O pedido de desculpas de Cafeteira e a acusação de Andrea Murad
Ao reconhecer ter errado quando recorreu aos termos “safado” e “ladrão” em referência ao ex-secretário de Saúde, Ricardo Murad, durante entrevista em Timon neste final de semana, o líder do governo, deputado Rogério Cafeteira adotou uma atitude digna, decente, sensata e pediu desculpas à deputada Andreia Murad.
Já a deputada Andrea, orgulhosa e ressentida, não aceitou a retratação de Cafeteira e ainda o acusou de, num passado recente, chorar e pedir favores na casa de Ricardo Murad.
“O ladrão, o safado do Ricardo Murad foi quem lhe ajudou na questão do INCRA. Foi para quem V. Ex.ª foi chorar na minha Casa, para pedir para o Secretário interceder junto com Aluísio Mendes quando estava sendo achacado pelo Pedro Meireles. V. Ex.ª não tem, deputado Rogério, moral alguma para falar de mim. V. Ex.ª não tem moral alguma para me chamar de deputadinha, porque deputadinho é V. Ex.ª que sabe exatamente tudo que me disse nesse corredor enquanto eu estava sentada na minha cadeira, quando disse para denunciar o próprio governo ao qual defende. Muito obrigada a todos”, afirmou Andrea Murad.
Inconformado com a grave acusação da parlamentar, o líder do governo esclareceu o episódio.
“Eu nunca fui pedir ajuda sobre o Incra até pelo seguinte, deputada, eu prestei, poucos têm coragem, mas eu prestei depoimento contra o seu Pedro Meireles a convite da cúpula da Polícia Federal. E eu queria que isso, já que foi público, que o secretário, o ex-secretário e o deputado Aluísio Mendes esclarecessem os fatos. Ele nunca me pediu para tirar, porque eu nunca fui investigado na questão do Incra. O secretário me pediu que eu colaborasse com as investigações, foi isso que ocorreu”, rebateu Rogério Cafeteira.
Abaixo, o blog disponibiliza a transcrição, na íntegra, dos discursos de Andrea Murad e Rogério Cafeteira proferidos na sessão desta segunda-feira (11), na Assembleia Legislativa.
ANDRÉA MURAD
Senhor Presidente, senhoras e senhores deputados, galeria, imprensa. Hoje, eu subo nesta tribuna muito perplexa. Perplexa porque verdadeiramente, deputado Rafael, eu achava que não tinha existido nada disso que tem nesse vídeo, nesse áudio. Primeiro, porque o próprio deputado Rogério Cafeteira, antes de eu sequer, deputada Ana, perguntar qualquer coisa, o deputado Rogério me manda um WhatsApp. Eu só quero lhe dizer que eu não falei nada disso, eu só quero lhe dizer que eu não disse nada sobre isso. Eu só quero lhe dizer que não tratamos sobre nada, a não ser sobre obras do BNDES. Verdadeiramente, a minha assessora de imprensa, Virginia Chuvas, disse para mim, deputada, ele disse. Virginia, ele me garantiu que não disse. Deputada, mas ele disse, está aqui o áudio. O fato, deputados, e eu não estou aqui para falar somente do que o deputado Rogério Cafeteira falou, eu estou aqui e digo muito impressionada com o que o deputado Rogério Cafeteira é capaz de falar. Deputado Othelino, eu convivo com a política desde criança e eu nunca ouvi aqui nesta Assembleia, onde meu pai está desde os anos 80, esse tipo de palavreado chulo. E aí eu não vou nem entrar, deputado Edivaldo, no palavreado contra o meu pai porque ele, eu já disse, pode se defender. Se for homem e tiver coragem, faça um requerimento e convoque-o aqui para aquilo que acha que ele precisa dizer. Deputado Edivaldo, V. Ex.