‘Não posso tomar providência de tudo que chega a mim’, diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, na manhã deste sábado, que não pode tomar providências sobre tudo que chega para ele ao comentar o encontro com o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) para tratar das irregularidades encontradas no contrato de compra da vacina Covaxin. Em entrevista à rádio Gaúcha, durante viagem ao Rio Grande do Sul, Bolsonaro disse ainda que o governo não gastou “um real” com a vacina e que os fatos narrados na CPI da Covid sobre o superfaturamento do contrato são uma “história fantasiosa”. Atacou os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a quem chamou de “bandidos”.
— Eu não me reuni… Ele pediu uma audiência pra conversar comigo sobre várias ações. Eu tenho reunião com mais de 100 pessoas por mês, dos mais variados assuntos. Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência — afirmou Bolsonaro ao comentar a reunião relatada por Luis Miranda.
Miranda e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, prestaram depoimento na CPI na semana passada. Eles disseram que houve pressão na pasta para liberar a importação da Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, e que tiveram um encontro com Bolsonaro relatando o caso.
— A compra seria 400 milhões de doses. A compra seria mil por cento sobre o faturamento. Não é a imprensa, é o que a CPI andou falando. Superfaturamento: mil por cento. Dose 15 dólares, passou para 150 dólares. Você multiplica 400 milhões de doses, vezes 150 dólares, vezes 5 reais. Isso dá 300 bilhões de reais. Isso é um coisa absurda, pelo amor de Deus. Eu assinei uma MP de 20 bilhões para comprar vacina para todo mundo. É uma história fantasiosa. Só serve a Renan Calheiros, só serve a Omar Aziz ou aquele deputado Randolfe lá do Estado dele, não é nada isso aí! — disse Bolsonaro.
‘Três bandidos’
O senador Omar Aziz (PSD-AM), em conjunto com o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), enviou uma carta ao presidente para que ele confirme ou negue denúncias do deputado federal Luis Miranda feitas à CPI.
Neste sábado, Bolsonaro voltou a dizer que não irá responder a carta dos senadores, a quem classificou como “bandidos”.
— Não tenho obrigação de responder. Ainda mais carta pra bandido. Três bandidos (Omaz, Renan, Randolfe) — disse.
Não é a primeira vez que Bolsonaro ataca os senadores. Acuado por investigações da CPI, o presidente disse na quinta-feira que Aziz (PSD-AM) “desviou” R$ 260 milhões. Em resposta, Aziz negou a acusação e acusou o presidente de ser “contra a ciência” e “tentar desqualificar as vacinas” contra a Covid-19.
Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro também atacou o relator da CPI, Renan Calheiros. Em resposta às suspeitas de irregularidades nas compras de vacina, o presidente disse que o governo tem vários filtros internos para impedir isso:
— Como é que você vai fazer uma sacanagem dessa? Só na cabeça de um que desvia no seu estado 260 milhões, como o Omar Aziz desviou, que pode falar isso daí. Só um cara com 17 inquéritos por corrupção e lavagem de dinheiro no Supremo, faz. O Globo
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