São Luís no roteiro internacional de turismo
Em entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno, o secretário Lula Fylho (Turismo) afirma que parceria entre Prefeitura e Embratur vai garantir divulgação da cidade no exterior
Do Jornal Pequeno
A Prefeitura deu um passo decisivo para transformar o destino São Luís em tração nacional com planos de internacionalização. Para isso, a Secretaria Municipal de Turismo (Setur) está desenvolvendo ações imediatas que devem surtir efeitos em curto prazo. Uma dessas medidas é a colocação de placas de sinalização em toda a cidade. Até novembro, a Prefeitura pretende concluir a colocação de 140 placas indicativas de atrações turísticas e vias de acesso. Esta semana a Secretaria de Turismo iniciou a distribuição de mapas indicativos. Serão 120 mil mapas de fácil manuseio que vão facilitar a vida do visitante. As duas ações estão previstas no Programa Avança São Luís, lançado pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior no início do mês de setembro.
Apostando na qualificação, o secretário Lula Fylho destaca cursos realizados em oito meses de governo. Durante este curto período foram qualificadas mil pessoas. A ideia é adotar o sistema móvel de qualificação percorrendo bairros da cidade. Ele também acredita que os investimentos do PAC Cidades Históricas vão transformar o Centro Histórico da cidade, tornando-o ainda mais fascinante para o visitante e o cidadão ludovicense.
Jornal Pequeno – Quais os investimentos imediatos que o turismo receberá como parte do programa Avança São Luís, lançado pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior no início do mês?
Lula Fylho – De imediato a Prefeitura vai colocar 140 placas de sinalização. Até o mês de novembro as placas estarão colocadas. Será privilegiado o Centro Histórico, mas toda a cidade vai receber placas. Esta é uma ação que deveria ter ocorrido desde 2008. As placas vão indicar tanto as atrações turísticas como também orientarão o cidadão sobre vias. Após isso, a Setur vai sinalizar a cidade, orientando o turista que está a pé, assim como o cidadão de São Luís. Até meados do próximo ano estarão colocadas 43 placas, direcionando o pedestre para igrejas, centros culturais, etc. Também serão colocadas 40 placas em monumentos e prédios históricos com textos informativos. Esta semana estamos concluindo o georreferenciamento de toda área. Também estamos distribuindo mapas de bolso nos postos de informação turística, hotéis e pontos de chegadas da cidade, com tiragem de 120 mil cópias. Ações como estas demonstram o compromisso do prefeito Edivaldo Holanda Júnior com a valorização do nosso Centro Histórico e consequentemente com o turismo em nossa cidade.
JP – Recentemente o senhor reuniu o trade local para apresentar uma pesquisa. O que revela essa pesquisa?
Lula Fylho – Um fato importante é que a gente nunca tinha o perfil do turista tabulado. Pela primeira vez nós temos informações oficiais com base em pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Turismo sobre qual o perfil do nosso turista. Isso vai servir de objeto para as universidades, dados para o próprio trade trabalhar suas ações, e a gente poder canalizar nossos investimentos para realmente atrair turistas para nossa cidade.
JP – Qual o traço mais forte desse perfil que a pesquisa aponta?
Lula Fylho – Praticamente nossos turistas são divididos iguais em gênero. Homens são 52% desse universo e 98% são brasileiros. Um dado interessante é que 36% têm nível superior e 34% têm nível médio. O que a gente constata em campo, com estes dados, é que os pais estão viajando com os filhos. Estamos recebendo famílias. A faixa etária: 51% até 40 anos e 37% de 41 a 50 anos. Ou seja, se somarmos quer dizer que 88% do nosso turista têm até 50 anos de idade que quer aproveitar a cidade, quer aproveitar as brincadeiras, festas e vida noturna. Outra coisa que é interessante ressaltar é que 86% dos turistas dizem, segundo a pesquisa, que pretendem voltar a São Luís. E como é que comprovamos esse interesse de retorno? Perguntamos ao turista se é a primeira visita dele à cidade e 76% respondem que não é a primeira vez que vem a São Luís. Temos então uma intenção de retorno similar ao retorno efetivo do turista. A cidade está tendo um ciclo natural de retorno apesar de todos os problemas.
