Novela continua: Ministério de Fufuca deve ser decidido só quando Lula vier da África
Em um almoço com o vice-presidente Geraldo Alckmin e em um encontro com o ministro Márcio França, o presidente Lula encaminhou a saída do PSB da pasta de Portos e Aeroportos, mas sinalizou que só vai concluir a reforma ministerial para acomodar o Centrão no governo quando voltar da África, no dia 28. O Ministério de Portos e Aeroportos, hoje sob o comando de França, deve ser destinado ao Republicanos, que indicou o deputado Silvio Costa Costa Filho para o posto.
A incompatibilidade entre a demanda do PP para entrar no governo Lula e a disposição do presidente em ceder pastas de destaque travou, mais uma vez, a reforma ministerial. O partido cobiça o Ministério do Desenvolvimento Social, hoje com o petista Wellington Dias. Essa hipótese, porém, gera forte resistência no PT e em setores do governo.
Integrantes do PP avaliam que o principal problema para a conclusão da reforma é definir o ministério que o deputado André Fufuca (PP-MA) irá ficar.
De acordo com interlocutores, Lula mandou avisar que não quer entregar o Ministério do Desenvolvimento Social ao Fufuca, nem mesmo sem o controle do Bolsa Família. Ou seja: o presidente não está disposto a dividir a pasta, nem demitir o amigo de décadas Wellington Dias (PT) para abrigar um correligionário de seu adversário político no Piauí, o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira. Lula recebeu Dias no Palácio do Planalto e aprovou o programa Brasil Sem Fome, a ser tocado pelo ministro.
Diante da negativa sobre o MDS, o sonho de consumo do Centrão neste momento, uma contraproposta ventilada foi entregar a Fufuca o Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje nas mãos de Luciana Santos (PCdoB). O acordo teria ainda o comando da Caixa Econômica Federal com todas as vice-presidências – o que, na avaliação do governo, vale mais que muito ministério.
Nesse desenho, Luciana Santos seguiria para o Ministério das Mulheres e Cida Gonçalves, hoje à frente da Pasta, perderia o cargo. A primeira-dama Janja da Silva resiste fortemente à saída, que diminui ainda mais a participação feminina no primeiro escalão.
Já a outra ponta da reforma ministerial – o embarque do Republicanos no governo – está mais azeitada. O deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) deve assumir o Ministério de Portos e Aeroportos, com o ministro Márcio França deslocado ou para Ciência e Tecnologia, caso o PP de fato não queira a pasta, ou para o Ministério da Micro e Pequena Empresa – que teria de ser criado. Hoje, a pasta é uma secretaria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
O Republicanos está satisfeito com a pasta, que vai dar ao grupo político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ascendência sobre o Porto de Santos, uma das obras mais importantes para entregas “na ponta” em solo paulista. Além de Portos e Aeroportos, a legenda tem a expectativa de indicar o presidente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), cargo que também é desejado pelo PSD e PP.
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