Saída de Barbosa alivia tucano que teme ver Alckmin ‘candidato do Sarney’
A desistência de Joaquim Barbosa (PSB) de concorrer à Presidência, caso não seja revertida mais à frente, trouxe alívio a alas do tucanato preocupadas com a recente dança entre Geraldo Alckmin (PSDB) e o MDB do presidente Michel Temer.
Não que o namoro com o presidente mais tóxico da história, do ponto de vista de impopularidade, fosse acabar em casamento. Ele sempre foi visto como uma necessidade do momento, de manter portas abertas para a formação de alianças, em especial nos Estados.
Mas, como diz um auxiliar de Alckmin, o ex-governador paulista nunca desconsiderou totalmente uma aliança formal com o MDB e seus vastos recursos de Fundo Partidário e tempo de TV. O tucano é obcecado pela questão da visibilidade numa campanha curta como a deste ano.
O problema, de resto algo óbvio, era que alguns dos estrategistas em seu entorno viam o movimento como na verdade uma chance de transformar Alckmin no “candidato do Sarney”. É uma alusão ao pleito de 1989, quando a candidatura associada ao desastroso governo José Sarney (PMDB), a do deputado Ulysses Guimarães, fracassou apesar de toda a estrutura e capilaridade disponíveis.
Barbosa era o grande ponto de interrogação de uma campanha altamente dispersa neste momento. Segundo pesquisas qualitativas do PSB e de outros partidos, tinha potencial enormede galvanizar o desejo pela renovação na política aferido por todas as sondagens, e ao mesmo tempo agregar setores da política mais orgânica. Não é por acaso que Alckmin evitou alienar esse eleitorado ao lamentar a saída de Barbosa da disputa.
Mesmo que voltasse ao jogo como, por exemplo, vice de Marina Silva (Rede), a estrutura pífia da ex-ministra dificultaria e bastante suas pretensões. De resto, quem conhece Barbosa afirma que ele não tem inclinação para ser vice de ninguém.
Para alguns tucanos ouvidos, o balé entre Alckmin e Temer não deverá acabar de forma abrupta. Alguns auxiliares defendem que as portas fiquem abertas até junho ou julho, para viabilizar alianças estaduais que possam garantir palaque ao ex-governador.
Fica a dúvida, contudo, se a saída de Barbosa irá estimular o MDB a lançar Henrique Meirelles como candidato. Para a cúpula da campanha de Alckmin, o cenário seria interessante: o “candidato do Sarney” da vez iria ser o saco de pancadas pelas mazelas do governo federal, afastando as críticas que poderiam colar no ex-governador.
Afinal de contas, além de ter os seus próprios problemas de imagem, o PSDB apoiou o governo Temer até o ano passado e não tem, na área econômica, como se descolar de seus princípios. Aqui não importa o que é correto ou não no cálculo, mas o dano que a associação com Temer gera. Folha de SP
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