Segundo Gilmar Mendes, o Brasil deve muito a Sarney
Em meio às críticas à atuação do Ministério Público, em um voto de tom de voz exaltado, o ministro Gilmar Mendes criticou, por exemplo, o pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente José Sarney, por obstrução de justiça. “Se o espírito santo não nos ajuda a preservar o senso de justiça, rezemos para que nos preserve o senso do ridículo”, afirmou.
Gilmar citou a delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que levou ao pedido de prisão de Sarney, “a quem esse país tanto deve, inclusive pela transição democrática perfeita que logrou fazer”.
Para o ministro, pedir a prisão preventiva de Sarney por obstrução de justiça é “cara-durismo”. “Foi isso que fizeram com o velho presidente a quem esse país tanto deve…”, asseverou Gilmar Mendes.
“A verdade dos fatos é que há uma ameaça abusiva que vilipendia a dignidade da Corte”, alfinetou, ainda, Gilmar. Ele afirmou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi indicado a partir de mediação política. “Poucos nesse plenário podem dizer que não fizeram peregrinação política para serem indicados”, disse.
Vale lembrar que em 2011, o então presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB), mandou arquivar o pedido de impeachment do hoje presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes.
ACUSAÇÕES CONTRA SARNEY
Em uma investigação que apura o pagamento de propina em obras da ferrovia Norte-Sul, o ex-presidente José Sarney é apontado por delatores da Odebrecht como beneficiário de repasses que somam quase R$ 800 mil, no que foi identificado até o momento na ‘Planilha da Propina’ da empreiteira. De acordo com o ex-executivo Pedro Carneiro Leão Neto, os pagamentos eram feitos a Ulisses Assad, então diretor da Valec, que se referia ao político do Maranhão como ‘o Grande Chefe’ e ‘Bigode’ para solicitar a propina na obra.
“Era claro, em minha percepção, que os valores ilícitos eram destinados a José Sarney ou a quem ele viesse a indicar, sendo que Ulisses nunca especificou se e como a vantagem indevida era compartilhada entre os beneficiários”, disse Pedro Carneiro Leão. De acordo com os delatores, pessoas ligadas a Sarney receberam entre 2008 e 2009 cerca de 1% sobre o contrato das obras da ferrovia tocadas pela construtora.
José Sarney é citado também – 49 vezes – na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. O delator diz ter direcionado propina de R$ 18,5 milhões a Sarney nos anos em que chefiou a estatal (2003-2014). Segundo Machado, Sarney recebeu R$ 16 milhões em dinheiro vivo proveniente da Transpetro.
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