PT faz desagravo a Wellington Dias e critica ideia de dividir ministério para entregar a Fufuca
A cúpula do PT fez nesta segunda-feira, 28, um desagravo ao ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Em reunião do Diretório Nacional do partido, Wellington apresentou as diretrizes do novo programa Brasil Sem Fome e recebeu a solidariedade de deputados e senadores, que criticaram a ideia em discussão no Palácio do Planalto de dividir o ministério para entregar uma fatia ao Centrão.
Na tentativa de garantir governabilidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve finalizar em breve a reforma ministerial e avalia a possibilidade de criar a pasta da Ação Social para o deputado André Fufuca. Líder do PP, Fufuca é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do senador Ciro Nogueira (PI). Ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro e ferrenho adversário de Dias no Piauí, Ciro comanda o PP, critica Lula nas redes sociais, terá apadrinhados políticos no governo, mas diz não querer cargos na Esplanada.
A configuração traçada, até o momento, prevê deixar Dias no comando do Desenvolvimento Social com o Bolsa Família – marca registrada do PT – e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Nesse desenho, Fufuca ficaria com Ação Social, ministério turbinado por emendas parlamentares.
O plano que desagrada ao PT enche os olhos do Centrão, às vésperas de um ano de eleições municipais. Motivo: a nova pasta abrigaria as chamadas emendas de transferência especial, que vão diretamente para o caixa das prefeituras. O dispositivo foi batizado por técnicos do Orçamento de “emendas PIX” ou “cheque em branco” por causa da dificuldade em rastrear a finalidade da verba.
“Com tudo isso, é no mínimo estranho, no meio da reforma ministerial, que setores do Congresso avancem criando uma pauta-bomba”, disse o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), numa referência ao projeto do Centrão de ampliar as desonerações, com impacto de R$ 14 bilhões para os cofres públicos.
Na reunião desta segunda-feira, 28, Wellington Dias fez um balanço de sua gestão até hoje e disse que no governo Bolsonaro a fome aumentou nas grandes cidades. Ex-governador do Piauí, Dias acompanhará Lula na viagem ao Estado, na próxima quinta-feira, 31, para o lançamento nacional do programa Brasil Sem Fome. O presidente também apresentará as obras que serão realizadas ali pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Nós hipotecamos apoio e solidariedade ao Wellington”, afirmou o deputado Jilmar Tatto (SP), secretário de Comunicação do PT. “O PT não se recusa a contribuir com a governabilidade, mas o Desenvolvimento Social e a Saúde não são para negociar”, completou.
Na prática, dirigentes do PT não acham que Dias esteja tão bem assim no comando da pasta, mas não querem perder espaço na Esplanada. Além disso, já fizeram chegar a Lula a informação de que tirar ações do guarda-chuva do Desenvolvimento Social significa dar aos candidatos do Centrão, muitos deles com apoio evangélico, um poderoso trunfo para as eleições às prefeituras, em 2024.
Além de incorporar o PP de Lira ao governo, Lula já convidou o Republicanos para a equipe. O partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ficou conhecido como sendo um braço da Igreja Universal do Reino de Deus.
A tendência é que, na dança das cadeiras, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, seja deslocado para outra pasta, com o objetivo de ceder sua cadeira para a entrada do deputado Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE).
Até o momento, no entanto, o destino de França não está definido. Se ele for para Ciência e Tecnologia – uma das opções em estudo –, a ministra Luciana Santos (PC do B-SP) pode ser remanejada para Direitos Humanos. Nesse cenário, Silvio Almeida poderia ocupar um cargo no exterior. Um outro desenho prevê a criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa. Lira já disse que essa pasta não interessa ao PP, mas, se sair do papel, também é uma opção para Márcio França. (Estadão)
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