JP – Que comparação que o senhor faz desse perfil com o das outras capitais do nordeste?
Lula Fylho – Dá para fazer algumas comparações com João Pessoa, Aracaju, por exemplo, que tem uma realidade turística muito parecida com a nossa. São cidades que ainda não investiram tanto no turismo como Recife e Fortaleza. Só que, não existe esse trabalho de tabulação que fizemos aqui. O trabalho é inédito no Nordeste. São Paulo faz isso. Para se ter uma ideia, poucas cidades no Brasil fazem isso. Estamos inseridos no rol de menos de cinco cidades brasileiras que têm esse perfil tabulado.
JP – O senhor falou em problemas. De que forma esse dados servirão para equacioná-los?
Lula Fylho – Primeiro, estamos mapeando ações que são de responsabilidade do poder público e mudanças que são necessárias que ocorram a partir da iniciativa privada. Exemplo: uma das reclamações que nós temos dos hoteis é de que a rede de wi-fi ou é fraca ou não funciona. Isso não depende do poder público. Mas, é bom que os hoteis estejam cientes para que façam investimentos nesse sentido e que não tenhamos reclamação do turista por causa de um ponto fácil de ser resolvido.
JP – Qual é a maior reclamação do turista?
Lula Fylho – Uma das grandes reclamações que temos é de atendimento, prestação de serviço. A gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, por meio da Secretaria de Turismo, alcançou a marca de mil qualificações até setembro deste ano. Só para entender a grandeza desse número. Comparando, nos quatro anos da gestão anterior foram 1.788 pessoas.
JP – Essa qualificação é permanente?
Lula Fylho – Essa qualificação é cíclica e contínua. Investimos em várias áreas, junto com o Ministério do Turismo, através do programa Pronatec estamos treinando recepcionistas, camareiros, garçons. Estamos fazendo um trabalho prático. Para o próximo ano investiremos na unidade móvel de qualificação. Esta é uma das ações que materializa o compromisso do prefeito Edivaldo em fazer a grande mudança que a cidade tanto precisa. Vamos para os bairros qualificar os moradores de São Luís. Uma das nossas constatações é que muitas pessoas têm interesse em fazer cursos, sabe que existem, mas não tem condições de se deslocarem. Isso pode parecer absurdo, mas é uma grande realidade do nosso estado. Essa unidade será levada para alguns bairros da cidade. Vamos levar os cursos para os bairros.
JP – A pesquisa da Setur aponta um número grande de turistas brasileiros. São Luís não está no roteiro do turismo internacional?
Lula Fylho – Ainda não somos. Para aumentar esse percentual, em parceria com a Embratur temos a garantia de R$ 2 milhões para no ano que vem fazer um trabalho de divulgação internacional. Vamos levar gastronomia, cultura e conhecimento sobre o destino. Além disso, vamos trazer para São Luís, jornalistas e operadores de turismo para conhecer os hotéis, a cidade, nossa infraestrutura de turismo.
JP – Fala-se muito na deterioração do patrimônio histórico de São Luís. A Setur tem algum projeto para o Centro da cidade?
Lula Fylho – Com certeza. O PAC Cidade históricas vai revitalizar muito a cidade. Os programas que temos na área da cultura vão tornar o centro uma área de teatro a céu aberto. Aí, posso destacar o Serenata Histórica. É um projeto que tem dez anos, aclamado e reconhecido. E, o Praia Grande cultural, um projeto novo que vamos lançar em outubro. Vai envolver apresentação de bumba boi no Desterro, ensaios de bandas de reggae. Uma quarta será da Serenata e a seguinte do Praia Grande Cultural. Toda semana teremos atrações no centro histórico.
JP – Que estratégia o senhor pretende adotar para elevar o índice de turistas na cidade?
