Após tentativa de agressão, João Alberto admite denúncia contra senador do PT
Dois dias depois do plenário do Conselho de Ética arquivar o pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra as senadoras que ocuparam a Mesa do Senado, o presidente do órgão, senador João Alberto de Souza (PMDB-MA), acolheu nesta quinta-feira um outro pedido de abertura de processo disciplinar, desta vez contra o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O senador José Medeiros (PSD-MT) é o autor da ação contra o senador petista e também da ação contra as senadoras que ocuparam a Mesa.
Na última terça-feira João Alberto foi acuado por Lindbergh que partiu para cima dele, aos gritos e bradando a mão na direção do seu rosto, impedindo que prosseguisse a sessão de julgamento da ação de autoria do senador José Medeiros (PSD-MT), contra as senadoras Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Regina Sousa (PT-PI), Lídice da Mata (PSB-BA) e Ângela Portela (PDT-RR).
Durante a sessão de julgamento, quando João Alberto anunciou que sortearia o relator, Lindbergh, muito exaltado, irrompeu para cima de João Alberto e, a alguns centímetros do seu rosto, gesticulando muito gritou que não aceitaria que a sessão continuasse.
— O senhor não tem autoridade para continuar isso! — gritou Lindbergh.
Sentado ao lado de João Alberto, encolhido na cadeira sem dar um pio, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) se levantou e enfrentou Lindbergh.
— Não bata nele não! Toca nele para ver. Se não respeita os colegas, respeite a idade dele, moleque! — contra-atacou Petecão.
Sem se acalmar, os dois ficaram trocando insultos, a centímetros de se pegarem.
— Você é corajoso né? Mas só para cima de mulher. Não vou permitir que isso aconteça. É uma palhaçada! — continuava gritando Lindbergh, que só se acalmou depois de puxado pelo senador Humberto Costa (PT-PE).
Depois do bate-boca o plenário do Conselho aprovou requerimento de Humberto Costa pedindo o arquivamento do caso contra as senadoras mulheres.
A nova ação protocolada ontem por José Medeiros e admitida hoje por João Alberto ,segundo o presidente, se sustenta por indícios de quebra de decoro e o próximo passo é nomear um relator.
Em nota, Lindbergh disse que a denúncia é “ridícula”, acrescentando que o Conselho de Ética está “desmoralizado” por ter arquivado um pedido de cassação do mandato de Aécio Neves (PSDB-MG).
A denúncia
A denúncia foi apresentada pelo senador José Medeiros (PSD-MT), mesmo parlamentar que apresentou a denúncia contra as oposicionistas que ocuparam a mesa do Senado para protestar contra a reforma trabalhista.
Na reunião em que essa denúncia foi arquivada, Lindbergh tomou a palavra para dizer que o caso era “uma palhaçada”. O petista, então, bateu-boca com os senadores Gladson Cameli (PP-AC), Airton Sandoval (PMDB-SP), Sérgio Petecão (PSD-AC) e com o próprio João Alberto.
Aos gritos, Lindergh dizia que era um “absurdo” o Conselho de Ética processar as senadoras sendo que havia arquivado um pedido de cassação do mandato de Aécio Neves (PSDB-MG).
O tucano foi acusado de ter pedido e recebido dinheiro de propina de Joesley Batista, dono da JBS.
Segundo a assessoria do presidente do conselho, será marcada uma reunião, ainda sem data prevista, para a escolha do relator da denúncia contra Lindbergh.
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