Julião Amim, brizolistas e ex-pedetistas buscam recriar PTB no Maranhão
O PTB está de volta. Ou, ao menos, tentando renascer. Menos de um mês após o fim do partido, devido à fusão com o Patriota, a legenda está em processo para ser recriada. Desta vez, abrigando brizolistas que defendem que a sigla volte às suas origens de quando foi casa dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e de Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deu aval para que brizolistas comecem a coletar assinaturas para recriar o PTB. A sigla já consta no rol do tribunal como partido em formação e vai precisar levantar, dentro de um prazo de dois anos, 500 mil assinaturas.
Quem está à frente da recriação da sigla é o ex-deputado constituinte Vivaldo Barbosa, que foi secretário da Justiça de Brizola durante seu primeiro mandato no Executivo fluminense, em 1983. Segundo o brizolista, a ideia é fazer com que o PTB volte a ser um partido trabalhista.
No Maranhão, o ex-deputado pedetista, Julião Amin está à frente da presidência da Primeira Comissão Provisória do PTB no Estado, que terá a responsabilidade de instalar o diretório do partido, organizá-lo nos municípios, promover seminários e divulgar seu programa e estatuto. “Inspirados pelos ideais nacionalistas de Vargas, Brizola, João Goulart, Jackson Lago, dentre outros, refundamos o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que será um instrumento de liberdade e defesa de nossa gente”, diz Julião.
Participam também o ex-deputado estadual e um dos fundadores do PDT no Maranhão, Rubem Brito, ex-membros do governo Jackson Lago, prefeitos, ex-deputados federais, familiares de Leonel Brizola, de Neiva Moreira, além de grandes lideranças políticas do país.
A sigla ficou vaga após o PTB se fundir com o Patriotas, criando assim o PRD (Partido da Renovação Democrática). A fusão, autorizada no início deste mês pelo TSE, foi a forma que os partidos encontraram para tentar sobreviver à cláusula de barreira.
Nenhum dos dois teve desempenho suficiente na eleição à Câmara dos Deputados para garantir o acesso aos fundos partidário e eleitoral e, por isso, decidiram se unir.
Quem está à frente da recriação do PTB é o ex-deputado constituinte Vivaldo Barbosa, que foi secretário da Justiça de Brizola durante seu primeiro mandato no Executivo fluminense, em 1983. Segundo o brizolista, a ideia é fazer com que o PTB volte a ser um partido trabalhista.
“Já somos partido registrado no cartório, a sigla é nossa. Só nós podemos usar o PTB”, disse Barbosa, que será o presidente da legenda. “Vamos recuperar o trabalhismo de verdade.”
Em 2020, sob a presidência de Roberto Jefferson, o partido trocou as cores de sua bandeira, deixando para trás o vermelho, branco e preto, para assumir o verde e amarelo —uma referência ao alinhamento ideológico com Bolsonaro. Também passou a adotar o lema “Deus, Família, Pátria e Liberdade”.
Agora, com o processo de recriar o partido, já há um novo estatuto para o PTB. O documento define que a sigla retomará seu símbolo nas cores originais, divididas em três listras verticais com o nome do partido escrito no meio.
O estatuto também estabelece que o novo PTB vai “se inspirar nos princípios de democracia, do nacionalismo, do trabalhismo e do socialismo e na prática da República”.
O novo diretório do PTB também deve tentar manter o número do partido nas urnas, o 14. Essa definição, porém, só será feita depois de a sigla conseguir todas as assinaturas necessárias.
Herdeiros do legado de Brizola
“Vamos contatar brizolistas em todo o país e conseguir a volta do partido que reunirá pensadores do trabalhismo, que é o melhor que o Brasil tem”, disse Vivaldo Barbosa, ex-secretário da Justiça de Brizola no governo do Rio. Ele também foi deputado federal pelo PDT, participando, inclusive, da Assembleia que elaborou a Constituição de 1988.
Para a empreitada, Barbosa já tem o apoio de dois integrantes da família Brizola: João Leonel Brizola Sobrinho e Leonel Brizola Neto.
Segundo ele, as eleições municipais de 2024 serão importantes para coletar assinaturas e apoiar prefeitos e vereadores para fortalecer a sigla.
Há também a participação dos netos de Leonel Brizola enquanto Carlos Daudt Brizola, ex-ministro do Trabalho do governo Dilma, e Juliana Brizola, deputada estadual no Rio Grande do Sul, fazem parte do PDT, Leonel Brizola Neto já é membro do novo PTB.
“É um reencontro com a história. Era uma tristeza ver o partido como uma antítese de sua própria origem. É um momento que envolve muita emoção por causa do meu avô e um momento para o trabalhismo no Brasil e no mundo”, afirma Leonel Brizola Neto.
Vivaldo diz que, após ter feito campanha política para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, o PTB está naturalmente ligado à base do governo. Leonel Brizola Neto também diz que o partido estará governo Lula, mesmo que aconteçam discordâncias entre pautas dos partidos.
O ex-PTB
O antigo PTB — que hoje é o PRD, da fusão com o Patriota — era comandado por Roberto Jefferson.
Conforme mostrou na época da fusão entre os dois partidos, a negociação envolveu um pedido para que Jefferson – presidente de honra daquele PTB — nem sua filha, Cristiane Brasil, como também o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fizessem parte da nova legenda. Nos últimos anos, o partido já vinha lidando com brigas internas, que envolviam a retirada e o retorno de Jefferson ao comando do antigo PTB.
As aprovações internas do PTB e do Patriota para a fusão das duas siglas se deram três dias depois de Jefferson ter atirado com um fuzil contra policiais federais que cumpriam uma ordem de prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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