Novo ministro do Esporte, Fufuca nunca apresentou projeto para a área
Nome confirmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério do Esporte a partir de semana que vem, o deputado federal André Fufuca (PP-MA) nunca apresentou em seus oito anos de Congresso projetos relacionados à área na qual vai atuar. O parlamentar assumirá o lugar da ex-jogadora de vôlei Ana Moser, após uma articulação de dois meses com o Planalto que amplia o espaço do Centrão no primeiro escalão no governo.
Fufuca é autor de 27 projetos de lei desde que assumiu o cargo, em 2015; a maioria deles (20) segue em tramitação. Uma das propostas aprovadas no Parlamento, elaborada em 2021, regulariza a versão digital das bulas de remédios no país. Saúde foi o tema que mais mereceu atenção do deputado: foram sete projetos de lei.
Na sequência, foi contemplada a área de Educação, com três propostas. Fufuca sugeriu ainda duas alterações nas leis trabalhistas e três nas de trânsito. Os projetos do novo ministro também versam desde a inclusão da disciplina de Noções de Cidadania no currículo do ensino médio à isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para itens de higiene feminino.
Entre requerimentos e pedidos de urgência, Fufuca também teve pouco protagonismo ou dedicação a temas esportivos. O esporte se relaciona com o novo ministro apenas com assinaturas de requerimentos para a abertura da CPI das Apostas Esportivas, com assinaturas recolhidas pelo deputado Felipe Carreras (PSB-PE), e para criação de frentes parlamentares, como a de Defesa do Esporte Escolar e Universitário. A frente é apenas uma entre as 23 que o parlamentar integra — nenhuma outra, no entanto, está ligada ao Esporte.
A promessa do governo de taxar futuramente as apostas on-line, setor em que os “bets” esportivos se destacam, foi relevante na decisão de Fufuca e de seu partido, o PP, pelo embarque na pasta do Esporte, como noticiou o blog do colunista do GLOBO Lauro Jardim. Ainda não há martelo batido no Planalto sobre o tema.
Fufuca também endossou, por exemplo, demandas para votar, sem demora, a Lei Geral do Esporte (do senador Veneziano Vital do Rêgo, do MDB na Paraíba) e alterações na Lei Pelé (sugeridas pelo mesmo parlamentar).
Reclamação pela troca
O futuro titular do Esporte está em seu terceiro mandato como deputado federal. Ele se notabilizou nacionalmente pela primeira vez em 2017, quando assumiu o comando da Câmara de forma temporária. Na época ele era o segundo vice-presidente da Casa. Isso aconteceu porque o então presidente Michel Temer viajou para fora do país. Dessa forma, o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assumiu o Palácio do Planalto. O primeiro vice, Fábio Ramalho, também havia viajado. Fufuca é filiado ao PP desde 2016 e também já passou pelo PSDB e PSD.
A substituição da medalhista olímpica por Fufuca gerou repercussão no mundo dos esportes. Nomes como Raí (futebol), Hortência Marcari (basquete), Thiagus Petrus (handebol) e Iziane (basquete) integraram o movimento “Ana Moser Fica” afirmando que a saída da ministra seria uma perda para o esporte “amplo e democrático”.
Além dos atletas, políticos da base de Lula também criticaram o presidente sobre a substituição de Ana Moser por André Fufuca. O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que a mudança é um “gol contra” e definiu a ministra como uma “craque na articulação com Educação e Saúde”, afirmou.
O repúdio movimentou até mesmo os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). O ex-assessor do ex-presidente, Fabio Wajngarten, afirmou que a demissão seria “injustificável”. (O Globo)
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