PT condiciona apoio a Flávio Dino se o PCdoB apoiar Lula, diz jornal
A Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (CEN) voltou a reafirmar que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – preso em abril por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – à Presidência da República é “prioridade absoluta”. Em reunião realizada na tarde deste sábado, 9, em Belo Horizonte, a cúpula do partido definiu estratégias para o pleito, entre elas, fazer uma coligação com o PSB, PCdoB e outros partidos que manifestem interesse em assumir o apoio ao petista.
A construção dessa aliança, segundo o partido, passa pela indicação do candidato a vice-presidente em acordo com as siglas aliadas. O PT também definiu que irá construir palanques estaduais com partidos de centro-esquerda (preferencialmente PSB, PCdoB e outros que apoiem o petista). A Comissão Executiva coordenará este processo, com apoio do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE).
O texto divulgado pelo partido sobre as táticas eleitorais diz que “o agravamento constante da crise política, econômica e social do país confirma o acerto do Partido dos Trabalhadores em sustentar, como prioridade absoluta, a candidatura do companheiro Lula à Presidência da República”. A nota diz ainda que manter o petista como candidato do partido “corresponde ao anseio da maioria do povo brasileiro”, plano adotado em resolução do Diretório Nacional em dezembro passado.
As outras estratégias, também definidas em dezembro, são fortalecer as bancadas do PT na Câmara dos Deputados, no Senado e reeleger governadores petistas.
PSB e PCdoB têm negociado, nas últimas semanas, uma aliança com pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. O objetivo é afastá-las dos pedetistas.
Entre os critérios para a sua tática eleitoral, o PT lista como ponto número 1: “Construir uma coligação nacional para apoiar a candidatura Lula com PSB, PCdoB e outros partidos que venham a assumir este apoio.” Por enquanto, o partido não tem o apoio de nenhuma sigla e corre o risco de, pela primeira vez em sua história, entrar isolado em uma eleição presidencial.
Segundo uma liderança petista, nas conversas com socialistas e comunistas, foi colocado que o eventual apoio se estenderia também ao candidato a presidente que Lula indicar, caso tenha confirmada a impugnação de sua candidatura por causa da Lei Ficha Limpa. Essa hipótese não poderia ser colocada no documento porque seria uma confissão de que o partido trabalha com um plano B, o que só é admitido reservadamente.
Depois da desistência do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa de concorrer, o PSB não possui candidato. Já o PCdoB mantém a pré-candidatura de Manuela d´Ávila.
O principal entrave do PT nas negociações tem sido a convicção por parte dos demais partidos de que Lula não conseguirá se manter como candidato até a disputa de outubro. O temor é fechar a coligação e depois ser obrigado a embarcar automaticamente num plano B.
Na resolução deste sábado, o PT também indica que caberá a um eventual aliado indicar o vice da chapa presidencial. O partido também deu ao PSB e ao PCdoB a prioridade na construção das alianças estaduais.
– A centralidade política da resolução aprovada é a aliança nacional com PSB e PCdB. E nos estados, eles nos apoiam onde nós governamos e nós os apoiamos onde eles governam – afirmou deputado José Guimarães (PT-CE), líder da oposição na Câmara.
Petistas tentam sinalizar ao PSB que se houver um apoio a Lula a pré-candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco pode ser retirada. O atual governador do estado, Paulo Câmara (PSB), trabalha para que a petista saia da disputa. Dentro desse grande acordo, por sua vez, o PSB retiraria a pré-candidatura de Márcio Lacerda ao governo de Minas, facilitando o caminho do petista Fernando Pimentel na disputa pela reeleição.
Há ainda uma tentativa de condicionar uma aliança com o governador do Maranhão, Flávio Dino, à adesão de seu partido, o PCdoB, à candidatura de Lula.
– Para acelerar as alianças nos estados, eles (PSB e PCdoB) precisam definir a sua estratégia nacional – afirmou o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS). (Veja e O Globo)
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