Julho das Pretas realiza mobilizações durante todo o mês com programação no MA
Esta é a 9ª edição do Julho das Pretas, uma ação de incidência política que movimenta ativistas negras em todo Brasil em torno de uma agenda conjunta de ações, proposições, denúncias e reivindicações. A escolha desse mês se dá pelo dia 25, quando se comemora o Dia de Tereza de Benguela, o Dia Nacional da Mulher Negra e o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Afro-Caribenha. No Maranhão, diversos coletivos realizam atividades online e presencial.
As organizadoras destacam como a pandemia de Covid-19 impactou de modo desigual a população negra, mas que o descaso já era expresso em vários indicadores sociais e econômicos do Brasil ao longo de séculos. A pandemia do COVID-19 expõe de forma mais violenta o racismo estrutural, o patriarcado e o genocídio. Por isso, o tema central do Julho das Pretas desse ano é “Para o Brasil Genocida, Mulheres Negras Apontam a Solução!”,
Para Vinólia Andrade, coordenadora adjunta do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, atual secretaria executiva da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, o genocídio perpetrado pelo Estado brasileiro contra população negra é histórico. “A vida de negras e negros nesse país é resistir. Nos foi negado até por meio legais o acesso à educação, trabalho descente, terra, moradia, saúde dentre outros direitos. E passado tanto anos, seguimos com violência policial, feminicídio, conflitos agrários, racismo religioso, empobrecidas e sem representatividade política. Nessa edição, denunciamos o genocídio e resgatamos o que temos oferecido de experiências, proposições políticas, epistemologias etc. para a construção de um novo projeto de país, sem racismo, sexismo, lesbo-bi-trans-fobia e com Bem Viver”, afirma Vinólia Andrade.
A programação exalta as capacidades das mulheres negras e estimula a reflexão sobre as soluções possíveis para o estabelecimento de uma sociedade mais justa, livre do racismo e das desigualdades. No Maranhão, a agenda traz a valorização das religiões de matriz africana, debates sobre vários aspectos da vida, luta e bem viver das mulheres negras, representação política, saúde mental, dignidade menstrual, invisibilidade e violência no campo que afeta mulheres negras quilombolas e trabalhadoras rurais, saúde das trabalhadoras domésticas, vivências terapêuticas e artísticas, oficinas de sotaque de zabumba e de segurança digital, feminicídio e insegurança alimentar, dentre outros. Segundo as organizadoras, com a devida segurança, também são planejados atos públicos, com marcha, vigília e intervenções. Já no dia 25 de julho, a Ciranda das Pretas será online, com aproximadamente 10 horas de programação artística, educativa e cultural no perfil Julho das Pretas, no Facebook.
Histórico – O Julho das Pretas é uma estratégia de incidência política organizada através de uma agenda coletiva que reúne ações de diversos movimentos de mulheres negras do Brasil, alusiva ao 25 de Julho. Criado em 2013, pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, Salvador, o Julho das Pretas ganhou a Região Nordeste através da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, e tem se multiplicado em cores, sotaques, arte e política, mostrando que são as mulheres negras que dão a tônica das transformações sociais.
No Maranhão, o Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa articula a realização do Julho das Pretas desde 2013. Nesta 9ª edição, participam Rede de Mulheres Negras do Maranhão (REMNEGRA), Mulheres de Axé do Brasil – Núcleo Maranhão, Centro de Cultura Negra do Maranhão, Sindicato das Trabalhadoras Domésticas, Grupo de Estudos sobre Feminismos Negros Marielle Franco, Marcha Mundial das Mulheres/Maranhão, Movimento Negro Unificado – MNU/MA, UNEGRO/MA, União Brasileira de Mulheres – UBM/MA, Francinete Braga (Programa Três Tons no Instagram), Instituto Papo de Pret@s, Ilê Ashé Ogum Sogbô, Instituto Valdenia Menegon (Caxias), Coletivo Bantu Kunlê, Instituto Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) – ANPSINEP.
Veja a agenda Agenda Julho das Pretas – 2021 – MA
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