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Lula diz que marcou encontro com FHC, mas desistiu após vazamento

Uma semana depois de ter sido condenado pelo juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista nesta quinta-feira (20), que chegou a agendar um encontro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas desmarcou quando leu “no jornal” que a conversa entre os dois havia sido vazada.

“Eu e Fernando Henrique não temos nada um contra o outro. Falei: ‘Topo conversar com ele, fala para ele que topo. Escolhemos até a casa”, disse Lula. “Mas aí não dá, se você fala para a imprensa que construiu um resultado”, afirmou, em conversa transmitida pela internet com os jornalistas José Trajano, Juca Kfouri e Antero Greco.

Sobre FHC, o petista afirmou que conversa com ele “até hoje de forma civilizada”. E agradeceu a sua solidariedade na ocasião da morte de sua mulher, Marisa Letícia, no início do ano.

Disse que a transição de poder, em 2003, foi “muito democrática”, algo de que o partido “não se queixa”.

Mas que percebia que o antecessor se ressentia porque Antonio Palocci, ministro da Fazenda em seu primeiro governo (2003-2005), cunhou o termo “herança maldita” para se referir aos índices de inflação e à dívida com o Fundo Monetário Internacional do governo de Fernando Henrique Cardoso. E que diz pensar, também, que o tucano, “como era um grande intelectual, não soube digerir” o “sucesso” de seu governo.

FUTURO

Lula falou sobre o cenário das eleições de 2018 caso sua candidatura —lançada pelo PT no dia seguinte à condenação—- seja barrada em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal.

Questionado sobre quais nomes no partido enxerga como viáveis para a disputa, Lula respondeu que a sigla tem “governadores em três Estados importantes, que têm cacife para ser candidatos” —Fernando Pimentel, em Minas, Camilo Santana, no Ceará, e Rui Costa, na Bahia.

Fernando Haddad, porém, pareceu ser a maior aposta de Lula, que em dois momentos citou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação de seu governo como opção.

“O Haddad pode ser uma personalidade importante se se dispuser a percorrer o país. Já me reuni com ele e falei: ‘Você tem que botar o pé na estrada e falar o que você fez pela educação”, afirmou o líder petista.

Antes, durante essa mesma entrevista, disse: “Se Haddad tivesse sido reeleito prefeito de São Paulo, seria um grande candidato”.

O partido, por sua vez, tem adotado oficialmente o discurso de que não irá lançar outro candidato caso Lula seja impedido e que eleição, sem ele, é “fraude”.

O petista não deixou de falar de sua própria candidatura. Citou “o velho Ulysses Guimarães, que dizia que a “política é afrodisíaca. A gente não para”.

“Tenho obsessão de voltar, quero voltar para provar que é possível recuperar este país”, afirmou.

Ainda sobre 2018: “Acho que Bolsonaro não disputa. E, se disputar, não tem chance. Sinceramente acho que não tem”.

E também: “O Doria tem que se provar. Por enquanto, ele não é nada. É só o João trabalhador que não trabalha. Não adianta fugir para ser candidato —trabalhe, governe, faça o que dizia que ia fazer”.

Lula apostou na candidatura do padrinho político do prefeito paulistano. “Pode ser o Alckmin, ou podem tentar inventar alguém —não sei quem.”

FRASES

Alckmin, aliás, foi o alvo de uma das frases bem-humoradas do ex-presidente.

Comentando seus confrontos eleitorais com os tucanos, disse que o governador paulista “parece que mamou até os 14 anos, que empinou pipa na frente do ventilador”. Contexto: argumentava que a agressividade, adotada por Alckmin na campanha de 2006, não caía bem a ele.

Ao ser questionado sobre a distância do PT com o PSOL, ambos partidos de esquerda, Lula disse que “é o PSOL quem não gosta do PT”.

“A única coisa que desejo é que eles ganhem uma prefeitura, a prefeitura do Rio. Quando governarem a cidade do Rio, metade da frescura vai acabar. Eles vão perceber que não dá para nadar teoricamente. Entra na água e vai nadar, p…”, comentou.

“Eles se acham. Sabe aquele cara que levanta, olha no espelho e diz: ‘Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu?”.

Os jornalistas devolveram: não era atitude parecida com a do PT antes de chegar ao poder? Lula respondeu que não, e que o PT surgiu da união do sindicalismo à base de diversos movimentos sociais.

O ex-presidente, contudo, fez “mea culpa” a respeito das denúncias de corrupção envolvendo o partido.

“O PT errou. O PT tinha nascido para mudar o jeito de fazer política neste país”, disse. “O PT errou ao aceitar o jogo de fazer campanha nos moldes que os outros políticos faziam.” (Folha de SP)

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