O cavalo de Sarney
Por JM Cunha Santos
Há quem diga que aquele cavalo velho fotografado no posto médico de São Bernardo é de Sarney e que, sendo de raça impura, é próprio para ser usado em fugas de quem lesa o patrimônio público. O cavalo não come alfafa, come dólares e merenda licitações fraudulentas. Mas é um cavalo velho e doente, no qual treinaram equitação Sarney Filho, Fernando e Roseana Sarney.
Parece que o bicho foi empurrado a pancadas para dentro do posto de saúde e obrigado a posar para aquela fotografia. Sentiu-se mal, pois, velho, não atrai mais nem as éguas. Não é um cavalo saudável, já que esteve muito tempo sob os cuidados de Roseana Sarney e Ricardo Murad na Secretaria da Saúde. Logicamente, adoeceu.
Além de doente, é um cavalo medroso, posto que, assim como o povo do Maranhão, durante muito tempo sua segurança ficou na dependência da ex-governadora.
Já cavalgou para muitas quadrilhas. Quadrilhas de agiotas, de assaltantes dos cofres públicos, de engolidores de precatórios e até quadrilhas que agiram na Petrobrás. Viveu, o pobre animal, no meio de um tiroteio de safadezas, corrupção, enriquecimento ilícito, superfaturamento e pistolagem.
Hoje, desprezado pelas éguas e mordido pelos cachorros de Sarney, sem alfafa, sem dólares nem poder, ainda por cima o submetem ao vexame de sair na primeira página de um jornal que, além de cavalos, também cria cadáveres. Um deles foi o de Reis Pacheco.
Podem observar que é um cavalo triste, porque não queria pertencer a gente que volta e meia tem as fotos estampadas nas páginas policiais do país. Isso compromete suas nobres virtudes de cavalo acima da lei.
Ele queria mesmo era ser o cavalo de um prefeito honesto, que asfalta ruas e avenidas ou de um governador honesto que investe na melhor qualidade de vida da população. Não queria ser esse cavalo apontado nas ruas, vigiado pela polícia e usado como modelo fotográfico de agentes da corrupção. Um cavalo com pedigree e não com perdigotos, um cavalo limpo, não um equino se escondendo do Ministério Público, do Superior Tribunal de Justiça, da PF, do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal.
Sua vivência com as quadrilhas lhe trouxe muitas lesões e abcessos, pois comeu muito em cochos de outros donos e, quando não dava mais lucros, esqueceram de o vacinar. Ficou doente do corpo e da alma, pegou artrose e sinistrose, propinodose, por efeito talvez daquelas doses cavalares de champagnes e lagostas que o obrigaram a engolir no Palácio dos Leões.
Sua mais terrível doença, no entanto, são as sarnas, que grudam na pele e na alma, impedem de comer, de estudar, de se desenvolver. E todo mundo nota que está ficando raquítico, apagado, sem porte, cambaleante dos fungos que a vida nas pradarias da incompetência lhe rendeu.
Pobre cavalo! Sendo cavalo, (e não cachorro) nem sabe porque o envolveram em tamanha cachorrada. Só sabe que a mentira tem pernas curtas e sobre ela ninguém consegue cavalgar.
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