Roseana é recebida com protesto em Açailândia
Com informações do blog do Wilton Lima
Cerca de 100 moradores do Bairro do Piquiá de Baixo, em Açailândia, realizaram na manhã de hoje (13) um protesto na presença da governadora Roseana Sarney, que na ocasião visitava a cidade.
Os manifestantes usaram mascaras contra poluição fazendo alusão ao transtorno que sofrem diariamente com a atividade siderúrgica no município. Eles entregaram a governadora um panfleto com as reivindicações da população.
Ao receber o panfleto das mãos do morador Willian Pereira de Melo, Roseana prometeu que irá resolver o problema.
Para o morador Wilian Pereira, apesar da palavra da governadora, ela acha que “pode ser mais uma promessa como tantas que já nos fizeram vindas do governo municipal, estadual, da Vale e das siderúrgicas”.
A população reivindica a saída das famílias do bairro Piquiá de Baixo, em Açailândia, para uma nova área por conta da poluição causada pelo pólo siderúrgico, composto por cinco empresas: Fergumar, Gusa Nordeste, Pindaré, Simasa e Viena, pertencentes à cadeia de produção do aço, que tem como fornecedora a mineradora Vale.
Doenças
Um estudo realizado no Bairro do Piquiá de Baixo (Açailândia) pela Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH), em parceria da organização Justiça Global e Justiça nos Trilhos aponta a alta prevalência de avaliações do estado de saúde como “ruim ou muito ruim”, pois em 76% dos domicílios visitados algum membro já havia sofrido alguma enfermidade aguda.
Os principais sintomas são problemas na garganta, tosse, fluxo nasal ou dor de ouvido, dificuldades para respirar e lacrimejamento dos olhos. Entre as enfermidades crônicas constatadas em 38% dos domicílios, 7,6%, sofrem de asma e 5,4%, de sinusite.
Para os pesquisadores, se comparado os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008 (PNAD), onde as doenças crônicas mais declaradas no Brasil foram hipertensão, doença de coluna ou costas, seguido de artrite e reumatismo, bronquite ou asma, depressão, doença do coração e diabetes, percebe-se um quadro um tanto distinto do encontrado no Piquiá de Baixo, onde doenças respiratórias foram o terceiro grupo de doenças crônicas mais freqüentes, reforçando os efeitos nefastos da poluição do ar, que acomete o bairro.
Veja a carta de reivindicação entregue a governadora:
– Depois de anos de luta, nossa nova terra e nosso futuro estão nas mãos de três juízes de São Luís. Um julgamento está por acontecer e decidirá se a terra fica para 50 vacas, cujos donos têm muitas outras terras, ou se fica para nós, que somos mais de 1.100 pessoas e não temos opção.
– Há 07 anos nossos 21 processos de indenização aguardam julgamento do Poder Judiciário! Por que os pobres têm sempre que esperar tanto?
– O Governo do Estado prometeu muito, enviou secretários de estado e até o vice-governador a nos visitar… Mas até hoje não se comprometeu formalmente a desembolsar nem 1 real sequer para nossas casas!
– A Prefeitura só desapropriou (finalmente!) um terreno para nós porque foi obrigada. Mas na hora de defender na justiça suas próprias atitudes, fica calada e ainda atrapalha o processo. De que lado está a Prefeitura?
– Há laudos e estudos internacionais que denunciam a gravíssima situação da saúde no Piquiá de Baixo. Mas a Prefeitura fechou o posto de saúde de nosso bairro há mais de um ano e nos fornece água somente poucas horas ao dia. Uma mulher morreu há pouco tempo de câncer no pulmão, e ninguém se preocupa com nossa saúde!
– As siderúrgicas continuam poluindo nosso ar, nossa água e solo. O barulho não nos deixa dormir. Nossos processos se bloqueiam pela burocracia e os recursos. Mas nem o Ministério Público nem os órgãos ambientais nunca mandaram parar um forno por respeito à nossa vida!
– A mineradora Vale fica observando tudo isso e se acha limpa. Mas foi ela que trouxe essas siderúrgicas pra cá e é ela que as alimenta de ferro e escoa sua produção. Se ela tivesse realmente interessada em uma solução, já teria exigido isso das siderúrgicas. Mas não: ela quer duplicar, construir um novo Carajás, passando por aqui. E nós nem aguentamos o primeiro!
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