PT tem a maior perda de votos; tucanos e ‘nanicos’ crescem
A análise do resultado das urnas deste domingo (2) mostra que o PT, partido que governou o país por 13 anos seguidos, sofreu a pior derrota entre todas as legendas sob qualquer aspecto.
Em número de prefeituras, a queda fará o partido voltar praticamente 12 anos no tempo.
Em 2004, embalado pela vitória de Lula em 2002 e antes do escândalo do mensalão, o partido elegeu 411 prefeitos. O número continuou crescendo nas eleições seguintes, até os 644 do último pleito (a conta considera os prefeitos eleitos inclusive após votações suplementares ou novas eleições).
Agora, apenas 256 petistas foram eleitos, além dos sete que disputarão o segundo turno. Mesmo no melhor cenário, com todos eles vencendo, a queda em relação a 2012 será de 59%, a maior de todas as legendas.
O partido também foi o que teve a maior queda em número de votos para prefeito no primeiro turno. Seus candidatos receberam, ao todo, 6,8 milhões de votos, contra 17,2 milhões há quatro anos –queda de 60%.
Atingido em cheio pele Operação Lava Jato e diante das novas regras eleitorais, com campanha mais curta e sem doações de empresas, o partido lançou menos candidatos e sofreu para levantar fundos.
No vácuo do declínio petista, partidos de menor expressão, os chamados “nanicos”, avançaram. A pulverização beneficiou siglas como PHS e PTN, por exemplo, que elegeram mais prefeitos e ganharam mais votos.
Também ganharam prefeituras partidos novos como Solidariedade e Pros.
Entre os maiores, o PSDB foi o partido que mais cresceu. O número de prefeituras subiu das 701 conquistadas em 2012 para 793 agora. Considerando os 19 tucanos disputando segundo turno, o partido pode chegar a 812 administrações, o que significaria crescimento de 16%.
Em número de votos, os pessedebistas foram os mais votados. Cresceram 27%: de 12,9 milhões há quatro anos para 17,6 milhões agora.
RECEITA
Em termos práticos, o encolhimento do PT nas urnas também significa menos receita e população administrada por seus filiados.
Um cruzamento com dados de 4.817 cidades com informações na Secretaria do Tesouro Nacional e cuja eleição já está definida aponta uma queda de 84% no volume de receitas que serão geridas por prefeitos petistas –de R$ 84 bilhões para R$ 13,6 bilhões agora.
A estimativa é conservadora, pois os valores não foram atualizados pela inflação.
E, se em 2012 o partido conquistou influência direta sobre uma população de 38 milhões de habitantes, agora serão apenas 6 milhões, uma redução de 84%.
A conta considera apenas os prefeitos já eleitos. Mesmo no melhor cenário, com hipotéticas sete vitórias no segundo turno, o PT governará no máximo a 10,5 milhões de pessoas a partir do ano que vem, uma queda de 72% ante 2012.
Já o PSDB terá um salto de 168% no total de receitas administradas, além de ter influência sobre uma população de 37,5 milhões de pessoas, um aumento de 45% em relação à última eleição e o maior contingente entre todas as legendas. (Folha de SP)
RESUMO
Desgastado pela Operação Lava Jato e pelo impeachment de Dilma Rousseff, o Partido dos Trabalhadores (PT) perdeu mais da metade das prefeituras que tinha em 2012. São 374 cidades a menos que na última eleição, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Enquanto em 2012 os candidatos do partido venceram o pleito em 630 cidades, neste ano eles governarão apenas 256 cidades. Em 2008, o número também era bem maior que agora: 550.
É uma queda de 60% em comparação a 2012, quando o Partido dos Trabalhadores foi bem-sucedido em 638 candidaturas. Os despojos dividiram-se por uma miríade de siglas, sobretudo do campo conservador. Entre os principais partidos, o PSDB, o PSD, o PDT e o PCdoB tiveram um resultado superior ao das eleições passadas.
Com isso, de 3º maior partido em número de prefeitos em 2012, o PT caiu para a 10º colocação em 2016. O PMDB e o PSDB dominam o ranking, seguidos por PSD, PP, PSB, PDT, PR, DEM e PTB.
Número de prefeituras por partido em 2016
PMDB – 1.028
PSDB – 792
PSD – 538
PP – 494
PSB – 413
PDT – 334
PR – 295
DEM – 265
PTB – 262
PT – 256
Entre as capitais, o PT conquistou apenas uma, Rio Branco (AC), e foi para o segundo turno em outra: Recife (PE). Já o PSDB se elegeu em duas prefeituras (São Paulo e Teresina) e foi para o segundo turno em oito.
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