Lula Fylho – Dificilmente uma ação do turismo tem efeito imediato. Com certeza, baseado nos números que temos hoje, os serviços feitos nos anos anteriores foram equivocados. Vou citar um: se investiu muito em participação em feiras para divulgar a cidade. Segundo pesquisa do Ministério de Turismo, 1,8% dos turistas estrangeiros vem para o Brasil a partir dessas feiras. Segundo pesquisa do Observatório de São Paulo, 5,7% dos turistas procuram destinos por causa de feiras. Não tenho esse indicador em relação a São Luís. Mas, se pegarmos esses dois parâmetros, teremos um número ínfimo de pessoas, buscando um destino por conta de feiras. Feiras são para operadoras de viagens. Quando na pesquisa perguntamos como as pessoas organizaram suas viagens, 86% dizem que foi por conta própria. Não temos um trabalho voltado para esse público alvo. É o pessoal que vai para a internet e compra passagem. É o turista de um modo geral.
JP – Que ações concretas nesse sentido a Setur vai implementar?
Lula Fylho – Queremos fazer operações voltadas para agentes de viagens, somadas as ações voltadas para o público alvo. Exemplo: estamos criando o intercâmbio gastronômico. Um programa onde a gente vai para restaurantes dentro da programação de divulgação no exterior para divulgar nossa gastronomia como produto turístico. Nesse restaurante divulgamos também os outros atrativos que temos. No exterior esse programa começa no ano que vem com a Embratur e no Brasil tem início em Belém, o segundo maior destino emissor do Maranhão, perde apenas para São Paulo. Quando formos a São Paulo, Rio e Minas vamos participar de eventos que tenham o público alvo, fazendo blitz em locais de grande movimentação, como shoppings, mercados e locais de grande concentração. Isso com personagens de nosso São João e ligados a nossa cultura com distribuição de material promocional.
JP – As parcerias com operadoras têm surtido efeito no turismo em São Luís?
Lula Fylho – Uma operadora que fizemos parceria este ano teve aumento de 420% a venda do pacote para o São João em São Luís. São dados oficiais fornecidos pela própria operadora. Vamos então reduzir drasticamente a participação em feiras e participar de maneira marcante de ações e capacitações de agentes de viagens, impactando o público consumidor direto.
JP – Se comenta que Barreirinhas retira o turista de São Luís…
Lula Fylho – Nosso trabalho de promoção internacional é junto com Barreirinhas e Alcântara. Justamente porque queremos que o turista fique mais aqui, principalmente em São Luís que é o portão de entrada. É importante que ele fique aqui durante dois ou três dias, vá a Barreirinhas e conheça Alcântara. Esse trabalho de turismo integrado é um dos pontos que vamos trabalhar.
JP – Há possibilidade de incluir São Luís na rota das emoções?
Lula Fylho – Rota das Emoções é um programa do Sebrae. Em reunião esta semana vamos sugerir que São Luís integre a Rota. Hoje o turista é estimulado a chegar a São Luís e ir para Barreirinhas. Agora dentro do roteiro, São Luís estará incluso. Essa é a ideia que estamos discutindo.
JP – A abertura de um aeroporto em Barreirinhas pode desviar esse roteiro?
Lula Fylho – Acho isso ótimo, porque reforça a aviação regional. Teremos mais turistas indo a Barreirinhas com possibilidade de vir a São Luís. Não vejo como desvio.
JP – Como o senhor avalia os voos charters?
Lula Fylho – São interessantes, mas são caros. Precisam de subsídio. Não é o momento do Estado ou município depreender recursos para esse subsídio que é em torno de US$ 300 mil por voo. Fazer um projeto de oito voos por semana estamos falando de US$ 2,4 milhões.
JP – Existe algum projeto de valorização da cidade pelos cidadãos por parte da Setur?
Lula Fylho – A gente só valoriza o que a gente conhece. Como o ludovicense conhece pouca sua história, estamos ampliando o foco do turismo educativo, saindo das escolas públicas onde está acontecendo este ano, para as escolas privadas, associação de moradores, etc. Queremos levar educação patrimonial e educação sobre nossa fundação, sobre nossa história para as crianças. Estamos criando um programa chamado Meu Patrimônio, Minha História. É um programa com visita guiada ao Centro Histórico para os pais fazerem com seus filhos. Para as famílias fazerem e conhecer um pouco da nossa cidade, um pouco da nossa cultura e assim podermos valorizar ainda mais São Luís.
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