Ninguém sabe onde foi parar os bilhões dos empréstimos pedidos por Roseana
Editorial do JP
Uma verdadeira enxurrada de dinheiro invade os cofres do Estado do Maranhão. Temos um governo rico que já recebeu, somente em empréstimos, R$ 1,7 bilhão entre julho e dezembro de 2009, recebeu mais R$ 1,01 bilhão agora e está com as porteiras escancaradas para receber do governo federal mais R$ 2,8 bilhões antes que se encerre o mandato ou se consume o processo de cassação de Roseana Sarney. Chegará a mais de R$ 5 bilhões o progressivo, fulminante e irreversível endividamento do Estado.
Ocorre que, a julgar pelo pedido de informações feito pelo líder da oposição na Assembleia, deputado Rubens Pereira Júnior, no que se refere ao dinheiro que já entrou nos cofres do governo, ninguém sabe o que foi ou o será feito com ele. Ninguém viu contratos de execução orçamentária, nunca houve um plano de aplicação desses recursos, não se tem conhecimento da taxa de juros aplicada sobre esse montante e, menos ainda, não há estudos sobre o impacto financeiro de tão monumental endividamento sobre o Maranhão.
É dinheiro que só pode ser conferido em baldes; cédula por cédula levaria mais 50 anos de sarneisismo. Mas o governo não especifica nem as áreas de investimentos desses recursos. A pobreza franciscana dos maranhenses, por si só, já exige que se explique o que foi ou será feito com tanto dinheiro, se descontarmos aqui as exigências da legislação.
Dizer que vai ser aplicado no combate à pobreza é uma falácia, pois quanto mais o governo combate a pobreza, mais pobre o povo do Maranhão fica. A não ser que estejam querendo aplicar na pobreza de Fernando Sarney, que depois da “Operação Boi Barrica” teria ficado sem lastro financeiro, ou em alguma operação de combate aos pobres, o que é bem mais fácil.
Um pouquinho só desse dinheiro naquele aeroporto de urubus já mudaria a feição turística da capital e alguma sobra na BR-135 talvez nos livrasse dessa terrível aritmética de conferir cadáveres. O mais provável, entretanto, é que ele seja gasto em toalhas para o rei Roberto Carlos, batons para Ivete Sangalo, sombreros para Lady Gaga e alpiste para a Beija-Flor. Afinal “governar é fazer festa”.
Em geral, o endividamento do Estado como fator de progresso e desenvolvimento não passa de um grande embuste. Quase sempre o endividamento é uma armadilha, pois os encargos da dívida tornam a administração insustentável. E um Estado financeiramente combalido como o Maranhão, carregando nas costas uma dívida que beira R$ 5 bilhões pode até se tornar inviável.
Com ou sem os Sarney no governo, os maranhenses vão pagar essa dívida por uma eternidade, é tudo o que se tem de concreto até agora. E se avaliarmos, ainda a partir do pedido de informações do deputado Rubens Júnior, que o primeiro bilhão não foi aplicado em nada de que se tenha conhecimento, não se sabe a que se destina esse perigoso endividamento do Estado. Mas é certo que essa enxurrada de dinheiro fará muito bem à saúde eleitoral do grupo Sarney. E que se cuide a oposição.
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