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A parte do todo que não sabemos

Blog JM Cunha Santos – Explodiu. Todos agora estão cientes do que aconteceu aqui. Durante décadas o poder conferido pelo voto dos maranhenses a uma classe e a um grupo políticos foi usado para o enriquecimento ilícito de uma meia dúzia, conforme se infere da delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado e de outros alcançados pelos tentáculos da Operação Lava Jato. E o mais provável é que o todo que sabemos seja apenas a ponta do iceberg de uma imensa geleira escorrendo corrupção e desvios de conduta por todos os lados.

Fosse num país sério e a denúncia de que um senador da República, no caso José Sarney, recebeu 16 milhões de reais em dinheiro vivo confinaria a instituição. Fosse num país sério e as sucessivas denúncias de delatores contra o senador Edison Lobão, acusado na condição de ministro das Minas e Energias, que só da Transpetro teria recebido R$ 24 milhões em propina, seria bastante para derrubar qualquer governo.

Está claro para todo mundo que durante décadas o poder foi usado no Maranhão para enriquecer astronomicamente algumas famílias em detrimento da miséria e do atraso que tomaram conta do Estado.

E aí entram os filhos: Márcio Lobão, apontado como intermediário do pai, Sarney Filho como beneficiário de R$ 400 mil. E a parte do todo que nós sabemos pode ser quase nada, porque impossível é projetar o que rapinaram em quase 50 anos, no quanto o próprio Maranhão pode ter sido lesado, porque há outros parentes e aderentes e menos chegados e citações e delações, acusações e denúncias que jamais chegaram a nossos ouvidos.

E a parte do todo que não sabemos ainda pode ser muito mais grave. Por exemplo: o quanto foi pago em tráfico de influência nestes anos todos e quem recebeu? Como tudo isso foi permitido enquanto os maranhenses acreditavam ter representação na Câmara Federal, no Senado e até na Presidência da República?

Se pensarmos na pobreza do Maranhão, em como a capital, São Luís, se manteve esbandalhada durante tanto tempo, nas filas nos hospitais, na falta de postos médicos, na educação maltratada, na falta de segurança e até de policiais, na mortalidade infantil e na mortalidade materna e num povo que ingenuamente votava em quem julgava ser seus representantes, a revolta fica quase insuportável. Não estavam fazendo nada por esse povo; estavam ficando mais ricos.

E não só aqui, mas também bem longe de nós, nos corredores de Brasília, a camaleônica capacidade de adotar as cores do poder estava servindo para que se premiassem de falcatruas, dentro de um processo de corrupção terrível que está levando à falência econômica o Brasil. E por pouco não faliu o Maranhão.

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