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O legado de João Castelo

Editorial JP, JM Cunha Santos – Toda a classe política do Maranhão, ou seus representantes, todos os seus amigos e parentes e grande parte de seus amores eleitorais, compareceram ao velório do deputado federal João Castelo para prestar a esse político as últimas homenagens. Ele, que faleceu no Hospital Sírio Libanês, no último domingo, construiu uma trajetória política que, nas últimas 5 décadas se confunde com a própria história do Maranhão.

Em 5 décadas, João Castelo foi governador do Estado, senador, prefeito e cinco vezes deputado federal. Sua surpreendente administração na condição de governador indicado e não eleito, permitiu a constância de votos cristalizados, ou seja, que em quaisquer circunstâncias eleitorais lhes seriam conferidos. Castelo ousou à época, sob a ótica de críticas as mais azedas, construir um dos grandes estádios de esportes do país, o Castelão, que mudaria por completo a concepção esportista tupiniquim que vigorava no Estado.

Foi, também, responsável pela construção de conjuntos habitacionais em São Luís, como Cidade Operária e Maiobão que, à época, representaram as principais peças de enfrentamento ao superlativo déficit habitacional do Maranhão.

Sendo, embora, um governante não eleito, João Castelo chegou ao coração do povo através de milhares de obras, (2.000, segundo calculam seus amigos e assessores mais próximos), que se espalharam pelo estado inteiro.

Quando, quase que instintivamente, planejou a transposição das águas do rio Itapecuru para São Luís foi acusado de megalomania, o que não o impediu de dar curso ao projeto Italuís que, 30 anos depois, ainda seria a salvaguarda do saneamento e do abastecimento d’água em São Luís.

A partir de um rompimento com Sarney, que se iniciou praticamente com sua chegada, por via indireta, ao governo do Estado, Castelo viveria o resto de sua carreira política em oposição ao sarneisismo, o modelo político que dominou o estado por quase 50 anos.

Para muitos, Castelo, historicamente, ainda pode ser considerado o melhor governador do Maranhão até hoje. Nomeado pela general Ernesto Geisel nos tristes idos da ditadura militar, João Castelo realizou aqui uma obra que o consagraria ao voto popular até os últimos dias de sua vida.

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