Moradores do Vinhais Velho organizam resistência contra a Via Expressa
Por Jully Camilo (JP)
Moradores do Vinhais Velho estão preocupados com a construção da Via Expressa, uma vez que pelo menos 40 residências terão de ser demolidas para que a avenida passe no local. Os populares revelaram que as indenizações dos imóveis ofertadas pela Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) estão abaixo do valor de mercado.
Aproximadamente 290 famílias terão seus terrenos desapropriados pelo governo estadual ao longo do trajeto da nova avenida, que interligará o Renascença e o Ipase.
Segundo a moradora Maria José Alves, 60, residente no bairro há 30 anos, as avaliações dos imóveis estão sendo feitas por uma empresa terceirizada pela Caixa Econômica Federal, que teria afirmado que as residências têm valor venal entre R$ 20 mil e R$ 68 mil.
No entanto, Maria José lembrou que a maioria das casas possui grandes áreas, com nascentes de águas no fundo e uma diversidade de árvores frutíferas como juçarais, mangueiras, buritizais, entre outras, além dos manguezais que estão situados no entorno da Vila.
“O problema não é só as nossas casas, mas o nosso patrimônio histórico, que também está ameaçado pelo avanço da Via Expressa. Aqui, temos a secular Igreja de São João Batista (que completou 399 anos ontem, dia 20); o cemitério do Vinhais Velho – construído no século 18; um porto – construído no Governo Newton Belo (1961-1966); a escola Municipal Oliveira Roma, além de diversas fontes e reservas naturais que abastecem a comunidade e servem como atrativo turístico. As máquinas já estão limpando tudo por trás de nossas casas”, disse Maria José.
Outro morador, o comerciante Carlos Magno Santos Jacinto, 43, também residente no bairro há 30 anos, disse que a comunidade não é contra o projeto, mas contra os prejuízos que ele acarretará à população.
Ele reivindica da Sinfra que ouça os moradores, para que eles apresentem uma alternativa à atual concepção do projeto da Via Expressa.
Um dos moradores mais antigos do bairro, Olegário Ribeiro, de 77 anos, é um dos mais indignados com a forma com que estão sendo feitas as desapropriações. Sua casa está situada em um grande terreno, que mede 35 metros de frente por 106 de fundo. Porém, o imóvel foi avaliado em apenas R$ 29 mil.
O advogado da comunidade, Fred Marx, contou que na área habitam 600 famílias, num contingente populacional de aproximadamente 3 mil pessoas, em local remanescente de aldeamento indígena. Parte das famílias complementa sua renda com atividades como pesca, extrativismo de caranguejo e coleta de frutas.
Café da Resistência – Amanhã (22), os moradores do Vinhais Velho organizarão um “Café da Resistência”, que será oferecido às 8h, na Rua Grande, 68, no bairro, na antiga Base do Binoca. Foram convidados para a ação representantes da Cáritas Brasileira (Regional Maranhão), Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA) e Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA, entre outras entidades.
Outro lado – Questionado pelo JP sobre o assunto, o Governo do Estado não se manifestou.
O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.