O senhor Bringel e o “nó górdio” dos Sarneys
Quem é e o que quer João Bernardo Bringel? O secretário de estado de Educação, amazonense de Manaus, incorpora, com pagamento a peso de ouro, os (des)interesses dos Sarneys pela educação pública do Maranhão. Trata-se de uma personagem humana que no mercado central da minha cidade, Caxias-MA, é bastante conhecida, pelos que lá trabalham e circulam, com o nome de “sabidão”, aquele que pretende vender gato por lebre.
Não é difícil fechar os olhos e imaginar o senhor Bringel, em Brasília, em sala reservada, junto com o velho morubixaba da política maranhense, tecendo o “nó górdio” que deveria trazer, em um brilhante saquinho de pano, pendurado no pescoço, para apresentar em cada uma das reuniões do chamado “estado permanente de negociação ”.
A estratégia que o “sabidão” Bringel vem executando consiste em não ceder nada aos educadores maranhenses e nos “cochilos” destes, fazê-los perder parte do pouco que já conquistaram. Para cumprir essa estratégia, Bringel repete a mesma tática a cada reunião: tira do saquinho o “nó górdio”, exibe-o aos presentes à mesa, e desafia-os a desatarem o “nó”, com a promessa de, conseguindo o impossível, tentando-se daquela forma, alcançarem muitas vantagens e privilégios para todos.
Os meses decorrem, com eles os dias e com estes as horas. Nada de se desfazer o “nó”, em que pese as diversas tentativas dos educadores. O mais provável é que o referido “nó” nunca será desatado da forma que se vem tentando. Os educadores talvez precisem de uma espécie de “gládio alexandrino” e com este destroçar o “nó” dos Sarneys, trazido pelo “sabidão” Bringel.
Depois do “nó” destroçado, expor as suas entranhas a todos, nas ruas, analogamente ao que registrou o articulista Saul Leblon, na Carta Maior, de 10.10.11: “Mas Atenas, Madrid, Lisboa, Londres, Tel Aviv, Santiago e agora Wall Street já demonstraram que só as ruas tem o calibre e a densidade necessária para derrubar ou pautar governos, refundar ou enterrar partidos, fortalecer ou descartar lideranças”.
Deixo aqui esta reflexão, inspirada em uma das muitas supostas façanhas de Alexandre, (356-323 a.C.), “o grande”, dirigida especialmente aos nossos representantes sindicais. Fica, ainda, uma das lições basilares de qualquer movimento social, em qualquer tempo: os opressores só respeitam os gritos das ruas.
Sendo assim, não seria hora de voltarmos às ruas e engrossarmos o “coro dos descontentes” que cresce em escala mundial? Ou o Maranhão não está no mundo e só existe dentro do “realismo mágico” do Dono do Mar?
Francinaldo de Jesus Morais, professor de História.
* O ‘nó górdio’ foi um nó cuja história remonta ao século VIII a.C. Dizia a lenda que o rei da Frígia morreu sem deixar herdeiro e que, ao ser consultado, o Oráculo anunciou que o próximo rei chegaria à cidade num carro de bois. A profecia foi cumprida por um caponês, de nome Górdio, que foi coroado. Para não esquecer de seu passado humilde ele colocou a carroça, com a qual ganhou a coroa, no templo de Zeus, e a amarrou com um nó a uma coluna, nó este impossível de desatar. Górdio reinou por muito tempo, e quando morreu seu filho Midas assumiu o trono. Midas expandiu o império, porém morreu sem deixar herdeiros. O Oráculo foi ouvido novamente e declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria toda a Ásia Menor. Quinhentos anos se passaram sem ninguém conseguir desatar o nó, até que Alexandre, o Grande, ao passar pela Frígia ouviu a lenda e, intrigado com a questão, foi até o templo de Zeus observar o feito de Górdio. Após muito analisar, desembainhou sua espada e cortou o nó. Lenda ou não o fato é que Alexandre se tormou senhor de toda a Ásia Menor poucos anos depois. É daí também que deriva a expressão “cortar o nó górdio”, que significa resolver um problema complexo de maneira simples e eficaz.
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