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Prefiro que as urnas julguem Lula, a não ser que achem ‘batom na cueca’


Prefiro que Luiz Inácio Lula da Silva seja julgado pelos eleitores, no pleito presidencial de 2018, do que impedido de concorrer por uma decisão judicial.

A menos, óbvio, que as investigações sobre o ex-presidente cheguem a um “batom na cueca”, caso em que merece ser condenado e preso.

Explico minha preferência, por partes. O que está comprovado até agora no que diz respeito a Lula:

1- Que a Petrobras foi o epicentro de um gigantesco esquema de corrupção, durante o governo Lula (e também com Dilma Rousseff).

As provas, nesse capítulo, são caudalosas, inclusive e principalmente a confissão de ex-diretores e devolução de dinheiro. Ninguém devolve dinheiro auferido legalmente.

Se Lula participou do esquema de corrupção, não sei. Mas chefe que deixa roubar é sempre culpado.

Que Lula sabia da corrupção, prova o fato, confessado por ele próprio, de que cobrou Renato Duque sobre o esquema montado na empresa estatal.

2- Que o PT “se lambuzou” com a corrupção é também fora de dúvida. A expressão “lambuzou-se” não é do juiz Moro, mas de Jaques Wagner, um dos principais cardeais petistas.

Lula, como principal liderança do partido, pode até ser inocente de tudo, mas, mesmo que o seja, demonstrou não controlar o apetite voraz de seus companheiros.

Ou é conivente ou omisso.

3- Que há uma escandalosa promiscuidade entre Lula e a Odebrecht e a OAS, entre outras construtoras.

Lula se transformou em caixeiro viajante a serviço da Odebrecht, uma empresa que confessa ter adotado “práticas impróprias”.

Só Lula não sabia dessas práticas? O ex-presidente, no cargo ou depois de deixá-lo, nunca escondeu que “vendia” empresas, produtos e serviços brasileiros em outros países, entre eles principalmente a Odebrecht.

Ou, posto de outro modo, a corrupção transformou-se, com Lula, em produto de exportação, de que dá prova, entre tantos outros fatos, o pedido da Procuradoria do Peru para que seja preso o ex-presidente Ollanta Humala, justamente pelo envolvimento com a construtora.

É escandalosa a familiaridade com que Lula se referia, no depoimento a Moro, ao “Leo”, que vem a ser Leo Pinheiro, presidente da OAS, que se deu ao trabalho de sair do seu escritório para servir como corretor para vender (ou doar) um apartamento a Lula.

Essa gestão também está comprovada e, mesmo que não haja ilegalidade, é moralmente inaceitável quando todos o mundo sabe que empresas como a OAS (e a Odebrecht) dependem de negócios com o poder público.

O elenco de detalhes desabonadores para o ex-presidente poderia estender-se, mas já basta para voltar ao início deste texto: o ideal seria que o eleitorado decidisse se são suficientes para não votar em Lula ou se a maioria não se incomoda com eles. Diria muito sobre o Brasil.

O afastamento pela Justiça, e não pelo voto, faria de Lula uma vítima aos olhos de 1/3, mais ou menos, do público. Em um país normal, não seria tão catastrófico. Mas, no terremoto em que o Brasil está envolvido, seria mais uma complicação.  (Folha de SP)

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