Lula apelou por ajuda de Sarney em Brasília
Numa agenda não divulgada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o ex-presidente José Sarney, que ainda manda em parte do PMDB. Foi na casa do cacique no Lago Sul em Brasília, semana passada. A informação é da coluna Esplanada (UOL).
O pedido não foi à toa. Lula, juntamente com o PT, beneficiaram o quanto puderam a família Sarney, inclusive com a cassação do ex-governador Jackson Lago num golpe engendrado nos tribunais com o apoio do ex-presidente petista.
A bem da verdade, tanto a ex-governadora Roseana Sarney quanto o pai, o ex-senador José Sarney, usaram e abusaram dos governos Lula e Dilma. Se apoderam de ministérios, indicaram aliados para cargos federais de primeiro escalão dos governos petistas e ainda usufruíram do poder político junto ao Planalto para ganharem as eleições no estado. Locupletaram-se ao máximo das benesses do governo federal.
Vale lembrar também que quando José Sarney, então presidente do Senado, enfrentava uma avalanche de denúncias de corrupção, o ex-presidente Lula, em viagem à Ásia, a pretexto de defender Sarney, afirmou que o maranhense “tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”. Claro que muito antes disso, antes de se tornarem amigos, mais precisamente em 1987, José Sarney era, segundo Lula, “o maior ladrão da Nova República”. Bom, isso ocorreu no passado e os dois logo trataram de esquecer por conveniência política.
E não foi só uma vez que o petista saiu em defesa do pai de Roseana Sarney. Em visita ao Maranhão, Lula foi taxativo ao dizer que era “preconceito” qualificar de oligarquia a Famiglia que durante 50 anos controlou a sesmaria do Maranhão. Á época, Lula mandou inclusive um repórter se tratar.
Agora, os papéis se inverteram. Quem está no centro do furacão é Lula e Dilma, envolvidos em vários casos de gatunagem e a segunda próxima de sofrer um processo de impeachment.
E o que Sarney disse até agora em defesa de Lula e Dilma? Nada! Está em completo estado de silêncio. Até o governador Flávio Dino, a quem Lula deu uma punhalada nas costas tirando-lhe o PT em 2010 para favorecer o clã, disse que não há provas que incriminem o ex-presidente e também não há justificativas para a saída de Dilma. Já Sarney e seu grupo, nenhuma nota sequer de apoio aos companheiros…
O que Sarney faz é adotar uma posição de neutralidade diante da crise instalada no governo, fica em cima do muro observando o momento certo de dá o bote (isto é, pender para o lado que vencer). Ele dividiu seus aliados no PMDB em duas frentes: Roseana, a filha, e o senador Lobão estão no time que defende o rompimento com Dilma/Lula e a saída do governo.
Na outra ponta, está o senador João Alberto, escalado por Sarney para defender o governo petista, baseado no argumento da lealdade com a presidente. Nada mais que uma forma de o grupo Sarney não perder os cargos federais no Maranhão.
Caso Dilma seja afastada, Sarney prospecta a possibilidade de Roseana virar ministra no governo de Michel Temer. Já na eventualidade da presidente permanecer, João Alberto pode também assumir um ministério. Ou indicar algum aliado em comum acordo com Sarney.
Enfim, Dilma ficando ou não no cargo, Sarney ganha de todo jeito. Pouco importa para ele os apelos desesperados do “amigo” Lula.
Em tempo: Sarney, desde que deixou o Poder – não a política – mantém uma sala num edifício empresarial no setor hoteleiro Norte, para despachar com amigos e visitantes variados.
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