Em um ato de puro cinismo, o senador José Sarney publicou artigo neste final de semana, no jornal de sua propriedade (O Estado do Maranhão), recheado de elogios a Eduardo Campos. No texto, Sarney declarou nutrir grande admiração pelo ex-governador de Pernambuco. Comparando as duas declarações recentes do oligarca maranhense, SQN (Só que não!), como diz o imortal Joaquim Haickel.

Dias antes da morte de Campos, Sarney pegou pesado com o socialista, profetizando que o pernambucano nunca seria presidente do Brasil.

Pois bem, passada poucas horas depois do acidente que vitimou Eduardo, o senador maranhense vem com um emaranhando de palavras estapafúrdias, despropositadas e sem coerência alguma, afirmando que Eduardo tinha um futuro brilhante na política. Se ele “jamais seria presidente da República”, qual futuro era este?

O que mais chocou foi Sarney justificar que as críticas de Eduardo a ele (o presidenciável disse por várias vezes que  Sarney não teria vez no seu governo e passaria a ser oposição) eram decorrentes da influência de políticos da oposição maranhense.

Ora, Eduardo, defensor da mudança, da nova política e do combate à corrupção, reiterou em diversas ocasiões que as velhas raposas da política brasileira, entre as quais José Sarney, não deviam lotear o governo com a indicações de seus apaniguados. Segundo Campos, eles aparelham os principais ministérios e fazem dos presidentes reféns, através de pressões e chantagens – prática que adotam com a presidenta Dilma Rousseff.

No primeiro programa eleitoral de Eduardo Campos que iria ao ar, ele dedica todo o tempo a fazer fortes críticas a Sarney e seus comparsas.

Todos sabiam que era uma convicção do ex-governador de Pernambuco afastá-los do poder central para o Brasil avançar, pois no entendimento de Eduardo Campos eles representam o que há de pior na política: atraso político, pensamento arcaico e más práticas.

Eduardo viveu e morreu com o mesmo sentimento que nutria por Sarney:  de respeito, mas de que ele precisava ser combatido.