Única boia salva-vidas para a candidatura de sua filha, a manutenção do mandato do presidente Michel Temer (PMDB) foi comemorada pelo oligarca José Sarney. Temer foi absolvido no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira (9). Nesta segunda-feira (12) o “novo fôlego” dado ao impopular governo Temer foi o assunto em destaque no jornal O Estado do Maranhão, um dos principais veículos midiáticos de propriedade do clã Sarney. Uma eventual candidatura de Roseana Sarney em 2018 pode depender da sustentação de Temer na Presidência até o fim do mandato para articular a máquina federal em seu benefício durante a campanha.

Essa seria a segunda eleição em que Roseana não contaria com o apoio do Palácio dos Leões. Em 2006 ela não era governadora e perdeu as eleições para Jackson Lago. Foi preciso que seu pai intervisse no TSE para, no tapetão, garantir a cassação do mandato de Lago em 2009.

Roseana Sarney (PMDB) ainda não decidiu se lança candidatura ao governo do Maranhão e tudo indica que ela não sairá ao Senado, já que seu irmão, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), realizou no início deste mês o pré-lançamento oficial da campanha por uma vaga na Câmara Alta. Até a possibilidade de uma candidatura de Roseana para deputada estadual já foi especulada, mas o cenário é incerto e o grupo Sarney vem demonstrando fraqueza e esfacelamento.

A oligarquia Sarney não dispõe de nenhum outro nome na disputa contra a possível candidatura de Flávio Dino (PCdoB) à reeleição e tem como mais um empecilho para as eleições gerais de 2018 o atual cenário político nacional, já que o grupo é declaradamente apoiador de Temer, que mesmo antes de ser alvo de inquérito no STF, acusado dos crimes de corrupção, organização criminosa e obstrução à justiça, já contava com 87% de rejeição popular.

Cabe ainda ao velho Sarney desenhar os rumos políticos do seu grupo. Mesmo afastado de cargos políticos desde 2014, o ex-presidente é apontado como principal conselheiro de Michel Temer na atual crise. Viriam de Sarney as coordenadas para Temer não renunciar em hipótese alguma (já que perderia foro privilegiado e poderia até ser preso na Justiça comum), e as movimentações estratégicas no Congresso, na troca de ministros e no judiciário. A intenção de Sarney: garantir boa sombra para sua filha e seus aliados nas eleições do próximo ano.