Mil dias de Flávio Dino e o golpe que não aconteceu…
A oligarquia Sarney perdurou cinco décadas em nosso estado sob a égide da invencibilidade. Um certo manto invisível pairava sobre seus comandantes, gerando a certeza entre asseclas e adversários que, fossem quais fossem as condições políticas nacionais, locais, de temperatura, pressão ou de economia nacional, um Sarney, um Lobão ou um aliado estaria sentado na cadeira principal do Palácio dos Leões.
A cassação de Jackson Lago em 2009 com a subsequente posse da segunda colocada – fato único na jurisprudência do TSE – fez aumentar essa áurea de invencibilidade. Ficava provado que, mesmo com o peso do governo federal, da popularidade de Lula, da economia de vento em popa, se a população não quisesse um Sarney no comando, o velho Sarney movimentaria mundos e fundos em Brasília para garantir que isso ocorresse.
O ano de 2017 veio desfazer esse estigma. A eleição de Flávio Dino em 2014, soterrando a candidatura de Edinho no primeiro turno chegou a ser desdenhada por adversários. O velho Sarney não deixaria por menos e iria sufocar por Brasília o governo local que não resistiria.
A grande esperança sarneysista brilhou no horizonte em abril de 2017. A citação do governador por um dos funcionários da Odebrecht presos acendeu expectativas de que ele poderia vir a ser cassado, em um processo correndo diretamente na Justiça Federal, onde Sarney tem mais influência.
O resultado é que, após a análise da denúncia, a Procuradoria Geral da República concluiu que não havia sequer indícios que pudessem embasar uma investigação contra o governador, que foi sumariamente absolvido pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido de Janot.
Assim que, esta semana, pela primeira vez, um governo não alinhado aos Sarney chega aos mil dias. E projeta para o próximo ano condições favoráveis para voltar a enfrentar a oligarquia: o poder do governo local, um portfólio de obras considerável e a maioria da classe política, bem como da aprovação popular. Do outro lado do tabuleiro, a família Sarney irá pela segunda vez na história enfrentar o Palácio dos Leões. Na primeira, perdeu e recorreu a Brasília. Na segunda, não lhe coube essa alternativa. Agora irá lutar com que?
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