Navio negreiro de 1794 encontrado transportava escravos até o MA
Folha de São Paulo – De acordo com o jornal “The New York Times”, pesquisadores do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana (NMAAHC, na sigla em inglês) devem anunciar uma descoberta sinistra e inédita.
Em parceria com o museu sul-africano Iziko e com o projeto “Slave Wrecks” (Naufrágios Escravos, em tradução livre), os pesquisadores afirmam ter encontrado os destroços do navio negreiro português São José Paquete África, localizados próximos à costa da Cidade do Cabo, na África do Sul.
Segundo a equipe que conduziu as buscas, é a primeira vez que destroços de uma embarcação negreira que afundou com escravos dentro são encontrados.
De acordo com o jornal americano, o navio português deixou Moçambique com destino ao Maranhão, onde venderia os escravos para trabalhar nas plantações de cana de açúcar.
A embarcação teria começado sua viagem em dezembro de 1794, tendo afundado apenas 24 dias depois, quando, durante uma tempestade, se chocou com pedras a pouco menos de 100 metros da Cidade do Cabo.
Estima-se que o São José Paquete transportasse entre 400 e 500 escravos, acomodados no porão do navio durante toda a travessia de aproximadamente quatro meses.
Quando o barco afundou, o capitão português, toda a tripulação e metade dos escravos conseguiram se salvar, mas cerca de 212 cativos afundaram com o navio. Seus corpos nunca foram recuperados.
PISTAS ENFERRUJADAS
A pista final para o reconhecimento do navio como uma embarcação negreira veio em 2012, quando uma equipe de mergulhadores encontrou numerosos lastros de ferro em meio aos destroços.
Eles eram utilizados para balancear o peso do navio, já que, durante a viagem, a carga humana apresentava grande variação de peso, uma vez que muitos dos escravos morriam ou emagreciam demais, deixando o navio muito leve para a viagem.
Segundo o “The New York Times”, até agora não foram encontrados esqueletos ou restos mortais dos escravos nos destroços.Eles eram utilizados para balancear o peso do navio, já que, durante a viagem, a carga humana apresentava grande variação de peso, uma vez que muitos dos escravos morriam ou emagreciam demais, deixando o navio muito leve para a viagem.
Os mais de 200 escravos que sobreviveram ao naufrágio foram revendidos em um período de dois dias.
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