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O Maranhão doente

Um discurso da deputada Gardênia Castelo, ontem, no grande expediente da Assembleia, serviu para mostrar como esse país, e em particular o Maranhão, foi desatento no decorrer dos tempos com a saúde de seu povo. Alguns dados inferidos da Pesquisa Nacional Por Amostragem, do IBGE sobre o saneamento básico, “um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil”, são verdadeiramente assustadores ao expor a falta de controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu bem- estar físico, mental e social, conforme a mais que autorizada definição da Organização Mundial de Saúde.

O discurso é, sinteticamente, um estudo detalhado do caos no setor, divulgado pelo IBGE no ano de 2008, quando a maioria dos domicílios brasileiros não tinha acesso a rede geral de esgoto e havia uma enorme discrepância entre as regiões brasileiras.

No país inteiro, 32 milhões de residências não possuíam ligação com rede de esgoto. Basta ver que a Organização Mundial de Saúde, conforme o discurso de Gardênia, difundiu que para cada unidade monetária investida em saneamento básico, tem-se uma economia de quatro unidades com assistência médico-hospitalar.

É praticamente impossível calcular o número de doenças que poderiam ser erradicadas ou evitadas com o simples acesso a água potável, esgotamento sanitário e condições mínimas de higiene, dispensando-se o tratamento médico, sempre oneroso e de difícil acesso às classes sociais menos favorecidas.

E o Maranhão, como sempre, “na rabeira de qualquer vapor”, pois em 2008 a cobertura sanitária alcançava apenas 50% dos domicílios contra 68,8% do restante das unidades federadas do Nordeste. E a capital, São Luís, mais atrás ainda, com apenas 47% de cobertura sanitária dos domicílios.

Há coisas mais graves ainda. Apenas 28,5% dos municípios brasileiros faziam tratamento do esgoto coletado, com um monumental destaque negativo para as regiões Norte e Nordeste: apenas 7,6%.

E para que se tenha uma ideia do quanto os 50 anos de sarneisismo contribuíram para adoecer os maranhenses, quando esse enfoque (tratamento de esgoto) foi feito em cima dos Estados, o Maranhão apresentou um estarrecedor resultado: incríveis 1,4%.

O discurso é uma obra de pesquisa aprofundada, em linguagem limpa, a denunciar que na distribuição de água por rede geral, no Maranhão, a cobertura chegava a tão-somente 57% das moradias contra 68,8% do Nordeste em geral.

Na visão da deputada, a maior parte da culpa recai sobre a Caema que, “se deixasse de existir, ninguém notaria sua falta”. E, para repetir suas palavras, o governo do Estado sequer pode alegar falta de recursos, posto que o saneamento básico consta do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC.

São dados concretos. O Maranhão está também entre os Estados que concentram os maiores percentuais de municípios brasileiros que não tratam a água distribuída para o consumo humano. Trata apenas 21,8% da água que distribui à população.

Cria-se, assim, um verdadeiro manancial de doenças nas classes pobres. E ainda há quem tenha a coragem de embargar a construção de hospital em São Luís. (Editorial do Jornal Pequeno)

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