Nem o pior adversário do PT imaginaria fim tão melancólico
As versões variam pouco, com algumas coincidências. Segundo uma delas, Dilma convidou Lula para ocupar um ministério, mas ele teria recusado. Segundo a outra, ele vai usar este fim de semana para pensar. O que há de inequívoco nas duas? Aquilo que muitos tratavam de forma jocosa, como o limite rumo à impossibilidade, aconteceu: a ainda presidente realmente fez o convite. E ele até poderia escolher a pasta. Bem, faz sentido! Na prática, ele já escolheu a cadeira dela.
A coisa é escandalosa até para os padrões petistas. Mas não deixa de ter a sua graça: a presidente prestes a ser impichada formaliza a posição de Lula, que hoje já comanda o governo, entronizando-o como o rei do Brasil.
Se acontecer, nunca antes na história “destepaiz” alguém terá se tornado ministro só por medo de ser mandado para a cadeia. E que se note: nem garantia é.
Dilma tem mais alguns bons pares de dias antes de cair. Até lá, imaginem a cena: numa reunião com ministros, quem vocês acham que daria as cartas? Quem seria ouvido? Quem definiria as diretrizes?
O mais patético de tudo é que há petistas graúdos contra a ideia, mas não porque se importem com o absurdo e o ridículo, mas porque, dizem, Lula corre o risco de se afundar junto com Dilma. Atenção! No próprio PT, são raros os companheiros que acreditam que ela chegue a 2018. Eu aposto que não chega ao segundo semestre deste ano.
Aliás, um dos esportes prediletos hoje em Brasília é montar o “Ministério do Michel”. Até o PMDB, que foi alvo de manobras divisionistas oriundas do Palácio do Planalto, passa por um reagrupamento. Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, presidente do Senado, recebeu Lula num café da manhã. Ouviu tudo e não prometeu nada.
Que desfecho, não? Para fugir da cadeia, os petistas agora pretendem se esconder nos palácios. Nem o adversário mais severo da legenda imaginaria fim tão melancólico. (Reinaldo Azevedo)
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