Maranhão deveria ter restrições mais severas, avaliam especialistas
Do Jornal Pequeno – Diante da escalada da Covid-19, no Maranhão, especialistas afirmam que é necessário a adoção de medidas mais severas, capazes de impedir a circulação de pessoas pelas ruas das cidades maranhenses.
Para o médico urologista José de Ribamar Rodrigues Calixto, deve haver um lockdown, porém, com o Estado e Município “sustentando” a sociedade. Na opinião do médico epidemiologista Antônio Augusto Moura da Silva, se as medidas restritivas tivessem sido mais rígidas e mais precoces, a transmissão do novo coronavírus teria sido controlada mais rapidamente, e com menor número total de óbitos.
De acordo com o boletim epidemiológico desse domingo (11), produzido e divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) do Maranhão, o estado já confirmou 487 mortes por Covid-19, neste mês, o que significa uma média de mais de 44 por dia. Até anteontem, a SES havia contabilizado 249.433 casos e 6.557 óbitos pela doença.
Dos novos casos registrados no boletim epidemiológico de domingo, 11, 141 foram na Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa), 71 em Imperatriz, e 742 nos demais municípios do estado.
Os casos ativos, ou seja, pessoas em tratamento contra a Covid-19, chegaram a 17.285. Desses, 15.804 foram orientados a estar em isolamento domiciliar, 887 estão internados em enfermarias e 594 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
UTIS LOTADAS
Em relação à ocupação de leitos, conforme o boletim epidemiológico de anteontem, na Grande Ilha, 91,88% dos leitos de UTI estão ocupados, sendo que 22 estão livres. Os leitos de enfermaria têm 80,66% de ocupação, sendo que 105 estão livres. Em Imperatriz, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 81,94%, sendo que 13 estão livres.
Os leitos de enfermaria têm 60,31% de ocupação, sendo que 77 estão livres. Nas demais regiões, 64,61% dos leitos de UTIs estão ocupados, sendo que 86 estão livres. A ocupação de leitos de enfermaria é de 37,04%, com 345 livres.
O bairro Turu, situado em São Luís, chegou a 1.151 casos confirmados da Covid-19, segundo o mapeamento realizado pela SES, que foi divulgado nesse domingo. Além do Turu, os bairros Centro e Renascença também registraram números elevados do novo coronavírus. Segundo mapeamento, o Centro atingiu, na última atualização do boletim epidemiológico, 800 casos confirmados; e, a região do Renascença, considerada uma área nobre da capital do Maranhão, 792 casos do novo coronavírus.
AVALIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS
Para o epidemiologista Antônio Augusto Moura da Silva, que também é professor titular do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), as medidas restritivas impostas pelas autoridades foram mais frouxas nesta segunda onda da pandemia do novo coronavírus, em relação à primeira onda, no ano de 2020.
“O risco de transmissão permanece elevado e as medidas restritivas precisam continuar por mais algum tempo, até que a transmissão decresça para valores baixos”, frisou Antônio Augusto.
O urologista Calixto defende a aplicação de medidas restritivas severas, mas alerta que o isolamento compulsório é “impossível”, sem o apoio do Poder Executivo, para manter os cidadãos em casa. “A sociedade está ‘falida’. Você fica em casa com aquele medo de não ter como colocar comida no prato da família. É impossível. Deve haver auxílio emergencial, e as empresas subsidiadas com as suspensões de contratos, redução de carga horária e pagamento salarial de funcionários. Acho que essa descoordenação entre políticas municipais, estaduais e federal, no Executivo, nos levou a ter uma falta de conduta semelhante ao ano passado, quando as medidas restritivas foram mais rigorosas”, destacou.
O médico declarou também que o Maranhão precisa de um lockdown, porém, com o Estado e municípios sustentando a sociedade. “Nós vemos, por meio dos noticiários, que nos Estados Unidos há o ‘sustento social’. A mesma coisa na Inglaterra e Alemanha, onde a economia está parada. Entretanto, o Estado está nesses países dando dinheiro e comida à população. No Brasil, é impossível. Logo, eu não posso como médico propor um lockdown, deixar todo mundo em casa, colocar uma equipe de assistência à saúde em cada residência, transformar cada casa em um leito hospitalar, se eu não tenho, também, como levar comida para as famílias”, deu seu ponto de vista Calixto.
POPULAÇÃO PERDEU O MEDO DA DOENÇA
Segundo Augusto Moura, na primeira onda as pessoas ficaram mais em isolamento do que agora. O epidemiologista informou que, atualmente, muitas pessoas estão sem medo da doença, e relaxaram nas medidas de proteção.
“A sociedade brasileira fez esta opção: tolerar maior número de mortes em troca do que se percebe como um menor prejuízo econômico. Acontece que, quanto mais alta a transmissão, mais difícil fica controlar o vírus, e mais mortes vão ocorrer. O isolamento social e o uso de máscaras pela população também foram menores”, declarou Augusto Moura.
“A sociedade acha que já sabe lidar com o vírus. O relaxamento às medidas restritivas é resultado da falta de cultura do maranhense. As pessoas estão aglomerando ainda, estão indo para festas, saindo de casa sem máscara, acham que sabem lidar com a pandemia”, frisou o urologista Calixto.
VACINAÇÃO É A SAÍDA
Calixto informou que é necessário estimular a vacinação. “Temos algumas pessoas dizendo que a vacina mata, mas isso ocorreu com pouquíssimas pessoas, talvez por uma resposta imunológica muito acirrada, onde talvez a pessoa já tinha pegado o vírus, e depois se vacinou. O imunizante é a única arma que temos contra a pandemia da Covid-19”, informou Calixto.
Também sobre a vacinação, o epidemiologista apontou algumas situações. “O atraso no início da vacinação e a pouca quantidade de vacinas disponíveis são outros fatores que estão tornando essa segunda onda mais intensa e mais duradoura”, destacou Augusto Moura.
Enquanto Calixto informou que espera uma queda no número de casos, nos próximos dois meses, devido à vacinação; Augusto Moura disse que é impossível fazer previsões. “São muitas variáveis em jogo. Só posso dizer que, nos próximos dez dias, os óbitos continuarão muito elevados”, informou Augusto.
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