uma nova modalidade, a de caça ao voto numa eleição majoritária, ele larga com uma boa vantagem, embalado pela empolgação da torcida. Confiante que ajudará o seu time a ganhar o jogo.
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