MDB vai lançar pré-candidatura de Simone Tebet ao Planalto ainda neste mês
O MDB faz os últimos ajustes para oficializar a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata à Presidência da República pelo partido, que já iniciou uma campanha nas redes sociais com o nome da parlamentar. O presidente da sigla, deputado Baleia Rossi (SP), fará uma derradeira rodada de reuniões para tentar reverter possíveis resistências ao plano.
Até as últimas semanas, a própria Tebet ainda demonstrava dúvidas sobre a possibilidade de encabeçar o projeto presidencial, em vez de concorrer à reeleição ao Senado, uma disputa teoricamente mais fácil de ser vencida. Também pesa na decisão de Tebet o cenário político doméstico no seu estado, o Mato Grosso do Sul. Lá, o ex-governador emedebista André Puccinelli, que teria dificuldades de compor com a parlamentar, estuda se lançar novamente ao governo ou mesmo tentar a vaga no Senado.
Baleia Rossi afirma, contudo, que já recebeu o sinal verde da própria correligionária para botar de pé a pré-candidatura dela ao Palácio do Planalto.
— Nós nos falamos no sábado: Simone me disse que, se for uma missão partidária, ela topa tentar a Presidência — resumiu.
“Vamos oficializar, sim”, afirmou Baleia ao Estadão. “Simone tinha pedido para aguardar o final da CPI apenas para não confundir os temas. A ideia amadureceu muito dentro do partido. Já existe hoje um apoio muito grande para o lançamento da pré-candidatura.”
Alguns caciques do MDB ainda defendem a ideia de que a legenda deve mirar a vaga de vice numa chapa competitiva. A preferida, sobretudo entre líderes dos estados do Nordeste, seria reeditar a parceria com o PT, indicando o vice de Lula. Pelas previsões de Rossi, porém, a candidatura própria tem maior potencial de pacificar a sigla, agradando tanto aos dirigentes do Nordeste, mais ligados ao PT, quanto aos do Sul e do Sudeste, que pendem para a direita.
O presidente do MDB deverá se reunir nos próximos dias com os líderes do partido no Senado, Eduardo Braga (AM), e na Câmara, Isnaldo Bulhões Júnior (AL), além de presidentes de alguns diretórios, para tentar dobrar eventuais críticos ao plano de oficializar Simone Tebet como opção da legenda em 2022. É provável que o lançamento da pré-candidatura ocorra na segunda quinzena deste mês.
Os líderes do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), defendem o apoio a Bolsonaro. Na outra ponta, senadores como Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), além do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE), são próximos a Lula.
O mandato de Tebet no Senado termina em 2022. Ela tentou duas vezes, sem sucesso, presidir a Casa – a última foi no início deste ano, quando acabou abandonada pelo próprio partido em troca de cargos. Agora, se não for candidata ao Planalto e quiser disputar a reeleição, deverá enfrentar a concorrência da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), que deseja ser senadora pelo Mato Grosso do Sul.
Temer também se manifestou favorável à entrada da senadora no páreo. “Tenho o maior respeito pela Simone. Fui muito amigo do pai dela (Ramez Tebet, ex-presidente do Senado) e acho que ela tem uma posição privilegiadíssima”, disse ele, em 27 de setembro, durante participação no programa Roda Vida, da TV Cultura.
O ex-presidente relatou um encontro que teve com a senadora. Ela o procurou em busca de conselhos para a tentativa de ser a terceira via entre Lula e Bolsonaro. “Eu saí da vida pública, mas às vezes a vida pública não sai de você”, brincou Temer. “A Simone Tebet me visitou e, muito dignamente, me disse: ‘Olha, estou oferecendo meu nome para essa terceira via. Se aparecer outro nome, que seja fruto dessa conjugação, eu saio da história’. Eu sou MDB. Não sou Bolsonaro, nem Lula”, completou.
A reunião entre Temer e a senadora foi articulada por Baleia e pelo ex-ministro Carlos Marun. “Eu estive com ela e com o presidente. Conversamos bastante, foi muito agradável. Ele deu boas sugestões e dicas para ela agora, nesse momento de pré-campanha”, contou Baleia.
O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães – braço de formação política do MDB – também elogiou o nome de Tebet como alternativa para disputar o Planalto. “Ter um projeto como nós temos, o ‘Todos Por Um Só Brasil’, ter um articulador político, com o tamanho e a compreensão política de Michel Temer, e mais uma candidata em condição de concorrer é, com certeza, a chance de o MDB sentar à mesa com todos os atributos necessários”, argumentou Moreira. “Mas muito mais importante do que ser de um partido ou de outro é o centro ter um nome competitivo para ganhar do Lula e do Bolsonaro.”
Na prática, nem Tebet nem o MDB descartam abrir mão da pré-candidatura à Presidência para negociar o apoio a um concorrente de outro partido. “Claro que para sentar à mesa você tem de querer apoio, mas também tem de se dispor a apoiar alguém, se for a melhor conjuntura”, observou Baleia.
Aliados da senadora citam, por exemplo, a possibilidade de ela ser candidata a vice em uma chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, João Doria, caso o tucano vença a prévia do PSDB para a escolha do candidato ao Planalto. Assim como Doria, ela defende o impeachment de Bolsonaro.
O MDB integra o grupo de partidos que tentam construir uma candidatura em comum para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro. Fazem parte desse núcleo, ainda, PSDB, Cidadania, PV, Podemos, Novo e Solidariedade. O DEM e o PSL também estão no grupo, mas, com a fusão, passam a se chamar União Brasil.
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