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Roberto Rocha analisa o panorama político local e nacional

Senador Roberto Rocha (PSB)

Raimundo Borges, O Imparcial – Entre o fim do recesso parlamentar e o recomeço do ano eleitoral de 2016, com o Congresso e o ambiente político efervescente em Brasília, o senador Roberto Rocha (PSB) falou, com exclusividade, a O Imparcial. Ele analisa o quadro político estadual, fala do impeachment de Dilma Rousseff, sua posição em relação a isso, com Edivaldo Júnior, com Flávio Dino e sobre o fim ou não do Grupo Sarney. Sem papas na língua, Rocha crava esta frase: “Morto é quem pensa que um grupo que tem o poder político de Sarney se acabou”.

O Imparcial – Senador, já é fevereiro do ano eleitoral. Como está a posição de seu partido, o PSB, em relação à disputa da Prefeitura de São Luís?
Roberto Rocha – Tanto na capital e nas cidades maiores, a nossa disposição é de ter candidatura própria. Evidente que vai ter lugar onde, por uma convergência, por uma circunstância, você termina por fazer aliança. Afinal, isso é da natureza da política. Não é uma regra militar do partido, pela qual tem que ter candidatura própria em todas as capitais. Tudo vai depender da realidade no momento das convenções.

E o deputado Bira do Pindaré, tem alguma chance de ser o candidato do PSB em São Luís?
Não sei. Não tenho falado com ele sobre candidatura. Na verdade, muito poucas vezes ele falou comigo sobre candidatura. Não sei a disposição dele de ser. O que eu vejo é pela imprensa.

O senador, como senador, logico, é o principal nome no partido no Maranhão.
Em São Luís o PSB, desde antes, era dirigido por mim. Então, o partido aqui tem estrutura consolidada. Era a única capital do Nordeste que não tinha nenhum vereador do PSB. Em 2012, passou a ter, com a eleição de Roberto Rocha Júnior. E a gente quer ampliar a bancada na Câmara. O prazo de filiação mudou agora para abril, então, até lá, teremos uma boa bancada. Fizemos uma sede boa do municipal, fica ali na Beira-Mar, pra poder dar melhor condição de trabalho para o pessoal do partido.

A relação com o prefeito Edivaldo Júnior como está?
Excelente. Hoje (4/2) mesmo eu estava com ele de manhã, vendo obras. E sempre faço isso quando posso e ele também.

Mas não foi discutida qualquer possibilidade de parceria, ou uma aliança PSB/PDT?
Em verdade, eu tenho procurado me voltar apenas para a discussão de política pública. Eu sempre tenho dito que política tem hora para os políticos, mas também tem hora que é para o povo. Por isso, o maior tempo tem que ser destinado ao mandato. Então, tem o mandato e tem a campanha. Então, quanto mais tempo você adiar a campanha, melhor pro mandato e pro povo.

Mas estamos no ano de eleição. O senhor acha que essa discussão pode ir até quando?
Até a convenção. Não tem indefinição. É decisão partidária. O PSB tem uma relação muito boa com alguns partidos em São Luís. E a gente tem buscado discutir, debater, para poder, na medida do possível, decidir em conjunto, ter mais força na decisão e a decisão ajudar nas definições.

Agora em 2016, a relação do senhor com o governador Flávio Dino tem dado o que falar nas redes sociais, que anda bastante estremecida…
De forma alguma. Falo com ele quase todo dia. Ontem mesmo falei com ele. Política tem muito disso, mas a gente já tem maturidade e estrada suficiente, para ter essa vacina contra fofocas. São pessoas que não veem o interesse da população. Não é porque hoje eu sou senador da República, não é porque ele é governador do estado, que cada um tem que seguir o seu caminho independente do interesse do povo. A campanha é outra questão. Em verdade, nós temos uma relação de parceria, não é por causa dele ou por causa de mim, mas da população, com quem nós temos compromisso. Agora, eu acho o seguinte: nós temos um mandato de senador, um mandato longo, de oito anos. Quando terminar o mandato do Flávio e da Dilma, o meu estará no meio, correto? Então é normal, em qualquer canto, um senador, no meio do seu mandato, ser um potencial candidato. Isso aos olhos da classe política.

O senhor, então, alimenta essa expectativa?
Não. Estou dizendo que é normal essa leitura, por isso a especulação. Acontece que o Maranhão não é acostumado a isso, a essa normalidade, porque, de algum modo os senadores do Maranhão sempre foram eleitos com uma idade mais avançada e com uma tradição de sair do executivo para o Senado. Agora, no meu caso, eu sou da mesma idade do governador, de partido diferente, e nunca fui do executivo. Todo mundo sabe que o meu desejo é esse. Tenho me preparado pra bem servir meu estado também no executivo, um dia. Então, normal que esse tipo de intriga seja fácil de ser alimentada. Cabe a nós estarmos vacinados pra não permiti-la.

