PCdoB faz operação contra PSB
Diante da iminente reforma ministerial, a bancada do PCdoB intensificou nos últimos dias a operação para manter Luciana Santos no comando do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A bancada de deputados teme que o atual ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), seja deslocado para o posto de Luciana. Por isso, os deputados do Partido Comunista do Brasil procuraram o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha. Segundo interlocutores, tentaram tirar o alvo da ministra e transferi-lo para o PSB.
Os deputados argumentaram a Padilha que, considerando o tamanho das bancadas, o PSB teria uma representação muito maior que o PCdoB. Os socialistas possuem 15 deputados e chefiam três ministérios, enquanto os comunistas têm 7 e ocupam somente um. Argumentam, ainda, que aceitaram ocupar o MCTI sem “porteira fechada”, pois o presidente do Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, é indicado pelo PT. Os parlamentares também exaltaram as entregas de Luciana.
Para evitar que Márcio França fique com a cadeira hoje ocupada por Luciana, os parlamentares ainda fizeram um argumento histórico. Afirmam que estão junto com o PT desde a década de 80, enquanto o PSB já lançou candidatos à presidência para concorrer contra o partido do presidente Lula. Lembraram até de Anthony Garotinho, que concorreu em 2002. Segundo os interlocutores, Padilha escutou tudo atentamente, mas não esboçou concordância.
Procurada, a SRI confirmou o encontro com a bancada, mas não comentou o teor das conversas. Antes do encontro com Padilha, os parlamentares do PCdoB se encontraram com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a quem também argumentaram a necessidade de manutenção no MCTI.
O receio do PCdoB acontece porque o governo avalia oferecer a Silvio Costa Filho, do Republicanos, o ministério de Portos e Aeroportos. Dessa forma, Márcio França poderia ser deslocado para o Ministério de Ciência e Tecnologia, tirando Luciana do cargo. Ela, por sua vez, poderia ser deslocada para o Ministério das Mulheres, hoje com Cida Gonçalves, ou para Direitos Humanos, chefiado por Silvio Almeida. Nenhuma dessas possibilidades agrada ao PCdoB.
O governo também articula a acomodação do PP, com a indicação do também deputado André Fufuca (PP). A dor de cabeça do Planalto é escolher qual ministério será oferecido ao Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).
Uma das possibilidades é dividir o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, hoje chefiado por Wellington Dias. Dessa forma, o PT manteria o controle sobre o Bolsa Família, principal programa do governo Lula, mas abriria mão de outros programas. O PP quer uma pasta com orçamento e entregas e, por isso, também mira a Agricultura, ministério hoje comandado pelo PSD, com Carlos Fávaro.
A única certeza é que a decisão do presidente Lula não vai agradar a todos e algum partido sairá perdendo, o que reabriu a temporada de fogo amigo na Esplanada. (Estadão)
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