Roseana e as mulheres de Pedrinhas
Passou despercebida – ou pelo menos teve baixíssima repercussão – um trecho da entrevista que a governadora Roseana Sarney concedeu, na quinta-feira, ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Foi quando ela falou sobre a denúncia de que esposas de presos eram estupradas por membros de gangues de Pedrinhas.
“Isso(estupro) não existiu em momento algum. Isso eu posso garantir a vocês. Quando existe estupro, existe vítima. E não tem nenhum caso. Procurei todas as ouvidorias e secretarias, o Ministério Público. Não foi em nenhum momento nenhum desses órgãos”.
A governadora Roseana parece não ter lido nada sobre os horrores de Pedrinhas. Informe-se a ela, então, que as mulheres eram violentadas e se qualquer reação houvesse seus maridos seriam mortos e quem sabe decapitados.
Existem estupros e existem vítimas, governadora. É o que atestam os que investigaram seriamente o inferno de Pedrinhas. Essas vítimas, contudo, jamais se apresentarão para expor suas feridas a um Estado que não garantirá a elas e a seus maridos nenhuma proteção.
A crueldade neste caso só aumenta quando a maior autoridade do estado nega o que houve, ao invés de assegurar condições para que as vítimas possam ter o amparo necessário para amenizar a dor de tamanha violência.
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