ª teve os embates mais bonitos com eu pai aqui nesta Casa, eu nunca ouvi V. Ex.ª falando palavras de baixo calão para qualquer deputado, eu nunca ouvi insultando o Ricardo Murad dessa forma, eu nunca vi nesta Casa algo como eu vi, deputado Carlinhos, em Timon, o deputado Rogério Cafeteira falando não só, porque aqui não estou falando de Ricardo Murad, estou falando de mim, eu fui chamada de “deputadinha”, eu fui chamada, deputado Edivaldo, de “marionetezinha”, eu fui chamada, deputado Edivaldo, de sem respaldo moral, eu fui chamada, deputado Edivaldo, de até o que Deus duvida. E para alguém que me manda uma mensagem, sem eu sequer perguntar, me dizendo que não disse o que falou, achando na certa que não tinha gravação, é muita ingenuidade. E depois ainda manda e-mail para Ricardo Murad se justificando, achando, Luís Cardoso, que você está agindo a nosso mando. E não tenho qualquer relação com o Blogueiro Luís Cardoso. E posso subir nessa tribuna para dizer que não tenho qualquer tipo de relação com o blogueiro Luís Cardoso. O que ele diz, o que ela fala, não é responsabilidade minha e não é papel de um deputado chamar jornalista de canalha. Ele que acione a justiça para resolver as questões que ele tenha. Eu quero dizer que eu lamento muito esse problema com o deputado Rogério, sempre o considerei como amigo. Amigo do meu primo desde jovem, sou amiga da mulher dele. E estou petrificada com o que o deputado Rogério fez, agindo completamente fora do que diz a vida política. Ninguém sabe, deputado Edivaldo, o dia de amanhã, ninguém sabe. Assim como ele estava no palanque de Edinho Lobão, esculhambando o governador ao qual ele defende hoje, falando mal desse governador e hoje está como líder de governo, porque ia fazer uma tramoia tão grande nessa Casa que o Presidente Humberto não ia ser eleito. Deputado Rogério, precisa parar de meninices. V. Exa. já acusou todos os deputados que estavam em Teresina com V. Exa., acusando de terem passado informações para o Luís Cardoso. V. Exa. precisa antes de qualquer… e falo isso, deputado Othelino, não digo com remorso, porque vou estar prejudicando a vida do deputado Rogério. Quem é que ainda vai confiar no deputado Rogério depois de tudo isso? O deputado Rogério não tem moral, ética e decência. Ele não consegue entender que o papel de um líder é muito maior do que estar afrontando os outros, do que estar esculhambando os outros. O ladrão, o safado do Ricardo Murad foi quem lhe ajudou na questão do INCRA. Foi para quem V. Ex.ª foi chorar na minha Casa, para pedir para o Secretário interceder junto com Aluísio Mendes quando estava sendo achacado pelo Pedro Meireles. V. Ex.ª não tem, deputado Rogério, moral alguma para falar de mim. V. Ex.ª não tem moral alguma para me chamar de deputadinha, porque deputadinho é V. Ex.ª que sabe exatamente tudo que me disse nesse corredor enquanto eu estava sentada na minha cadeira, quando disse para denunciar o próprio governo ao qual defende. Muito obrigada a todos.
