Lula afirmou que só sairia de casa algemado, diz PF
Em um documento divulgado neste domingo, o delegado da Polícia Federal Luciano Flores de Lima afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusou, a princípio, a deixar seu apartamento, em São Bernardo, para prestar esclarecimentos à PF, na última sexta-feira, durante a 24ª fase da Operação Lava Jato. Segundo o jornal O Globo, Lula disse que queria ser interrogado pela PF em sua casa e que só sairia de lá algemado. Depois de conversar com seu advogado Roberto Teixeira, porém, ele concordou em ser levado para o Salão Presidencial do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
De acordo com o Globo, o delegado também afirma no documento, enviado ao juiz Sergio Moro, que parlamentares tentaram entrar na sala onde Lula prestou depoimento e que os advogados do ex-presidente gravaram em áudio e vídeo toda a conversa dele com a PF, que durou três horas. Lima diz que chegou ao apartamento de Lula às 6 horas e que entregou os mandados de busca e apreensão para que ele lesse.
“Informei ao ex-presidente Lula que deveríamos sair o mais rápido possível daquele local, em razão da necessidade de colhermos suas declarações, a fim de que sua saída do prédio fosse feita antes da chega de eventuais repórteres e/ou pessoas que pudessem fotografar ou filmar tal deslocamento. Naquele momento, foi dito por ele que não sairia daquele local, a menos que fosse algemado. Disse ainda que se eu quisesse colher as declarações dele, teria de ser ali. Respondi então que não seria possível fazer sua audiência naquele local por questões de segurança”, diz o documento, segundo o Globo.
Lima então disse a Lula que tinha um mandado de condução coercitiva, caso o ex-presidente se recusasse a acompanhá-lo. Lula falou com seu advogado e deixou o prédio por volta das 6h30. Após o depoimento, Lima diz ter oferecido segurança da PF para acompanhar Lula na saída do Aeroporto, proposta que o ex-presidente negou, dizendo que “preferiria sair dali com seus companheiros de partido e seus advogados, em veículo próprio”.
Defesa – Mais cedo, neste domingo, os advogados de Lula, Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins,divulgaram um comunicado repudiando a condução coercitiva do ex-presidente. “Houve, inegavelmente, grave atentado à liberdade de locomoção de um ex-presidente da República sem qualquer base legal”, disseram os advogados, classificando o mandado de condução coercitiva como “arbitrário”. “A tentativa de vincular Lula a ‘esquema de formação de cartel e corrupção da Petrobras’ apenas atende anseio pessoal das autoridades envolvidas na operação, além de configurar infração de dever funcional”.
Teixeira e Martins ressaltaram que o ex-presidente já prestou dois depoimentos à Polícia Federal e um ao Ministério Público Federal, e que em nenhum deles houve confrontos ou risco à ordem pública porque foram marcados e realizados de forma adequada. Os advogados afirmaram, ainda, que a condução coercitiva é uma medida que cerceia a liberdade de ir e vir, e que “jamais poderia ter sido requerida ou autorizada nos termos em que se deu”.
(Da redação Veja)
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