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Movimento da PMMA: A volta do almirante negro

Todas as vezes que ouço a música de Audir Blanc e João Gilberto ”O Mestre Sala dos Mares”, fico arrepiado, emocionado e orgulhoso de saber que no Brasil tivemos um grande herói que a história não esqueceu, o conhecido “Almirante Negro”. Consoante a música e a história nos idos de 1810, uma década antes da semana de arte moderna, centenas de marinheiros eram castigados e condenados a chibatadas e outros castigos corporais, isso se deu durante longo anos, até que num dado dia milhares de marinheiros de baixa patente se uniram e realizaram uma das mais brilhantes revoltas que o mundo já viu. Foi a famosa e conhecida “Revolta da Chibata”. Confira abaixo o que doutrina a Wikipédia site:

A Revolta da Chibata foi um movimento de militares da Marinha do Brasil, planejado por cerca de dois anos e que culminou com um motim que se estendeu de 22 até 27 de novembro de 1910 na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, à época a capital do país, sob a liderança do marinheiro João Cândido Felisberto.

Na ocasião rebelaram-se cerca de 2400 marinheiros contra a aplicação de castigos físicos a eles impostos (as faltas graves eram punidas com 25 chibatadas), ameaçando bombardear a cidade. Durante o primeiro dia do motim foram mortos marinheiros infiéis ao movimento e cinco oficiais que se recusaram a sair de bordo, entre eles o comandante do Encouraçado Minas Gerais, João Batista das Neves. Duas semanas depois de os rebeldes terem se rendido e terem desarmado os navios, obtendo do governo um decreto de Anistia, eclodiu o que a Marinha denomina de “segunda revolta”. Em combate, num arremedo de motim num dos navios que não aderiram à Revolta pelo fim da Chibata, morreram mais um oficial e um marinheiro. Esta “segunda revolta” desencadeou uma série de mortes de marinheiros indefesos, ilhados, detidos em navios e em masmorras, além da expulsão de dois mil marinheiros, atos amparados pelo estado de sítio que a “segunda revolta” fez o Congresso Brasileiro aprovar.

 

Tal revolta se deu sob a liderança destacada de João Cândido, que era negro, assim como a grande maioria dos marinheiros, que eram pegos nas ruas a força, arrancados de suas famílias para servirem na Marinha do Brasil. Estes pobres coitados se revoltaram contra as humilhações e demais atrocidades praticadas pelos oficiais a bordo de Navios e Corvetas. Então, sob a orientação e comando do ‘Almirante Negro’, que diga-se de passagem, foi o único praça da marinha – do posto de cabo, que era chamado pelos comandantes da Marinha para ministrar aulas práticas para os Guarda-Marainhas (aprendizes a oficiais), que apesar de não possuir conhecimentos teóricos das Academias Militares, sabia, como ninguém no mundo, manobrar um Navio de Guerra, um notável mestre sala dos mares.

Antecedentes

“Os castigos físicos, abolidos na Marinha do Brasil um dia após a Proclamação da República (1889), foram restabelecidos no ano seguinte (1890) por um decreto nunca publicado no Diário Oficial, o qual, mesmo assim, foi tomado por base pela Marinha de Guerra, estando nele previstas:

Para as faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas, no mínimo.

Os marinheiros nacionais, quase todos negros ou mulatos comandados por um oficialato branco, em contato cotidiano com as marinhas de países mais desenvolvidos à época, não podiam deixar de notar que as mesmas não mais adotavam esse tipo de punição em suas belonaves, considerada como degradante. O uso de castigos físicos era semelhante aos maus-tratos da escravidão, abolida no país desde 1888. Paralelamente, a reforma e a renovação dos equipamentos e técnicas da Marinha do Brasil eram incompatíveis com um código disciplinar que remontava aos séculos XVIII e XIX. Essa diferença foi particularmente vivida com a estada dos marujos na Grã-Bretanha, em 1909, de onde voltaram influenciados não apenas pelas lutas dos colegas britânicos mas também pela revolta dos marinheiros da Armada Imperial Russa, no Encouraçado Potemkin, ocorrida poucos anos antes, em 1905

Pois, foi aproveitando a sua liderança e prática magnífica, que esse negro e franzino marinheiro deu a maior contribuição de liderança que o Brasil conheceu, sequestrou o encouraçado Minas Gerais, juntamente com cerca de 120 marinheiros e, num ato de extrema revolta e como pena pela morte de muitos marinheiros que não suportaram castigos, mataram de início muitos oficiais, incluindo o comandante do navio. Seguindo a ordens do Marinheiro João Candido, outras lideranças fizeram o mesmo com outros navios da marinha. Foi um caos total e medo na população carioca, que era a capital do Brasil, sendo que os navios ficaram atracados na Baia da Guanabara, em frente ao Palácio do Catete – sede do governo federal, com mais trinta oficiais seqüestrados.

Durante as negociações, tal como ocorre hoje na Polícia Militar do Maranhão e o Governo atual, o presidente Hermes da Fonseca, interferiu tendo ordenado ao congresso um Decreto acabando com os castigos medievais na Marinha do Brasil, já que os marinheiros assim o exigiram, assim como foi aprovada uma lei de anistia aos insubmissos. Quando terminou a revolta, tão logo os marinheiros e especialmente João Candido e outros líderes comemoravam a façanha, O Comando da Marinha descumpriu parte do acordo, e usando os próprios marinheiros sob torturas, castigos e sequestro a familiares destes, mataram muitos praças militares, expulsaram centenas de soldados, chegando a prender em uma cadeia localizada numa ilha isolada alguns marinheiros, especialmente João Candido e outros.

