Livro “Othelino: um herói da imprensa livre” será lançado nesta terça na Assembleia Legislativa
O livro “Othelino: um herói da imprensa livre” – biografia de Othelino Nova Alves (1911-1967), jornalista maranhense assassinado em São Luís no dia 30 de setembro de 1967 – será lançado nesta terça-feira (15), às 18h, no Hall do Plenário Nagib Haickel, na Assembleia Legislativa.
A obra, de autoria do jornalista Manoel Santos Neto, que conta com prefácio escrito pelo poeta Cunha Santos, é um Livro-Reportagem de 250 páginas, dividido em 28 capítulos. O livro foi idealizado por Othelino Filho, jornalista cearense, nascido em Sobral, que aos 17 anos de idade veio para o Maranhão com o firme propósito de entender a razão do assassinato de seu pai em São Luís.
No ano de 2008, Othelino Filho fez uma visita ao Jornal Pequeno, onde solicitou ao jornalista Manoel Santos Neto que o ajudasse a escrever um livro sobre a atribulada saga de seu pai.
Othelino Filho adoeceu e, pouco antes de falecer, disse que um dos grandes sonhos de sua vida era a publicação do livro biográfico de seu pai. O jornalista Manoel Santos Neto, de pronto, firmou este compromisso com ele. E, para escrever o livro, teve de valer-se de acuradas pesquisas nos acervos do Arquivo Público do Estado e da Biblioteca Benedito Leite.
O autor realizou também entrevistas com figuras que conviveram com o personagem central do livro, recolhendo testemunhos e depoimentos de Milson Coutinho, Elói Cutrim, Jersan Araújo, Aldir Dantas, Luis Vasconcelos, Haroldo Silva, Sálvio Dino, Nauro Machado, Ademário Cavalcante, José Ribamar Rocha Gomes (Gojoba) e outros entrevistados.
Após mais de 12 anos de pesquisa, iniciada em 2008, o jornalista Manoel Santos Neto conseguiu reunir as condições para agora poder lançar ‘Othelino: um herói da imprensa livre’, primeiro volume de uma série de 12 livros-reportagem intitulada ‘Valha-me Deus! Notícias que não publiquei’.
Sobre o personagem biografado:
Othelino Nova Alves nasceu no dia 15 de outubro de 1911, no bairro da Jordoa, em São Luís. Como jornalista, advogado e ativista político, marcou uma época no Maranhão. Conta-se que ele, mais passional que a maioria de seus contemporâneos, trazia em si um temperamento político evidente e não suficientemente realizado.
Além de dirigente da Federação Nacional dos Jornalistas e da Associação Brasileira de Imprensa, foi fundador e presidente do PTN (Partido Trabalhista Nacional). Sonhava ser um representante do povo do Maranhão na Assembleia Legislativa do Estado.
Mas a personalidade forte do crítico, com uma visão pessoal, frequentemente restritiva, levou-o a assumir posição marcadamente polêmica em face de inúmeros episódios ocorridos em seu redor nos tempos de sua juventude e maturidade.
No cenário político e jornalístico, ficaram as marcas inapagáveis de seu desempenho profissional, pela brilhante e aguerrida atuação em relevantes cargos na área da comunicação e como cronista e redator em diversos periódicos e jornais da capital maranhense.
Ao iniciar sua militância como homem de jornal, Othelino, com a personalidade forte de um crítico implacável, logo se inclinou por um tom combativo, que decorria de suas virtualidades políticas.
E logo passou a escrever contra as injustiças e desigualdades sociais que dominavam o Maranhão daqueles tempos.
Ao longo de sua carreira profissional, Othelino abriu duas frentes de combate, com todo o vigor de que seria capaz: uma, como cronista, escrevendo regularmente na imprensa em tom polêmico; outra, mais ampla, mais profunda, como jornalista profissional e estudioso de Direito.
Para escrever seus artigos e suas reportagens, contava, já, com um perfeito instrumento de expressão – o estilo direto, objetivo, essencialmente factual, que despojava de excessos vulgares o texto de jornal. E assim foi um dos grandes cronistas do Jornal Pequeno, de seu amigo Ribamar Bogéa.
Mas Othelino, diga-se de passagem, não era um amigo fácil. Afirmativo, dizia em voz alta o que pensava. Sabia discordar. Ou melhor: não sabia. Porque obedecia, na hora da discordância, aos seus impulsos de sinceridade veemente.
Daí resultava que, para ser mesmo seu amigo, era necessário que houvesse uma afinidade ostensiva, notadamente no plano político.
E foi assim que ele travou, em São Luís, uma dura luta contra os poderosos de então. E foi assim que ele, aos 55 anos de idade, foi barbaramente assassinado, no dia 30 de setembro de 1967. Após a sua morte, erigiu-se um busto no local em que tombou atingido por disparos de uma arma de fogo, no cruzamento da Rua de Nazaré com a Praça João Lisboa.
Othelino foi advogado de todos os partidos trabalhistas que se organizaram no Brasil. Paradoxalmente, na ditadura Vargas, ele desapareceu certo dia e, só meses depois, foi encontrado, pele e osso, no porão de uma das celas da ditadura, onde foi acerbamente torturado.
Ao defender as liberdades, os humildes e oprimidos, sofreu inúmeras agressões também fora do Estado do Maranhão, como no Ceará, Pará, Piauí e Amazonas, onde um ex-governador teria sido o autor intelectual do atentado. No Ceará, foi um senador da República. No Maranhão, as elites que não concordavam com as denúncias que fazia sobre a corrupção, com a pena desassombrada.
Othelino usou a praça e os tribunais para defender os humildes e acusar os poderosos que, na calada da noite, usavam de maquinações as mais espúrias, autoritarismo, prepotência e truculência muito comuns naquela época.
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