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Rodrigo Maia: ‘ACM Neto entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Planalto’

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia criticou o presidente do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto,  “um amigo de 20 anos”, de traição por não apoiar o nome de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pelo comando da Casa, vencida pelo  candidato governista Arthur Lira (PP-AL). “Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele no Senado (Rodrigo Pacheco/DEM-MG), ele entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”, afirma o parlamentar  em entrevista publicada no “Valor” desta segunda-feira.

Maia confirmou que irá pedir sua desfiliação do DEM ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)  “sem pressa ou briga”, porém, não adiantou para qual legenda deve migrar.  “Estarei num partido que será de oposição ao presidente Bolsonaro”, afirma.

PSDB, PSL e Cidadania já convidaram o parlamentar para integrar os seus quadros. Na noite deste domingo, Maia se reuniu com o governador de São Paulo, João Doria, em São Paulo. De acordo com o colunista Lauro Jardim, o tema do encontro  era a construção de uma grande aliança de olho nas eleições presidencias de 2022 e, claro,  o convite para Maia ingressar no partido.

Ao “Valor”, Maia disse ainda que o movimento conduzido por ACM Neto, de aproximar o DEM  do governo Bolsonaro, faz com que o partido volte para “extrema direita dos anos 1980”. Ele ainda criticou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, de trabalhar nos bastidores pela aproximação com os rivais durante o processo eleitoral na Câmara. “Foi um processo muito feio do Neto e do Caiado. Ficar contra é legítimo, falar uma coisa e fazer outra não. Falta caráter, né?”

Confira outros trechos da entrevista:

Retrocesso do DEM

“Trabalhamos a mudança de posicionamento do então PFL até virar DEM em 1995 para tirar a pecha do DNA originário da Arena e se transformar num partido de fato de centro, centro-direita no máximo. O grande problema é que o partido voltou ao que era na década de 1980, para antes da redemocratização. O DEM decidiu majoritariamente por um caminho, voltando a ser de direita ou extrema-direita, que é ser um aliado do Bolsonaro. O projeto do DEM acabou. O Luciano Huck estava 90% resolvido a se filiar ao DEM, se decidisse ser candidato”.

Traição de ACM Neto

“Não conversei mais com o Neto. Diferentemente do que ele imagina, na verdade o que o Bolsonaro conseguiu foi quebrar a nossa coluna, que era toda acordada, de que nunca estaríamos no governo Bolsonaro e nunca apoiaríamos o Bolsonaro. Isso eu ouvi do presidente ACM Neto centenas de vezes. A direita está no DNA dele, mas sem o talento do avô (Antônio Carlos Magalhães) e do tio (Luis Eduardo Magalhães), que nunca teriam feito o que ele fez.  Não podia imaginar que um amigo de 20 anos ia fazer um negócio desses.

Oposição a Bolsonaro

“Ainda não estou decidindo para qual partido eu vou. Apenas quero deixar claro para os que me acompanham e acompanharam meus quatro anos e sete meses à frente da Câmara que não sou um vendido, que tenho caráter. Estarei num partido que será de oposição ao presidente Bolsonaro. Vou pedir minha saída no TSE, não tenho dez anos. Não vou brigar com ninguém. Estou fazendo crítica política. Hoje posso dizer que sou oposição ao presidente Bolsonaro. Quando era presidente da Câmara, não podia dizer”. O Globo

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