Dos líderes, poucos escaparam das tortuosas cadeias e penas pesadas não recepcionadas em nenhuma constituição brasileira. João Candido, que a história consagrou de “Almirante Negro” (me arrepio e emociono todo só de imaginar), foi torturado por longos anos até a sua velhice, não aguentando, morreu com mutilações dos choques elétricos, camas de sal, e outras atrozes práticas da ditadura militar, ao contrário dos países de primeiro mundo, que tratam com rigor a sua tropa, mas com extrema lealdade para receber confiança dos seus soldados, por isso o sucesso destes em face do fracasso de nosso Exército. Mesmo com sacrifício da própria vida, o Almirante Negro reinou por alguns dias e nos deu um grande exemplo de que é possível mudarmos o mundo, já desde esse dia da revolta nunca mais foram praticadas as tortuosas chibatadas. Como disse, fico orgulhoso deste nobre guerreiro e idealista, assim como eu e muitos policiais de bem da PMMA, ter sido Brasileiro, aliás, ser Brasileiro para sempre, já que, heróis não morrem.

Pois bem, partindo deste contexto histórico, revejo surgindo de novo o espírito do “Almirante Negro” na história do Maranhão, que mais parece o Brasil colonial daquelas épocas sórdidas. Esse “Almirante-Marinheiro” que, como disse, não morreu, reencarnou na figura de um Cabo Negro também, assim como o iluminado marinheiro João Candido. Estou falando do Cabo da PMMA Roberto Campos – um dos líderes da PM, que hoje admiro, e ainda mais orgulhosamente fico pelo fato dele ser maranhense, policial militar da PMMA, da qual faço parte, além de praça PM, do qual também fui, pela vontade de Deus. Sou um dos poucos que, inicialmente, lhe deu crédito no seu espírito inteligente de liderança de massa, hoje toda a PMMA o louva, sem querer desmerecer os demais, que graças a Deus temos muitos, mas os homens iluminados de sucesso merecem ser destacados.

Portanto, caro amigo Roberto, faça realmente o papel que o líder negro da marinha fez há quase cem anos atrás, e com tantas desvantagens, naquela época não havia respeito às leis e a Constituição, vivíamos um Brasil de exceções, éramos censurados em tudo, diferentemente de hoje que estamos vivendo a essência de um Estado Garantista e Democrático de Direito. Apenas precisamos acordar para isto, e sabermos que, como disse Willian Shakespeare (O Menestrel), … não importa aonde já chegamos, mas, onde queremos ir…. Então amigos militares da PMMA e sociedade maranhense, autoridades e simpatizantes, não importa se fizemos paralisação no dia 08 deste mês, o que se importa é que devemos prosseguir a qualquer custo honroso aos nossos anseios dignitários, e ainda a Shakespeare (….) portanto, plante seu jardim e decore sua alma, invés de esperar que alguém lhe mande flores, e se aprende que muitas vezes perdemos e bem que podíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar (…).

Por isso tudo que a história não mentiu, e as nossas experiências do momento impar que estamos vivendo no Maranhão, podemos tirar algumas conclusões: primeiro, tudo vale apena quando alma não é pequena, devemos pensar gigantescamente se quisermos ser grande, vale apena lutar pelo justo, honesto e digno; segundo, se o marinheiro João Candido, numa época obscura conseguiu fazer a maior revolução de militares que o mundo já viu, por que os lideres de hoje, mais experientes e conhecedores dos avanços que tivemos não podem fazer a ‘revolução legal’ de libertação não só da PMMA, mas da sociedade que somos todos nós, nossos filhos, esposas e esposos, pais e amigos? Amigos, aqui termino parafraseando a Palavra de Deus, O que o homem pode nos fazer contra a nossa alma, senão somente pode tocar o nosso corpo, pois temei  apenas a Deus que têm o poder não só do corpo, mas de lançar a nossa alma ao inferno (…). Portanto, amigos e, HERÓICOS FEITOS DE GLÓRIA, AVANTE PARA A VITÓRIA FINAL, MESMO COM O RISCO DA PRÓPRIA VIDA. Foi este o juramento que todos fizemos para defender a sociedade maranhense, e não os interesses escusos de quem quer que seja.

 

By: Oficiais honestos da PMMA

 


Bibliografia

  • CÂNDIDO, JOÃO. Memórias de um Marinheiro. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1913.
  • CÂNDIDO, JOÃO. Depoimento para o Museu da Imagem e do Som, 1968.. in TRINDADE, MARÍLIA. João Cândido, o Almirante Negro. Rio de Janeiro: MIS, 1999.
  • SILVA, M. A. da. Contra a Chibata: marinheiros brasileiros em 1910. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 11-12. (Coleção Tudo é História)
  • ROLAND, Maria Inês. A Revolta da Chibata. São Paulo: Editora Saraiva, 2000. ISBN 8502030957 (compilação dos anteriores)
  • NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na revolta dos marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: Mauad, 2008.
  • CHEUICHE, Alcy. João Cândido, o Almirante Negro. Porto Alegre: L&PM, 2010. (livro de ficção)

 

 

 

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