Até porque essa relação é fruto de uma ruptura política que ocorreu em 2014 e mudou muita coisa em relação à política do Maranhão. E o senhor está inserido nisso…
Como é o jogo democrático, como a gente enxerga esse jogo? O jogo é político-eleitoral. Ele não é eleitoral-político. Ele tem começo, meio e fim. O eleitoral é fruto do político. Eu tenho dito sempre que tem o tempo da política e tem o tempo da campanha. Via de regra, eleição você ganha no tempo da política. A campanha é só para colher o que você plantou no tempo da política.

O senhor como participante dessa mudança que aconteceu em 2014, com a eleição ao Flávio Dino, qual a sua visão em relação a ele, dentro das expectativas criadas?
Eu acho que está num primeiro momento do governo, vamos começar agora um segundo momento. O primeiro é sempre o momento de maior euforia, que é a lua-de-mel, que no caso do Maranhão ela dura muito mais do que em qualquer outro estado. A ruptura demorou muito pra acontecer, então óbvio que o que entra, o novo, tenha muito mais tempo de lua-de-mel. Então, passou esse período, que é o período de adaptação. Agora o governo tem a oportunidade de efetivamente fazer as mudanças, colher aquilo que ele plantou em 2015, corrigir rumo, quando necessário. Afinal ele foi eleito para ser governador e governar. E eu fui eleito para ser senador. Ele exerce influência no meu mandato com o mesmo tamanho que eu exerço influência no mandato dele. Ele é sócio do meu mandato na mesma dimensão em que eu sou sócio do mandato dele.

Mas aí tem as questões da política nacional que se chocam. A posição de Flávio em contra o impeachment de Dilma e a posição do senhor é outra. Ou não?
Não. Eu sou de um partido que tem sete senadores. O partido tem uma posição de independência em relação ao governo federal. Ou seja, um partido que não faz parte da base do governo, tanto é que não tem cargo, nem ministério nenhum, e também não faz parte da oposição. A bancada sempre está livre, tem posição de independência, então a gente decide de acordo com cada ponto. Em 80% dos casos a gente vota de acordo com o interesse do governo. Mas não por causa do governo, é porque é interesse público.

O senhor acha que o Impeachment passa agora, com o reinício do período legislativo?
Quem é o povo que a presidente Dilma representa? É o mesmo que eu represento e é o mesmo que o governador Flávio representa. Então, porque que a gente tem que, em relação ao povo, caminhar em caminhos opostos? Não tem sentido. A campanha é outra questão. Não é hora de campanha. A gente tem que saber descer do palanque. Eu estive com a presidente da República e conversei uma hora e meia com ela no Palácio do Planalto. E resolvemos muitas coisas do Maranhão que levei pra ela. E ela me agradeceu o apoio que eu estou dando. Então não há divergência em relação a esse ponto com Flávio Dino. Nenhuma divergência. E acho que, tendo essa postura, eu estou ajudando a governabilidade no Maranhão. Ajudando o Flávio Dino.

É verdade que o senhor estaria propenso a voltar para o PSDB?
As pessoas falam demais e não me perguntam, como você está fazendo. Eu saí do PSDB por ato de vontade, eu tinha 16 anos de história no PSDB. Em 2010 eu acho que estava maduro o projeto do partido ter candidato a governador. O PSDB já tinha apoiado Jackson Lago algumas vezes. Eu pessoalmente cheguei à beira do sacrifício político em favor da campanha dele em 2002. Então acho que 2010 era o momento do PSDB ter o seu candidato, porque tinha candidato para presidente, prefeito de São Luís, de Imperatriz, e o deputado mais votado da história do Maranhão, que era eu.

O senhor nasceu dentro da política, filho de governador, foi deputado estadual e deputado federal. Analisando o quadro, hoje, o senhor acha que o grupo Sarney ainda está vivo. Se morreu, acha que pode ressuscitar na eleição em 2018?
Morto é quem pensa que um grupo que tem o poder político do grupo Sarney se acabou. Quem pensa isso nunca nasceu. Eu estou dizendo que, em política, quando você pensa que alguém se acabou, você vai ver que não acabou, porque política no fundo do poço tem mola. Se não teve um upgrade, é porque não chegou no fundo do poço ainda. No que você muda, a política bota alguém no lugar, porque política não tem espaço vazio. Eu respeito muito os meus adversários. Eu acho que isso é um princípio da arte da guerra: se conhecer e conhecer os seus oponentes. E acho até, posso dizer, que o principal responsável pela derrota do grupo Sarney em 2014, não foi Flávio Dino e nem Roberto Rocha. Foi o tempo. Quando a mudança não se dá por ação de um ou de outrem, ela se dá por ação do tempo. O tempo fez com que eles descansassem na formação de novos quadros. Roseana, na prática, cansou, fadigou, de tantos mandatos de governador.

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