Marcelo Tavares: Estado não tem condições de sustentar hospitais
“Imagine se nós da oposição tivéssemos uma hora para falar dos desmandos da administração pública”. A frase é do deputado Marcelo Tavares (PSB) que disse que teve a oportunidade de ler nos blogs, um que concordou integralmente, o blog do Jonh Cutrim, e outro que discordou, o blog do jornalista Marcos D’Eça, que falam na questão do financiamento dos hospitais que estão sendo construídos hoje pelo Estado.
“O blog do jornalista Marco D’Eça fala que a oposição, principalmente o meu nome, exerce a futurologia quando diz que o Estado não tem condições de manter os hospitais. E o blog do Jonh Cutrim, que mostra o que me parece o desabafo do prefeito de Paulino Neves a respeito da imposição que faz hoje o Estado em transferir esses hospitais para os municípios poderem arcar com a manutenção. E eu entendo que a oposição não exerce nenhuma futurologia. É só nós observarmos a realidade do Estado hoje. A Upa do Parque Vitória está aí pronta há um ano e não está funcionando porque o Estado ou não tem ou não quer gastar R$ 1 milhão por mês com o funcionamento daquela unidade de saúde”, afirmou. “Tanto é que mais uma vez foi adiada a sua inauguração, agora para esperar a presidente Dilma”.
Marcelo acrescentou que usa-se até a visita da presidente Dilma para retardar o funcionamento das unidades de saúde. Lembrou também o livro, a revista, o panfleto publicado pela Secretaria de Saúde que mostra que parte dos hospitais planejados já estão prontos e se estão prontos, porque não estão funcionando?. “Por uma razão muito simples, o Estado não pode ou não quer arcar com a manutenção dessas unidades hospitalares e nós vamos aproveitar a convocação do secretário Ricardo Murad para poder fazer aqui essa discussão”.
Marcelo entende que a situação da saúde no Maranhão é dramática, a própria imprensa nacional hoje já relata. Ele diz que o Hospital do Ipem, o hospital do servidor, está completamente abandonado, funcionando precariamente com uma reforma já contratada de R$ 80 milhões que pode chegar a 100 milhões. Para Marcelo é responsabilidade da Assembléia lembrar ao secretário que saúde não é só construir prédio, construir prédio talvez seja a parte mais fácil dessa grande engrenagem que é a questão da saúde. “Difícil é manter”, disse. “Pagar profissionais, custear medicamentos e fazer as internações necessárias que a população do Maranhão precisa e necessita”, acrescentou. (Cunha Santos/Agência Assembleia)
Prefeito diz que Ricardo quer jogar responsabilidade para os municípios
Nesta terça-feira o prefeito de Paulino Neves, Raimundo Filho, disse ao blog que a secretaria de Estado de Saúde quer colocar sob a responsabilidade do município o funcionamento do hospital de 20 leitos do programa ‘Saúde é Vida’ que está sendo construído na cidade. De acordo com o prefeito, a SES quer que a administração municipal equipe o hospital e faça a contratação de pessoal, diferente, segundo ele, do que foi concebido no projeto inicial.
“O governo quer que coloquemos a estrutura do hospital para funcionar, isto é, que contratemos médicos, enfermeiros, instale laboratório, equipamentos de raio-X etc., quando na realidade o município não tem recursos suficientes para isso. Quando o programa foi lançado, lá consta que o governo ficaria responsável por tudo isso”, afirmou Raimundo Filho.
O prefeito explicou que a administração detém apenas de 25% do total dos recursos que seriam suficientes para colocar o hospital em atividade e mantê-lo em funcionamento. “Se o Estado não arcar com o restante, não tem como o hospital sair do papel. Não é nosso desejo inaugurar o hospital e depois fechá-lo em 30 dias”, relatou o gestor.
Segundo Raimundo Filho, o modelo que o secretário Ricardo Murad quer implantar é que o hospital trabalhe em sistema de produção. “Tem que ser repasse a fundo a fundo. Da forma que eles querem é outra, ou seja, que assumamos os custos e enviemos os relatórios para depois nos pagarem. Quem garante que isso será feito, e em quanto tempo?”, questionou o prefeito.
“Eu não quero arranjar problema com a população, que deseja o hospital funcionando em sua totalidade. Já imaginou o hospital abrindo as portas e depois de 30 dias tendo que fechar. Isso seria um desrespeito aos moradores de Paulino Neves”, acrescentou o prefeito.
Raimundo Filho contou que foi surpreendido hoje com a presença do médico Talvane Hortegal na cidade, que na ocasião, conforme ele, estava representando o secretário de Saúde Ricardo Murad. O prefeito disse que Talvane, acompanhado de um carro volante, convocava os moradores para uma seleção para integrar o quadro de funcionários do hospital de Paulino Neves.
“Foi um alvoroço muito grande. Surpreendi-me com a confusão. Não sabia o que estava acontecendo e entrei em contato com a minha secretaria de Saúde para saber daquela situação. Ela imediatamente ligou para o Ricardo e o mesmo disse que eu não queria abrir o hospital e que por isso determinou tal medida”, contou.
Filho rebateu e disse que a prefeitura já realizou concurso público para o provimento das vagas. “Temos um cadastro formado. O concurso foi acompanhado pelo Ministério Público, tudo dentro da legalidade. Ou seja, isso que eles querem fazer é desrespeito a mim, ao MP e aos que prestaram o concurso”, asseverou.
O prefeito de Paulino Neves disse ainda ao blog que procurou o presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (FAMEM), Junior Marreca, e relatou o que estava acontecendo. Raimundo Filho disse que na oportunidade sugeriu que Marreca reunisse os prefeitos que estão nesta mesma situação. A reunião deve acontecer nesta sexta-feira.
“Eu não sou contra o hospital, só quero que seja cumprido o que foi compromissado no início do projeto que previa a construção dos 72 hospitais. A responsabilidade de por em plena atividade, de equipar e da parte de recursos humanos é do governo do Estado”, finalizou o prefeito.
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