Lula não deve demitir Juscelino por enquanto; cadeira deve ficar com União Brasil, qualquer que seja seu destino no governo
Na tentativa de conter o apetite de outras siglas do Centrão pela cadeira do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, às vésperas da reforma ministerial, o Palácio do Planalto já mandou um aviso aos “navegantes”. Até o momento, Juscelino está a salvo, mas o presidente Luiz Inácio Lula Silva vai aguardar o desenrolar das investigações para decidir o seu futuro. E, se ele cair, a vaga ficará com o União Brasil, que é o partido do titular das Comunicações.
Por enquanto, Lula não pretende demitir Juscelino, que está no centro das investigações da Polícia Federal sobre desvios de verbas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Mas se o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso autorizar busca e apreensão em endereços dele, tudo muda de figura. Nesta sexta-feira, 1.º, Barroso decretou o bloqueio dos bens do ministro e de outros investigados na operação Benesse, atendendo a pedido da PF.
O Estadão revelou, em uma série de reportagens, que Juscelino usou R$ 5 milhões do orçamento secreto, quando era deputado, para asfaltar uma estrada que passa em frente a fazendas dele e de sua família, na cidade de Vitorino Freire, no Maranhão. A prefeita da cidade é Luanna Rezende, irmã de Juscelino e um dos alvos da operação. A Polícia Federal solicitou que fossem vasculhados endereços do ministro, mas Barroso – que é o relator do caso no STF – negou o pedido.
Dois dirigentes do União Brasil – partido que comanda três ministérios na Esplanada – disseram à coluna, sob reserva, não haver “nada” contra Juscelino. Sabe-se, porém, que a situação de Juscelino é complicada não somente pela questão do orçamento secreto, mas por outros fatos. Como mostrou o Estadão, o ministro usou avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a leilões de cavalo de raça em São Paulo, em janeiro. Além disso, cedeu seu gabinete no Ministério das Comunicações para o sogro despachar. Quando era deputado, empregou um motorista que trabalhava na fazenda de seu tio no Maranhão. O salário do funcionário fantasma era pago pela Câmara.
Lula não quer saber dos problemas de Juscelino na Câmara, mas disse a ele, em conversa no mês de março, que sua defesa pública sobre a atuação no governo precisaria ser convincente. Após aquele encontro, o ministro foi às redes sociais se defender. O destino de Juscelino no governo, porém, está por um fio. Tudo depende da próxima denúncia. (Estadão)
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