Roseana não está entendendo nada
Por: José Reinaldo
Primeiro, a governadora Roseana Sarney disse que estava muito cansada, dando a entender que era com a falta de resultados do seu próprio governo, já que ninguém reconhece o seu trabalho e só se referem a ela falando em oligarquia. Agora, ao dizer que não está entendendo nada de nada em novo desabafo, confessa um sentimento preocupante, expressando total confusão em sua própria gestão. Imaginem se um comandante de avião dissesse isso em pleno voo! Pânico…
Felizmente, não é o caso. Mas ela está muito lúcida ao fazer esse julgamento, pois, na realidade, quem não está entendendo nada é a população. Nesse ínterim, o clamor é grande: a grande maioria do povo maranhense diz que o maior problema que sente é a falta de oferta de saúde com qualidade a que possa ter acesso; afirmam ainda que precisam muito de água em suas casas e revelam grande preocupação com sua integridade física (quando afirmam que estão preocupados com a falta de segurança onde moram, ao ponto do ex-secretário de Segurança, o deputado Raimundo Cutrim, um dos mais competentes que ocuparam essa função, dizer-se horrorizado com o que está acontecendo e que “estamos a beira de uma guerra civil”) ou com a falta de emprego…
Enquanto isso, esse mesmo povo vê a governadora anunciar aquilo que parece ser a sua maior realização: uma avenida. E em seguida confundem-se ainda mais, pois ficam sabendo que aquilo lá na verdade uma “estrada estadual”, que, para sua incredulidade, ainda apresenta uma novidade: ao invés de ligar municípios, a estrada liga dois empreendimentos comerciais que interessam muito à família da governadora.
E a saúde, a água, a violência e o desemprego que ameaça a sua família? Nem uma palavra? Silêncio…
E a estupefação continua… O povo então fica sabendo que a rodovia tem apenas 7 quilômetros e vai custar 130 milhões de reais, ou seja, mais de 18 milhões e quinhentos mil reais por cada quilometro que for construído, isso sem computar os sempre presentes aditivos das obras do governo… No mínimo vai sair por R$ 20 milhões cada quilometro, cogitando-se cifras ‘baratas’.
Com efeito, fica bastante natural e oportuno que o povo tente imaginar que benefício essa rodovia lhe trará. Será que houve algum estudo do que vai acontecer no local em que a estrada se inicia, que é em frente ao Shopping Jaracati? Com o tráfego que atrairá para o local, os engarrafamentos no trânsito que isso vai gerar, tanto para quem acessa ou para quem sai da rodovia? Mas parece que ninguém estudou nada! Sim, porque é obvio que, se houvesse algum estudo sério dessa rodovia, ela não poderia começar ali, em frente ao shopping, mas sim unindo a Av. Amaral de Matos e a Ferreira Gullar, integrando-se ao sistema viário da capital e dando um mínimo de sentido a essa obra caríssima. E digo mais, talvez seja a mais cara da história do Maranhão, comparativamente a outras obras, essas sim muito importantes, como a ponte sobre o Rio Tocantins, em Imperatriz, feita no meu governo e no de Jackson Lago.
Porque foram escolher o manguezal para servir de suporte para a rodovia? E o manguezal, como área de preservação permanente definida pela legislação ambiental, não deveria ser poupado, tal o seu efeito benéfico para a natureza, permitindo a vida de tantas espécies da fauna e flora marinha e terrestre? Pois bem, aqui no Maranhão isso parece não comover órgãos ambientais tradicionalmente tão ciosos de suas importantes atribuições institucionais. Alguém viu esses estudos imprescindíveis e insubstituíveis sem o que nada pode ser feito? Há aqueles que desconfiam que tais estudos nem existem…
Não bastasse isso, essa avenida, como outras construídas em governos de Roseana Sarney, não tem grande importância na solução dos atuais problemas de tráfego da capital. É uma defeituosa solução pontual de efeito apenas localizado. O resto, como de costume, é apenas propaganda.
Mas causa espécie e assombro o custo altíssimo da obra, desproporcionais aos benefícios que possa deixar. Entretanto, espanta apenas a população, mas não ao governo de Roseana Sarney, onde obras que tais são comuns, como as infindáveis reformas e construções de hospitais, entre as quais se destaca a reforma do Hospital do Ipem.
Só para lembrar, em 2010 houve uma dispensa de licitação no valor de 40 milhões de reais para fazer a reforma do hospital, mas, como pouco foi feito com tanto dinheiro, nova dispensa de igual valor para o mesmo fim acaba de ser publicada. Logo, a reforma do hospital vai se aproximar dos R$ 100 milhões, um número digno do livro de recordes. Como é fácil fazer dispensa de licitação nesse governo… E a Comissão Permanente de Licitação, o que diz?
Como Roseana é a pessoa mais ausente de seu próprio governo, que só lhe cansa, vai ver que ela nem sabe…
Enquanto isso, as condições de vida da população estão muito piores por culpa exclusiva e responsabilidade direta do governo. Querem um exemplo? Como os hospitais de Caxias, Timon e Presidente Dutra tiveram seus repasses do governo estadual muito diminuídos no governo Roseana, a população desses municípios e dos municípios vizinhos, que antes eram atendidas ali, corre para os hospitais dos estados vizinhos. Ali, essa população também deixa de ser atendida, pois, por falta de pagamento por parte do estado do Maranhão (que foi cortado pelo governo), esses estados estão se recusando a atender maranhenses.
Na verdade, falta dinheiro para tudo que é importante para a população. Falta para o Hospital Aldenora Belo, para os restaurantes populares (que sem dúvidas voltarão a funcionar nas eleições do ano que vem), para pagar o pessoal contratado do governo, para água, para a polícia, etc., etc.
O comentário do momento é o de que o verdadeiro motivo da obsessão para construir a Rodovia ‘Shopping by Shopping’ ou Via Expressa é a compra frenética dos terrenos que a margeiam. Deve ser um laranjal só… Explica-se assim também a tentativa de legislar em seu entorno, tentando passar essa prerrogativa, que é da Prefeitura de São Luís para o estado, como se fosse uma rodovia estadual.
Acompanhem bem o que aconteceu na Av. dos Holandeses, onde hoje os terrenos valem ouro. Com uma montanha de dinheiro de lucros futuros ‘dando sopa’ – do nada – pois há dois meses esses terrenos nada valiam, como perder tempo com legislação da Prefeitura? Nem pensar, o futuro ninguém sabe, a oposição pode ganhar as eleições, não há tempo a perder.
Tudo a ver, é o Maranhão de sempre atuando como sempre, e a governadora não está entendendo nada…
O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.