ROGÉRIO CAFETEIRA
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, galeria, imprensa. Eu vim aqui para responder a deputada Andréa Murad, e, por incrível que pareça, possa aparecer, eu tenho que concordar com boa parte do discurso da deputada Andréa Murad. Toda indignação, todas as palavras que ela me atacou são justificáveis, sabe por quê? Porque eu falei de um familiar dela, eu de cabeça quente falei palavras que não devia ter falado, não usei as palavras corretas para expressar meu sentimento, mas sabe por que, deputada, e aí eu tenho que dizer: vim pedir desculpas a V. Exa., ao seu pai eu não vou pedir desculpas e nem dou satisfação. Eu apenas respondi, eu não mandei e-mail, eu respondi a um e-mail que ele me mandou, eu não tinha medo do seu pai, quando era secretário quanto mais agora como ex-secretário. Agora, a sua indignação está correta, foi a mesma que me motivou a dar em uma discussão, em uma conversa com um suposto jornalista, um radialista que gravou e usou editado. E eu aqui reconheço o que falei, não sabia realmente que tinha sido gravado, mas quero dizer que o motivo da minha indignação é que, desde que cheguei a Teresina, eu fui seguido e isso não acontece, deputada, por acaso, isso não acontece por acaso, havia fotos minhas descendo de carro, sentado num restaurante ao lado de um colega, a minha indignação, deputada, é quando alguém tenta desmerecer esta Casa, porque na hora em que um jornalista ou blogueiro bota que existem deputados aqui fazendo farra com o erário público, ele não está atingindo a mim, isso não se resume a mim, isso se resume ao Legislativo, você querer desmoralizar os membros desta Casa. E isso eu não acho admissível. A sua veemência, V. Exª deu a resposta da mesma forma que eu de cabeça quente dei na hora. Porque as coisas me levavam ou me levam a crer que existe, e já havia dito antes aqui desta tribuna, que tinha sido ameaçado pelo ex-deputado Ricardo Murad. Eu já havia dito isso aqui. E as coincidências, deputada, me fizeram ou me fazem levar a achar que existe o DNA dele. Até porque agora, infelizmente, a história do canalha me leva a crer da relação do seu pai com o Luís Cardoso. Porque no canalha eu citei, citei, veja bem, no e-mail que respondi a ele. E uma coisa, antes de eu ser líder, de ser deputado, de ser qualquer coisa, eu sou pai de família. V. Exª é amiga da minha esposa e na minha família ninguém vai falar. Na minha família não admito que ninguém entre! Atingir a honra da minha família, isso não vou admitir, em nenhuma hipótese. Por isso, eu reconheço o tom que V. Exª falou. Esse é o tom de quem é indignado, esse é o tom da indignação. Quando você é ofendido ou você é achacado ou você é ameaçado esse é o tom que tem que se falar. Então, por mais paradoxo que possa ser, eu entendo perfeitamente V. Exª, porque eu fui motivado pelo mesmo sentimento, da raiva, do ódio que cega a gente. Então, deputada, eu venho aqui reconhecer que as palavras que eu usei em relação a V. Ex.ª realmente não foram as adequadas, mas fiz cego pelo ódio e vou lhe dizer mais, podem falar o que quiserem de mim, mas minha família não teve a opção de entrar para a vida pública, quem escolheu fui eu. Então, eu peço que critiquem da forma que acharem conveniente, mas a mim, que não envolvam a minha família, porque tem um fato mais grave nos blogs, você bota uma noticia e aí abre para os comentários, e aí nos comentários, deputada, as pessoas usam para ofender a honra das nossas famílias. Então, queria lhe dizer só uma coisa, esclarecer: eu nunca fui pedir ajuda sobre o Incra até pelo seguinte, deputada, eu prestei, poucos têm coragem, mas eu prestei depoimento contra o seu Pedro Meireles a convite da cúpula da Polícia Federal. E eu queria que isso, já que foi público, que o secretário, o ex-secretário e o deputado Aluísio Mendes esclarecessem os fatos. Ele nunca me pediu para tirar, porque eu nunca fui investigado na questão do Incra. Basta que acessem o processo. Eu nunca fui nem investigado, eu fui convidado pelo deputado e, na época, o secretário me pediu que eu colaborasse com as investigações, foi isso que ocorreu. E aí pelo aos Deputados, os jornalistas que entrem em contato, para não dizer que foi eu que conversei com o deputado Aluísio, se essa história não é como eu estou contando. Mas aqui, deputada, eu entendo a sua indignação que foi a mesma que me motivou. Quero repetir que a minha família eu não admito que seja atingida. Muito obrigado.
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