Por que só Uirauchene Alves não aceitou os acordos do Governo?
Do blog do Raimundo Garrone – Após quase duas semanas de protestos, o líder empresário indígena Uirauchene Alves mantém sua comunidade acorrentada, agora na Assembleia Legislativa. Desde a semana passada o Governo vem dialogando com representantes do movimento sobre o pagamento de convênios atrasados referentes ao transporte escolar indígena dos anos de 2013 e 2014.
Logo nas primeiras reuniões, os líderes Libiana Pompeu, da aldeia Mainumy de Barra do Corda, e Júnior Guajajara, chegaram a um acordo sobre o calendário de pagamentos apresentado pelo secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry. Após o encontro, ocorrido na sexta-feira passada (3), que selou a decisão, ambos os líderes recuaram da manifestação e voltaram para suas comunidades.
O único que não aceitou as condições apresentadas pelo Governo foi Uirauchene Alves, justamente o empresário que somou os maiores valores do transporte escolar indígena em 2014, com contratos que juntos totalizam R$ 4.651.200,00. Mesmo já tendo recebido do Governo Flávio Dino R$ 930.080,00, de um total de R$ 1.395.360,00 de atrasados, o representante da empresa Fabíola S. Carvalho continua o protesto com os indígenas.
Com o calendário de pagamento previsto para que os débitos sejam quitados até o dia 24 deste mês, Uirachene exige que o Governo antecipe o pagamento de duas parcelas que ainda tem para receber do calote deixado pela ex-governadora Roseana Sarney, nos valores de R$ 255.960,00 e 226.260,00, e usa a bandeira da melhoria da qualidade da educação indígena para continuar a chamar a atenção da mídia e da oposição.
A proximidade com os deputados sarneysistas levantou ainda mais suspeitas sobre a verdadeira intenção de Uirauchene com os protestos. Sousa Neto é visto constantemente conversando ao pé do ouvido com o empresário na Assembleia Legislativa, e chegou até a discursar para os índios afirmando que eles podem confiar que o líder irá resolver todas as situações. Já Adriano Sarney foi flagrado entregando comida, água e refrigerante para os indígenas acampados na Praça Pedro II.
O que era para ser uma manifestação pelos desmandos de décadas das condições de vida dos indígenas, foi usado para tentar beneficiar empresários do transporte escolar e transformado em uma arma para atingir o governador Flávio Dino. As ações do atual Governo foram apresentadas inúmeras vezes, inclusive com a assinatura de um termo de compromisso na última quinta-feira (9), após reunião com várias entidades, entre elas FUNAI, OAB, Ministério Público Federal e deputados estaduais.
Após quase 10 dias de negociações, a assembleia realizada por todos os órgãos competentes sobre a melhoria da qualidade de vida dos indígenas selou a paz e ratificou o total apoio do Governo à causa. Os índios saíram satisfeitos e afirmaram que voltarão para suas aldeias certos de um futuro melhor. Resta saber se os interesses de Uirauchene Alves ainda serão predominantes em relação a de toda a população indígena.
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