A perda de força de Sarney com Temer; sobrou para Gastão
A exoneração de Gastão Vieira da presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) – perdeu o lugar para Silvio de Sousa Pinheiro, da Bahia, indicação do prefeito de Salvador ACM Neto – sinaliza que a relação do ex-senador José Sarney com o presidente Michel Temer não é das melhores.
Em entrevista ao programa ‘Ponto e Vírgula’, da rádio Difusora FM, Gastão Vieira (PROS), aliado de muitos anos da família Sarney, disse que foi pego de surpresa com a decisão de Temer de demiti-lo. É que apesar das investidas para derrubá-lo, Gastão recebeu a garantia de José Sarney de que continuaria no cargo. O deputado federal Hildo Rocha, homem de recados do grupo Sarney, chegou a conversar com Gastão dando-lhe certeza de que continuaria no comando do FNDE.
No FNDE, Gastão Vieira chegou a prestar favores à família Sarney. Antes, o órgão reprovou parcialmente as contas do Projovem Urbano no exercício de 2010, durante o Governo Roseana Sarney, responsabilizando-a pelo prejuízo aos cofres públicos de mais de meio milhão de reais (R$ 559 mil), por pagamentos superiores ao devido e ausência de comprovação das despesas, conforme autoria realizada em 2013. Para se defender, Roseana alegou que o Termo de Adesão ao programa foi assinado em 2010 pelo então vice-governador João Alberto, e por isso seria ele o responsável pelo ressarcimento ao erário. Inicialmente, o FNDE não acatou a defesa da ex-governadora.
Mas, em um surpreendente reexame, o FNDE, então presidido por Gastão Vieira por obra, graça e indicação do ex-senador José Sarney, acabou voltando atrás e aceitou a tese da defesa da ex-governadora, mantendo apenas o ex-vice-governador João Alberto e os ex-secretários, como responsáveis pelos recursos desviados. A informação foi publicada pelo blog do jornalista Raimundo Garrone.
Com os favores prestados ao clã, Gastão Vieira, que na entrevista à Difusora fez duras críticas ao governo Flávio Dino, contava com a proteção de José Sarney para continuar no FNDE. Só não esperava o distanciamento de Temer e Sarney. Entre os vários motivos, como a falta de cargos e espaços importantes no governo Michel Temer, José Sarney reclama do degaste de Sarney Filho no ministério do Meio Ambiente. Sarney entende que Temer não tem dado o apoio necessário ao filho, que pode cair a qualquer momento, diante das críticas e da forte oposição que vem recebendo.
Magoado, o oligarca maranhense chegou a declarar recentemente que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso poderia assumir a Presidência da República numa eleição indireta, decidida no Congresso Nacional. Ressentido com a falta de prestígio na gestão Temer e, claro, pensando na frente, já que a administração do PMDB está em ruínas, Sarney se aproxima do PSDB, tendo em vista a ótima relação que desfruta com FHC (Roseana e o pai fizeram campanha para Fernando Henrique no Maranhão nas sua eleição presidencial). Não é à toa, dizem, que Sarney votou em Aécio para presidente. Da mesma forma como previu a queda de Dilma, Sarney acha que assim será com Temer.
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