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Lobão escolhe Jucá, homem que tentou barrar a Lava Jato, como relator da reforma trabalhista

Contrariando o interesse da grande maioria dos brasileiros, o senador e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Edison Lobão (PMDB-MA) está realmente interessado em garantir com rapidez a aprovação da reforma trabalhista proposta pelo governo Michel Temer (PMDB), ainda que, de acordo com consulta pública realizada pelo próprio Senado Federal na plataforma e-cidadania, mais de 95% dos trabalhadores rejeitem a reforma, já que ela vai alterar mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Para dar mais celeridade à aprovação da reforma e atender as diretrizes do presidente Temer e do seu partido, Lobão indicou, nesta quinta-feira (4), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) como relator da reforma na CCJ.

A escolha de Jucá sinaliza uma postura mais alinhada aos planos do governo em aprovar o projeto. Havia o temor de que Lobão entregasse a relatoria a outro aliado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um crítico de Temer e de sua agenda de reformas.

De acordo com a revista Veja, Romero Jucá tentou uma manobra para a reforma trabalhista cumprir tramitação-relâmpago, sendo aprovada com mais velocidade no Senado.

Ele articulou para o projeto ser apreciado apenas pela CCJ, e em seguida, chegar ao plenário com selo de urgência. Mas Jucá não obteve sucesso, já que sua estratégia foi barrada pelo presidente e vice do Senado.

Não é de hoje que Jucá figura como nome estratégico do partido de Edison Lobão para articular no parlamento as manobras da gestão Temer.

Investigados por corrupção

É importante lembrar que tanto Lobão quanto Jucá articulam a aprovação da reforma trabalhista, que deve incidir diretamente na vida do trabalhador comum, enquanto são alvos de investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Lava Jato, por recebimentos de propina da Odebrecht. Só Lobão teria recebido R$ 5,5 milhões da construtora.

Ao lado de Aécio Neves (PMDB-MG), Jucá é o político que mais acumula pedidos de abertura de inquéritos após delações premiadas da Odebrecht: cinco ao todo. Procuradores sustentam que o parlamentar teria recebido para atuar de acordo com interesses da Odebrecht no Congresso Nacional.

Líder do governo no Senado, Jucá recebeu propina da Odebrecht sob os codinomes “Caju”, “Aracati” e “Cerrado”, e teria angariado ao todo, cerca de R$ 7,7 milhões em propinas.

“Estancar a sangria”

Jucá foi ainda um dos principais articuladores do Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Após o afastamento de Dilma, e já com Temer definindo seus ministérios, o senador foi alçado ao cargo de ministro do Planejamento.

No entanto, o vazamento de conversas telefônicas entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, revelou que o senador sugeriu um pacto para barrar a Operação Lava Jato, ou como ele disse, “estancar a sangria”. Ele acabou pedindo exoneração com apenas duas semanas à frente do cargo.

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