Lula avança na definição de nomes e inclui MDB na transição, que terá primeira reunião nesta quinta-feira
Após o sinal verde dado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a primeira reunião entre as equipes de transição vai ocorrer hoje, no Palácio do Planalto. No lado petista, o grupo será coordenado pelo vice eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e contará com partidos que estiveram formalmente com Lula na campanha, além do MDB, que oficialmente ficou neutro, mas teve lideranças engajadas ao lado do petista. O PT convocou as siglas aliadas a indicarem nomes para as coordenações temáticas, o que acelerou as definições.
Por parte do PDT, o líder do partido na Câmara, Wolney Queiroz (PE), será o escolhido. O presidente da legenda, Carlos Lupi, afirma que há quadros internos que podem ajudar nas áreas de educação, trabalho e previdência. O PV deve indicar o presidente da legenda, José Luiz Penna, que espera contribuir com nomes nas áreas de meio ambiente, cultura e desenvolvimento.
Em reunião com partidos aliados, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, enfatizou que assumir a coordenação de determinada área na transição não significa ascender ao posto de ministro. Há a expectativa de que Alckmin componha um grupo plural para integrar a transição, que espelhe um caráter de “movimento” ao futuro governo, com amplitude política para além do PT. Hoje, Alckmin, Gleisi e o ex-ministro Aloizio Mercadante estarão no Planalto com o ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira.
A equipe completa deve ser finalizada até o começo da próxima semana. Como adiantou O GLOBO, nomes de economistas como Arminio Fraga e Persio Arida são cotados. Na área da educação, o ex-ministro Fernando Haddad (PT), embora não vá participar diretamente da transição, foi encarregado por Lula de montar a equipe, que deve contar com a socióloga Neca Setubal, aliada da também ex-ministra e deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP).
A principal preocupação neste momento é reunir uma grande equipe técnica para avaliar a realidade fiscal do país e dimensionar o que pode ou não ser feito a partir de 2023.
Gleisi fez um apelo aos partidos para que foquem em viabilizar o Orçamento para 2023, destacando a necessidade de se obter margem para garantir o Auxílio Brasil de R$ 600 e o aumento real do salário mínimo. De acordo com participantes da reunião, a presidente do PT se mostrou tranquila em relação à transição. A avaliação é de que Bolsonaro e aliados mais “extremistas” estão isolados, e que grande parte dos integrantes do governo querem colaborar.
— Não é transição típica como as que ocorreram até agora. Não tem uma receptividade por parte do presidente, mas acredito que nos ministérios, no corpo técnico de servidores e até mesmo com Ciro Nogueira não deverá haver tanta dificuldade — disse o presidente do PSB, Carlos Siqueira.
Além de Siqueira, estavam presentes na reunião virtual os presidentes de três partidos: Lupi, do PDT, Penna, do PV, e Paulinho da Força, do Solidariedade. A discussão contou com integrantes dos 11 partidos que deram apoio formal a Lula — a coligação original do PT, com outras nove siglas, e PDT e Cidadania, que se juntaram no segundo turno —, além de representantes do MDB, cuja presidenciável, Simone Tebet, pediu votos para o petista contra Bolsonaro.
Transição curta
Descontados o período de Natal e réveillon, Alckmin terá, na prática, pouco mais de 45 dias úteis para fazer uma radiografia da atual administração e de sua herança, para entregar o maior volume de informações possível a Lula até a posse.
O presidente eleito, por sua vez, ficará liberado em novembro e dezembro em tocar alianças partidárias e composições para ampliar apoio no Congresso. O petista quer estabelecer pontes com os presidentes da Câmara e do Senado e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), para garantir condições de governabilidade. Lula planeja realizar uma visita a Brasília nesse período para visitar os chefes dos três Poderes. Após o segundo turno, o petista viajou à Bahia com a mulher, Janja, para descansar por três dias. (O Globo)
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