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Pedofilia, orçamento secreto e Moro ao lado de Bolsonaro: o debate da Band em nove destaques

O debate realizado pela Band neste domingo teve o confronto direto entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio (PT), candidatos à presidência da República. O enfrentamento à Covid-19 dominou o primeiro bloco e foi motivo de troca de farpas entre os dois. Acusado de ser “o pai” do orçamento secreto, Bolsonaro jogou a responsabilidade sobre o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB). Os dois também protagonizaram um duelo pelo voto dos eleitores nordestinos.

Bolsonaro chegou a se defender das acusações que recebeu na última semana, após ter dito que “houve um clima” com adolescentes venezuelanas. Os candidatos concordaram, no entanto, ao dizerem que são contrários ao aumento do número de ministros do Supremo Tribunal federal (STF). A presença do ex-ministro Sérgio Moro ao lado de Bolsonaro também foi um dos temas mais comentados nas redes sociais.

Bolsonaro fala sobre pedofilia e elogia Moraes

Bolsonaro enalteceu decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, que determinou a remoção de vídeos da campanha de Lula que reproduziram fala do chefe do Executivo sobre venezuelanas, para afirmar que não dissemina fake news e rebater as acusações de pedofilia. Bolsonaro destacou trechos da decisão que afirmam que as postagens se “descolam da realidade por meio de inverdades” e que as falas estavam “descontextualizadas”.

— O seu programa, influenciado por Gleisi Hoffmann, me acusou de pedofilia, tentando me atingir no que eu tenho de mais sagrado: defesa da família brasileira, defesa das crianças. Ato contínuo, o que aconteceu no dia de hoje, o senhor Alexandre de Moraes dá uma sentença contrária a essas fake news, a essas mentiras — afirmou o presidente.

Bolsonaro afirmou durante uma entrevista ao canal do YouTube Paparazzo Rubro-Negro, na sexta-feira, que, durante um passeio de moto pela comunidade de São Sebastião, em Brasília, avistou meninas de 14 e 15 anos e que “pintou um clima”. Disse ainda que elas eram bonitas e estavam bem arrumadas. De acordo com o presidente, na sequência, ele foi à casa delas para ver em que condições viviam.

Moro com Bolsonaro

Bolsonaro e Sérgio Moro no debate — Foto: AFP

Senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro (União), compôs a comitiva que orientou Bolsonaro no debate. Foi a primeira aparição dos dois juntos após romperem em 2020. Recentemente, Moro declarou voto ao antigo aliado. Ele foi ministro da Justiça no atual governo, mas se desligou do cargo após afirmar que o presidente queria interferir na Polícia Federal.

Moro esteve ao lado do grupo que passou orientações ao presidente nos intervalos e se posicionou ao seu lado enquanto o presidente concedia entrevista, após o término do programa.

Enfrentamento à Covid-19

Lula partiu para cima de Bolsonaro criticando sua condução como presidente na pandemia da Covid-19. Ele afirmou que o atual presidente foi negligente e debochou da doença.

— O senhor atrasou a vacina. Sua negligência fez 600 mil pessoas morrerem quando mais da metade podiam ter sido salvas. O senhor debochou, riu, disse que quem tomasse vacina virava jacaré, homossexual, deixou as pessoas morrerem afogadas sem oxigênio em Manaus. Não tem na história do mundo quem brincou com pandemia e a morte como você — disse Lula.

Em resposta, Bolsonaro disse que o “fique em casa” na pandemia “fez explodir o preço dos combustíveis no mundo todo, e que foi obrigação do governo buscar alternativas”. Ele citou que o Congresso votou e ele sancionou a redução do teto do ICMS para 17% no máximo.

Composição do Supremo

Lula se colocou contra o aumento do número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e lembrou que isso aconteceu durante o regime militar. Em resposta, Bolsonaro acusou o PT de já ter trazido essa ideia no passado e se comprometeu em não sugerir um aumento do número de ministros do Supremo.

Orçamento secreto

O chamado orçamento secreto foi alvo de controvérsia entre Bolsonaro e Lula. Ao falar sobre o tema no programa, Bolsonaro afirmou que petistas também se beneficiaram deste tipo de recurso. Ele acusou o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB), de ser “o pai” do orçamento secreto — Maia fiz um vídeo negando.

— Falam que comprei o Legislativo, mas eu vetei. Se eu comprei, eu tenho voto. [Mas] tenho aqui uma lista de 13 deputados do PT que receberam recurso do tal Orçamento Secreto. Eu não tenho nada a ver com isso. Primeiro, que tenho caráter. Esse Orçamento foi criado por Rodrigo Maia, uma pessoa que queria tirar tirar poder de mim. Eu jamais daria dinheiro para essa turma toda aqui, se não estivesse votando comigo — disse o candidato do PL.

Acenos a nordestinos

Precisando ganhar votos na região nordeste, Bolsonaro afirmou que Lula “mente” à população de baixa renda, em especial aos eleitores do nordeste. O presidente disse que o petista “negou água” para os nordestinos ao não concluir as obras da transposição do Rio São Francisco. Lula respondeu ter concluído 88% das obras da transposição do São Francisco.

A região voltou a ser enfoque quando Bolsonaro exaltou o Auxílio Brasil, programa social de seu governo. Ele disse ter “vergonha” do valor que era pago pelo antigo Bolsa Família na gestão de Lula.

— O senhor tem o seu passado que é lamentável e é triste, em especial entre os mais humildes, os mais pobres do Brasil. Quero falar agora com o pessoal do Nordeste, quanto era o Bolsa Família? Começava com R$ 40. Nós triplicamos a média com o Auxílio Brasil.

Ele também mencionou o Nordeste ao falar sobre a pandemia. Afirmou que “irmãos nordestinos morreram por falta de ar”.

Presídios

Bolsonaro tentou associar Lula a líderes de facção criminosa, afirmando que o petista, à época de seu governo, se negou a transferir o criminoso Marcola para uma prisão de segurança máxima. Bolsonaro questionou ao adversário se seria por “amizade, simpatia ou um grande acordo” com Alckmin, seu candidato a vice, que à época era governador.

— O seu governo não transferiu o Marcola. Ao que tudo indica fez um acordo com o Marcola e seu Alckmin, que era governador naquele tempo. Por que você não transferiu Marcola em 2006? Já que tinha um pedido do MP estadual para fazer isso? Era simpatia, amizade ou um grande acordo naquele momento juntamente com seu vice atualmente, Geraldo Alckmin?

Lula, então, afirmou que não havia um pedido para a transferência do criminoso e que se houvesse, seria acatado por seu governo. O petista também afirmou que construiu cinco presídios de segurança máxima no país durante o seu governo e ressaltou que Bolsonaro não construiu nenhum.

Religião e costumes

Em sua fala de considerações finais, Bolsonaro apelou para a pauta de costumes citando temas como legalização de drogas e aborto.

— Nós queremos um país sem drogas, o outro lado de lá quer liberar as drogas. Nós somos cristãos, respeitamos a vida desde a sua concepção. Não ao aborto. Sim à propriedade privada. Não ao MST invadindo terras — disse. Lula retrucou.

Em suas considerações finais, o ex-presidente Lula chamou Bolsonaro de “ditadorzinho” e afirmou que defende a liberdade e a democracia. O petista também destacou a insistência do adversário em indicar mais dois nomes para o STF e os números da fome.

– Quem aprovou a lei em 2003 de liberdade religiosa foi esse que vos fala. Quem defende a democracia e liberdade sou eu. Muito mais do que ele, que é um pequeno ditadorzinho. Que quer ocupar a Suprema Corte. (O Globo)

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