PSL negocia com MDB e Datena: ‘Vou ser candidato em 2022; só não sei a quê’
Ex-sigla do presidente Jair Bolsonaro, o PSL busca aproximação com o MDB para uma aliança de centro e convidou o apresentador José Luiz Datena para ser candidato ao Planalto em 2022. Ao GLOBO, o apresentador disse que seu foco é concorrer ao Senado, mas que está aberto a ser candidato à Presidência da República no ano que vem.
Datena afirmou que vai avaliar o cenário se aparecer “bem posicionado” nas pesquisas de intenção de voto até fevereiro de 2022. Caso contrário, cogita uma vaga no parlamento ou até mesmo disputar o governo de São Paulo.
— Meu foco é o Senado. Mas se eles acharem que posso ser candidato a presidente, se houver possibilidade científica, baseada em pesquisa, até posso ser. Se não tiver viabilidade de disputar, não vou me meter a besta de concorrer contra quem está muito mais forte do que eu. Que eu vou ser candidato, vou ser, só não sei a quê — afirmou Datena.
O apresentador disse que ainda não se filiou ao PSL, mas afirmou que “está tudo encaminhado”. O PSL pode ser o sexto partido a que Datena se filia, e o quinto desde 2015. De 1992 até então ele integrava os quadros do PT. Depois, passou por PP, PRP, DEM e MDB. Ele ameaçou disputar as últimas três eleições, mas recuou em todas elas para continuar à frente do programa Brasil Urgente, da Band TV.
Questionado sobre as recentes desistências de última hora, ele declarou que desta vez encontrou um ambiente mais propício ao seu projeto, mas que ainda vai conversar com a cúpula da emissora para notificá-la da decisão.
O plano foi tratado num jantar realizado na noite da última segunda-feira, do qual participaram Luciano Bivar (PSL), Baleia Rossi (MDB), Aguinaldo Ribeiro (PP), Rodrigo Maia (sem partido) e o próprio Datena.
Uma eventual nova desistência do projeto político de Datena é considerada no PSL, mas o partido avalia que só saberá das chances do apresentador nas eleições se institutos de pesquisa eleitoral passarem a incluí-lo em seus levantamentos. A cúpula da sigla tem rodado pesquisas próprias para medir o apoio à essa eventual candidatura.
O presidente do MDB, por sua vez, deixou a questão em aberto:
— Tenho boa relação com o Bivar. Acho importante que o PSL esteja conosco nas conversas com os demais partidos de centro. Mas ainda não há nada concreto sobre nomes. O que existe, por ora, é que tanto PSL quanto MDB podem apresentar nomes para disputar a presidência — disse Rossi.
A capilaridade do MDB, legenda com maior número de prefeituras no Brasil (784 eleitas em 2020), interessa ao PSL. A legenda de Bivar, por sua vez, é dona do segundo maior fundo eleitoral, de R$ 200 milhões, perdendo apenas para o PT.
O deputado federal Alceu Moreira, presidente da Fundação Ulysses, ligada ao MDB, e Marcos Cintra, presidente da Fundação Indigo, do PSL, trabalham num documento conjunto para os dois partidos, que deverá servir de alicerce para o programa de governo de uma possível candidatura presidencial.
— Vamos discutir esse projeto comum com candidato, que pode ser o Datena. O objetivo é aglutinar mais pessoas a esse projeto. A gente vai fazer contatos assim que o PSDB definir a vida deles. E tem o DEM também — disse Bivar.
Apesar disso, PSDB e DEM devem estar em outro projeto para 2022. Os tucanos planejam lançar uma candidatura própria. Atualmente, os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do senador Tasso Jereissati (CE), disputam votos no processo interno de prévias. O resultado deverá ser conhecido em novembro.
Se disputar o Planalto ou o Senado por São Paulo, Datena deve ter o MBL como cabo eleitoral. O PSL filiou na semana passada um dos principais nomes do grupo, o vereador Rubinho Nunes, recém-expulso do Patriota por críticas à chegada de Flávio Bolsonaro, e pretende atrair o restante dos membros.
Deputado estadual também pelo Patriota e candidato à prefeitura de São Paulo em 2020, Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, está nos planos do PSL para o governo de São Paulo. Nunes se encontrou na última semana com presidente estadual da legenda, Júnior Bozzella.
— O MBL está trabalhando por uma terceira via qualificada. Hoje os principais nomes são (João) Amoêdo e (Danilo) Gentili. Infelizmente, o Amoêdo teve a candidatura sabotada por quadros bolsonaristas do Partido Novo. Vejo a candidatura do Datena como robusta e com condições de derrubar Lula e Bolsonaro — declarou Nunes. O Globo
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